Em reunião na quinta-feira (19/05), na sede do sindicato, em São Paulo, o Conselho Assessor de Transportes e Mobilidade Urbana do Conselho Tecnológico do SEESP colocou em pauta um tema ainda polêmico e de pouca compreensão para o conjunto da população na Capital: a redução da velocidade nas vias. Implementada pelo governo municipal ao final de 2015, a medida foi explicada pelo arquiteto e urbanista Tadeu Leite Duarte, diretor da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). Segundo ele, o objetivo precípuo era diminuir o número de acidentes, o que já vem se verificando. “Entre 2010 e 2014, houve no município 5.943 mortes e 159.168 feridos. As marginais apareciam como as campeãs de acidentes, com 73 mortes.” Com a mudança na velocidade, aponta o técnico, a diminuição foi de cerca de 35%. “A meta é chegar a 50%.” De acordo com sua informação, “começamos com 19 mortes por 100 mil habitantes e hoje estamos em 8,2. E a curva é decrescente. A meta é chegar a seis (índice considerado aceitável pela Organização das Nações Unidas)”. Duarte enfatizou também que o impacto econômico garantiria a liberação de 600 leitos hospitalares/dia.
Duarte lembrou que a alteração feita não se deu de uma hora para outra, sem prévio aviso. “Informamos desde 2014.” Além disso, o diretor da CET citou exemplos de reduções progressivas, como na Avenida 23 de Maio e nas marginais, até chegar à velocidade permitida de 50km/h nessas últimas. Ele observou ainda que São Paulo não inovou nesse sentido. “Em outros países já fizeram e estão inclusive em novo patamar, caso de Paris, que fala hoje em áreas 30 (limite de 30km/h) e quiçá 20.” Quanto à fluidez, Duarte afirmou que não se verificaram prejuízos significativos. “O próximo passo é retirar os maus motoristas das ruas. Quarenta e dois por cento dos acidentes ocorrem às sextas à noite ou sábados, sendo responsáveis homens entre 18 e 30 anos.”
Educação e tecnologia
Conscientizar os motoristas foi tema de Luiz Carlos Mantovani Néspoli, superintendente da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP). Conhecido como Branco, esse engenheiro saudou a iniciativa da Prefeitura de São Paulo e o trabalho da CET: “Segurança viária só se enfrenta se houver visão de futuro e comprometimento do mandatário da cidade, Estado ou País.” Não obstante, frisou: “A cultura é de que se andar mais rápido, vai se chegar antes. Mas andando mais devagar, todos chegam. A sociedade precisa ser seduzida para isso e compreender a medida. Daí, vai aderir. Ninguém é contra reduzir acidentes e mortes. É necessário um processo de comunicação.”
Além de conscientizar e educar para o trânsito, Branco destacou uma antiga demanda para garantir maior fluidez e segurança: priorizar o transporte coletivo sobre o individual, invertendo a lógica desenvolvida nos últimos 50 anos. “Migrar as pessoas para o ônibus é o que lutamos.”
Já Hélgio Trindade Filho, diretor da Digicon, focou nas tecnologias disponíveis à melhoria da mobilidade urbana. Assim, apresentou os controladores de tráfego inteligentes. Se a velocidade média é de 50km/h nas vias, conforme sua explanação, o sistema permite semáforos sintonizados. Para Jurandir Fernandes, coordenador do Conselho Assessor, boa gestão de tráfego e trânsito é importantíssima.
Soraya Misleh
Imprensa SEESP