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07/10/2015

Priorizar a valorização profissional e a educação

No quarto e último painel do IX Congresso Nacional dos Engenheiros (Conse), nesta quarta-feira (6/10), em Campo Grande (MS), discutiu-se a valorização profissional e a engenharia brasileira com o Gerente Regional do Centro-Oeste do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), Jary de Carvalho e Castro, o professor da Escola de Engenharia da Universidade Federal Fluminense (UFF), Marco Aurélio Cabral Pinto, e o coordenador de Relações Sindicais do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), José Silvestre Prado de Oliveira.

Castro, na sua apresentação, mostrou as ações do conselho em prol do exercício profissional de mais de um milhão de engenheiros em todo o Brasil, das mais variadas áreas, como agronomia (187 mil), agrimensura (23 mil), civil (340 mil), elétrica (453 mil), mecânica e metalurgia ((257 mil), entre outras. Entre elas está a atuação junto ao Congresso Nacional acompanhando projetos de interesse da categoria, como o que cria a carreira de estado em todos os níveis de governo (PLC 13/2013) para os engenheiros e agrônomos.


Foto: Marcelo Kanashiro
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Último painel do IX Conse discutiu valorização profissional e educação
 

Segundo ele, o sistema também está preocupado com a situação de instabilidade política e a crise econômica, no País, que tem prejudicado sensivelmente a área de engenharia, causando desemprego de muitos profissionais. Da mesma forma, a atualidade do Confea também se reflete no debate de temas emergentes como o da inovação e as perspectivas para os setores elétrico e hídrico. Castro informou, ainda, a campanha nacional “Projeto completo garante uma boa obra! Contrate um engenheiro” que o conselho vem desenvolvendo junto as mais de cinco mil prefeituras brasileiras, evidenciando as atribuições e a importância da contratação dos engenheiros.

O dirigente mostrou, também, as ações que o conselho vêm promovendo com entidades internacionais do setor, criando uma integração profissional com países da América Latina (União Panamericana de Associações de Engenheiros – Upadi) e de Portugal.

Educação libertadora
O professor da UFF destacou a importância de o País pensar a educação que quer oferecer aos brasileiros que, para ele, deve ter o objetivo de criar cidadãos conscientes e independentes na observação e análise da realidade. “Devemos trabalhar uma educação a partir do conceito de independência intelectual sem o foco na perspectiva de mercado e sem trazer modelos educacionais de outros países. Precisamos formar o nosso modelo a partir do próprio povo brasileiro.”

Essa educação, explica Cabral Pinto, tem duas bases fundamentais, são elas: desenvolver a capacidade de aprender a aprender, relacionando conhecimentos sobre a realidade; e de extrair aprendizado com os contraditórios. “É pensar na conscientização desse indivíduo sobre a história, aprendendo a ler a realidade e a se mover, com confiança, nessa mesma realidade.”

Perfil profissional
Na sequência, o técnico do Dieese apresentou a pesquisa que traçou o perfil dos profissionais de engenharia no Brasil a partir do ano de 2003 até 2013, onde foram tratados, exclusivamente, os profissionais com vínculo empregatício (Consolidação das Leis do Trabalho ou estatutários). O estudo foi encomendado pela Federação Nacional dos Engenheiros (FNE) e mostra uma expansão de 87,4% nos empregos formais no setor, saindo de 127,1 mil para 273,7 mil postos com carteira assinada no País. O crescimento foi superior ao crescimento do emprego geral no Brasil nesta década, que foi de 65,7%.

Todavia, dados de movimentação do emprego formal do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) já apontavam relativo desaquecimento do mercado de trabalho formal para os profissionais. Em 2013, foram gerados 2,8 mil postos de trabalho, 4,6 mil a menos do que em 2012, quando haviam sido criados 7,4 mil. Já em 2014, o saldo entre admitidos e desligados foi negativo, com perda de mais de 3 mil empregos. E dados de janeiro a agosto deste ano, mostram uma perda ainda maior na ordem de menos 12.230 postos de trabalho, com 28.053 admissões contra mais de 40 mil demissões.

A década observada, explica Silvestre, é o período de maiores investimentos públicos e privados e de expansão do Produto Interno Bruto (PIB), com estímulo à produção, ao incremento da infraestrutura nacional, da oferta de crédito e de políticas de distribuição de renda, o País pôde prosperar e isso se refletiu diretamente no emprego da categoria.

A pesquisa mostra que a distribuição regional do emprego – tanto dos engenheiros quanto do total de empregados formalmente vinculados – não apresentou alterações significativas no decorrer da década 2003-2013: em ambos os momentos, a maior parte dos vínculos concentra-se na região Sudeste. No caso dos engenheiros, quase dois terços dos 273,7 mil postos de trabalho em 2013 – 61,5% – estão localizados no Sudeste; 14,4% na região Sul; e 13,3% na Nordeste. Nas regiões Norte e Centro-Oeste estão 10,7% dos empregos desses profissionais.

Considerando-se as diversas modalidades, os engenheiros civis foram os que mais contribuíram para o crescimento do emprego formal no período. Dos cerca de 127 mil postos gerados entre 2003 e 2013, quase 38 mil o foram nessa especialidade. O segundo grupo mais relevante foi o dos engenheiros industriais, de produção e de segurança, com mais de 25,5 mil ocupações criadas, seguidos dos engenheiros mecânicos, com 16,6 mil. Os postos de trabalho criados nessas três famílias ocupacionais responderam por quase 80 mil empregos a mais, ou seja, 62,6% do crescimento do emprego formal da engenharia entre 2003 e 2013.

Apesar de ser uma categoria majoritariamente masculina – em 2013, os homens representavam 79,2% do total dos profissionais da engenharia empregados no Brasil –, as mulheres engenheiras vêm aumentando sua participação ao longo do período analisado. Em 2003, representavam 16,8% do total de profissionais; em 2009, já eram 18,7%; e em 2013, chegam a 20,8%.

Rede da tecnologia e inovação
Sérgio Gonçalves Dutra, da MZO Interativa, empresa de São Carlos (SP), falou sobre a criação da Rede da tecnologia da FNE cujo intuito é conectar mais de um milhão de profissionais da tecnologia para terem acesso a uma série de conteúdo e informação organizada e ágil num ambiente seguro. Os benefícios, como explica Dutra, do sistema são diversos, como permitir ao profissional interagir mais e se aproximar das suas entidades representativas, assim como ampliar oportunidades de emprego e acesso à educação. Ele resumiu a nova ferramenta digital dos engenheiros: “Vamos usar a tecnologia a serviço da comunidade com grande criatividade.”

Fechando o painel, o diretor geral do Instituto Superior de Inovação e Tecnologia (Isitec), Saulo Krichanã, apresentou a palestra “Inovação e educação”, mostrando como está estruturada a faculdade mantida pelo SEESP, que iniciou seu primeiro ano letivo em fevereiro último. Ele falou sobre conceitos de inovação lembrando a genialidade de Leonardo da Vinci, “que tinha um conhecimento sobre tantas coisas em pouco tempo e que levou ao extremo a história de perguntar e questionar”. E relacionou: “É nesse DNA que vem esse negócio de inovação, que combina a invenção, a ideia e a descoberta.”

Segundo ele, inovação é tudo aquilo que chega ao mercado, que é feita de forma planejada, ainda que gerada casualmente, e que implica em impactos tangíveis e, sobretudo, em impactos inatingíveis sobre a ordem das coisas até então prevalecente.

Krichanã explicou que a inovação exige observação, conhecimento, projeto, avaliação e negócio. “A nossa matéria-prima no Isitec é o estudante inquieto e inconformado. Da mesma forma, quem ensina precisa ser provocador e emulador, professor e facilitador e integrado e antenado.”

Na matriz curricular da instituição de ensino dos engenheiros constam formações básica, técnico científica, em engenharias, empresarial e aprofundamento profissional. A carga total é de 4.620 horas em cinco anos. Atualmente o Isitec está com 33 alunos e já se prepara para abrir as inscrições para a segunda turma do curso de Engenharia de Inovação.

 

 

Rosângela Ribeiro Gil
Imprensa SEESP









 

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