Após pressões e mobilização do sindicalismo pela geração de empregos, o governo federal decidiu criar fóruns de discussões para ouvir sugestões e propostas que resultem na retomada do crescimento. Um exemplo é o Fórum Nacional do Desenvolvimento Produtivo, que busca reativar a experiência bem sucedida das Câmaras Setoriais. O novo órgão foi instalado na terça-feira (27/9), em Brasília, com representantes da CUT, UGT e Força Sindical.
Foto: Agência SindicalLançamento do Fórum ocorreu durante reunião no Planalto
Instalado com a finalidade de avaliar os problemas dos setores produtivos, o Fórum é formado por representantes de empresários e trabalhadores e coordenado pela Casa Civil e Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC).
As reuniões serão periódicas e a próxima já está agendada para a próxima terça-feira (4). O objetivo é incorporar ao grupo as seis Centrais, além das Confederações patronais da indústria, comércio, agricultura, transporte, cooperativas e financeira.
Infraestrutura
Neste primeiro encontro, ficou definido como prioridade iniciar a discussão de medidas que destravem o setor de infraestrutura, mais especificamente a construção pesada e naval.
Segundo João Carlos Gonçalves (Juruna), secretário-geral da Força Sindical, a escolha deve-se essencialmente ao grande potencial gerador de emprego. “O setor de infraestrutura é prioritário. Além disso, ele melhora o custo Brasil, a competitividade de nossos produtos e a geração de emprego, que é fundamental para a recuperação da economia”, disse à Agência Sindical.
Juruna também ressaltou a importância de regulamentar os acordos de leniência, que permitam a retomada de obras que estão paradas. “O acordo de leniência precisa ser aprovado o quanto antes. Muitas empresas investigadas, como a Odebrecht, por exemplo, empregam muitas pessoas e são produtoras de tecnologia própria. Não é justo que, por causa de um ou dois diretores, todos os trabalhadores sejam prejudicados”, comentou.
Tributações
De acordo com o secretário de assuntos jurídicos da CUT, Valeir Ertle, a reforma tributária precisa ser discutida, porque os impostos no País oneram, acima de tudo, os trabalhadores. “É um percentual muito alto que é cobrado na fonte e isso precisa ser revisto. Primeiro porque é injusto; e, segundo, porque medidas que resultem em mais dinheiro para os trabalhadores acabam refletindo em setores como o do comércio”, concluiu.
Para Miguel Salaberry Filho, secretário de Relações Institucionais da UGT, apesar de ter sido ainda preparatório, o encontro foi produtivo. "Definimos uma pauta e critérios de funcionamento do Fórum. Agora, é colocar as coisas em andamento", ressaltou.
O diretor-técnico do Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos), Clemente Ganz Lúcio, chamou a atenção para a necessidade de se atacar questões estratégicas como câmbio e juros altos. “Vamos tentar pautar esses temas, que são essenciais à retomada da produção e do crescimento”, observou.
Fonte: Boletim Repórter Sindical