Em 23 de setembro último, o Instituto Superior de Inovação e Tecnologia (Isitec), mantido pelo SEESP, realizou em suas dependências, na capital paulista, o III Seminário de Inovação: inovação na educação”. Entre os palestrantes, no período da manhã, Jesulino Bispo dos Santos, do Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA), discorreu sobre as ferramentas e materiais para desvendar o universo; e Marcelo Hashimoto, professor adjunto do Ensino Superior em Negócios, Direito e Engenharia (Insper), falou sobre a harmonização entre o físico e o digital no ensino. Na sequência, foram realizadas oficinas com os dois especialistas.
Abrindo o evento, Santos disse que se sentia animado em trazer o mundo da astronomia para o público mais jovem e que está entrando no mercado de trabalho, informando que a área de sua atuação construía instrumentos muito grandes, alguns com mais de 10 toneladas. “Chega um momento da nossa vida em que temos de escolher uma profissão”, avisou, e essa decisão, prosseguiu, determina o lugar em que você vai trabalhar. “Eu escolhi o maior local de trabalho, o céu, o universo”, brincou. E completou: “Uma das grandes vantagens dessa escolha é que o céu é realmente democrático, cabe todo mundo nele: o biólogo, o astrônomo, o engenheiro, o matemático, o físico e até o maluco beleza que está sempre no mundo da lua.”
Fotos: Beatriz Arruda/SEESP
Jesulino Bispo dos Santos (à esquerda) mostra equipamentos, em miniatura,
aos participantes do seminário.
Todavia, essas atividades demandam o desenvolvimento de diversas ferramentas. “O setor precisa inovar sempre, o que vale dizer criatividade, capacidade, adaptação, inovação e muita sorte também.” De acordo com o especialista, os equipamentos utilizados são os mais diversos possíveis e explicou que não existe uma nave igual à outra que pode perseguir estrelas ou asteroides e que são criados tipos de robôs os mais diferentes etc.. “Até onde essas ferramentas nos levam?”, perguntou ao público. Ele mesmo respondeu: “Estamos falando em 30 milhões de quilômetros, em naves que viajam uma distância 150 vezes entre a Terra e o Sol. Estamos falando num universo com 150 bilhões de estrelas que existem na nossa galáxia – que ultrapassa os 250 bilhões –, sendo que o nosso planeta é uma delas.”
Santos informou que o setor está sempre construindo novos equipamentos e que o Brasil faz parte de alguns consórcios desenvolvedores de grandes telescópios, por exemplo, e foi taxativo: “Empreendimentos que necessitam de profissionais da engenharia.” E acrescentou: “Na astronomia nada tem modéstia.”
Cooperação
Na palestra seguinte, o professor do Insper agradeceu o convite do Isitec se sentindo honrado em participar da semana de inovação da instituição de ensino pela segunda vez. “É bom e importante que nos relacionemos sem rivalidade e façamos as coisas de forma mais integrada e em cooperação.” Ele falou sobre a ‘explosão’ dos cursos online, mas que acredita numa associação entre o digital e o presencial, e não em exclusão. “Um pode complementar o outro”, asseverou.
Hashimoto apresenta experiências que desenvolve com os seus alunos no Insper.
Para ele, o desafio colocado à educação, nos tempos atuais, é como o físico (ou presencial) e as novas tecnologias digitais devem interagir, buscando a harmonização em prol do saber e do conhecimento. Para tanto, ensinou Hashimoto, deve-se identificar detalhes e os comportamentos humanos “que fazem toda a diferença para produzir uma ação”. “Isso significa prestar mais atenção nas pessoas e como resolver os problemas de verdade delas.”
Hashimoto acredita que o mais importante é entender as necessidades humanas mais do que produzir tecnologias e inovação. Essas, ressaltou, são consequências da primeira ação.
Participaram da abertura do evento, o diretor geral do Isitec, Saulo Krichanã Rodrigues; o presidente do SEESP, Murilo Pinheiro; e o coordenador do Núcleo de Inovação Tecnológica Mantiqueira (NIT), órgão ligado à Subsecretaria de Coordenação das Unidades de Pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, João Júnior. Antes da primeira palestra, alunos do quarto semestre do Isitec apresentaram o projeto Apprimore que, no momento, desenvolve aplicativos para duas cartilhas do NIT, uma sobre inovação e outra sobre propriedade intelectual.
Rosângela Ribeiro Gil
Comunicação SEESP