Soraya Misleh
Em assembleia na tarde desta sexta-feira (22), em frente à Prefeitura de São Paulo, 100 mil servidores municipais em greve, entre os quais os engenheiros, rechaçaram por unanimidade proposta feita pela administração da Capital na manhã do mesmo dia, por considerá-la “absurda”. O prefeito Bruno Covas recebeu, juntamente com secretários do governo paulistano, o Fórum das Entidades Sindicais, conforme acordado em reunião no dia anterior, mas não atendeu as demandas dos trabalhadores. Por essa razão, a paralisação, iniciada em 4 de fevereiro, continua. “Não tem arrego”, declararam os servidores em uníssono.
Servidores decidem pela continuidade da greve. (Foto: Beatriz Arruda)
O movimento exige a revogação da Lei 17.020/2018, que institui reforma da Previdência municipal, ampliando a contribuição dos servidores de 11% para 14%, e criando regime de previdência complementar, mediante fundo gerido por uma empresa denominada Sampaprev, tanto a novos servidores quanto a quem ganha acima do teto de aposentadoria (R$ 5.839,45) do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Também reivindica valorização profissional, uma vez que o reajuste anual desde 2003 tem sido de apenas 0,01%, bem como serviços públicos de qualidade à população.
A proposta do prefeito traz entre seus itens o compromisso de rediscutir a Previdência municipal “caso a reforma apresentada pelo governo federal seja aprovada” e instituição de política de meritocracia com remuneração variável de 2,4 salários ao ano, pagos a depender do atingimento de metas. Quanto ao direito de greve, condiciona seu reconhecimento à manifestação individual dos servidores, para então considerar as faltas como justificadas. Também promete retomar o diálogo no que concerne a reestruturação de carreiras.
Margarida Prado Genofre, coordenadora do fórum, considerou, à assembleia, que não houve nada concreto. “A proposta é inconsistente. De nossa pauta de reivindicações, nenhum item foi atendido”, enfatizou.
Coordenador da Frente Povo sem Medo, Guilherme Boulos levou seu apoio ao movimento: “Essa é uma greve heroica, um exemplo a toda a classe trabalhadora. O prefeito condiciona a revisão da lei à aprovação da reforma da Previdência de Bolsonaro. Ele não entendeu que não vai ter reforma, vamos barrá-la nas ruas.” Ao final, os servidores seguiram em caminhada para protestar contra a pretensão do governo federal rumo ao escritório da Presidência da República, à Avenida Paulista.
Na segunda-feira (25) os servidores realizarão manifestações em vários pontos da cidade, às 17h. A próxima assembleia está marcada para o dia seguinte (26), às 15h, também em frente à Prefeitura.