O engenheiro industrial mecânico e de segurança do trabalho, Antonio Carlos Silva dos Santos, diretor adjunto da Associação Paulista de Engenharia de Segurança do Trabalho (Apaest), tece algumas observações sobre segurança a partir do acidente ocorrido na cervejaria Heineken, no dia 28 de janeiro, em Jacareí (SP), quando uma caldeira explodiu, matando quatro trabalhadores.
Santos esclarece que não visitou o local, mas acompanhou todas as notícias sobre o incidente pela imprensa. A partir disso, ele levantou as seguintes informações: houve um vazamento na caldeira; três caldeiras antigas, que estavam fora de funcionamento há quase 10 anos, estavam sendo reativadas, em substituição de outras três caldeiras mais recentes, com objetivo de economia; a caldeira que explodiu passava por manutenção, e estava sendo transformada para mudança do tipo de combustível usado para o aquecimento, e seria alterada de óleo para gás; o acidente aconteceu na realização dos testes de funcionamento; a Heineken utiliza serviços de terceirizadas para realizar a manutenção das caldeiras; e um dos entrevistados informou que a manutenção da caldeira estava sendo realizada com o equipamento em funcionamento.
O especialista, contudo, diz que faltam dados importantes, ainda não divulgados, sobre a caldeira acidentada. “É necessário sabermos sobre o equipamento: classificação, modelo, capacidade, dimensões, combustível, tempo de uso, pressões”, observa. E completa: “Quando ocorre a explosão de uma caldeira significa que o ambiente do equipamento deixou de ser controlado e as técnicas da engenharia de segurança do trabalho foram desprezadas.”
O uso de tal equipamento, explica Santos, oferece perigos decorrentes de superaquecimento, falta de água, escolha inadequada do material utilizado na construção da caldeira, acúmulo de gases, manutenção inadequada, tempo de uso ultrapassado, mão de obra não devidamente qualificada, falta de sistema de controle, de dispositivos de segurança e de inspeção. A caldeira, prossegue, também pode sofrer abalos com a mudança de combustível alterando o projeto inicial. Ele adverte que, frequentemente, as empresas não seguem a curva de aquecimento e de resfriamento de uma caldeira, provocando danos à estrutura.
Segundo Santos, as principais medidas de segurança começam com a conscientização e envolvimento de todo corpo diretivo da empresa, planejando e projetando o equipamento dentro das melhores e mais seguras condições, treinando, qualificando e protegendo os funcionários, o patrimônio, o equipamento e a vizinhança.
Rosângela Ribeiro Gil
Imprensa SEESP
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