A retomada da produção industrial é indispensável para que o Brasil volte a crescer. Mas o governo não vem adotando ações em benefício da indústria. “Eu não identifico medidas governamentais nesse sentido”, pondera José Calixto Ramos, presidente da Nova Central Sindical dos trabalhadores e da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria (CNTI). E prosseguiu em entrevista à Agência Sindical: "O governo tem que começar por algum lugar. E eu entendo deve ser pela indústria, porque só o setor industrial tem capacidade de ativar praticamente todos os segmentos da economia.”
Para o dirigente, seja com acordos de leniência ou por outros meios legais, “é preciso devolver a essas empresas a capacidade de negociar com o Estado e fazer obras e gerar empregos”. O dirigente da CNTI e da Nova Central esclarece: “Eu não estou defendendo impunidade. Que os erros sejam punidos, mas a empresa precisa prosseguir, principalmente porque o setor da construção é um dos que mais empregam."
Setores
Segundo Calixto Ramos, o governo errou quando privilegiou o setor automotivo. Ele argumenta: “O setor automobilístico é importante, mas não puxa sozinho a retomada do crescimento. É preciso ativar cadeias mais amplas, que comecem pela extração de matérias primas e cheguem à ponta, com produtos acabados”.
Cerco
Sindicalista experiente e ponderado, ele manifesta seu incômodo ante o que chama de “cerco ao movimento sindical”. Calixto aponta diversas iniciativas nesse sentido. “É tudo contra nós, dificultando a própria ação sindical”, critica.
O presidente da Nova Central vê, nessas iniciativas, “uma ação orquestrada, que envolve partes do governo federal, do Legislativo e do Judiciário”. Além das reformas neoliberais, gestadas no seio do governo, Calixto aponta iniciativas do Legislativo e do Judiciário. “Agora mesmo, o senador Sérgio Petecão (PSD-AC) apressa um projeto (PLS 385/2016) pelo qual o imposto sindical só pode ser pago por quem é filiado a Sindicato”, comenta.
Calixto também considera lesivos julgamentos recentes do Supremo Tribunal Federal (STF), entre eles a decisão do ministro Gilmar Mendes, “que derruba a ultratividade dos acordos e Convenções, deixando o trabalhador a descoberto em muitos direitos” e a decisão que impede a desaposentação, encerrando, numa canetada só, 182 mil processos em andamento.
Comunicação SEESP
Notícia da Agência Sindical