Soraya Misleh / Fotos: Beatriz Arruda
O primeiro dia de atividades do IX Encontro Ambiental de São Paulo (EcoSP) – 21 de março – se encerrou com duas palestras, sobre os benefícios ambientais da energia eólica e com o uso de drones. A plenária, intitulada “Tecnologia e meio ambiente”, foi coordenada pelo vice-presidente do SEESP e organizador do evento Carlos Alberto Guimarães Garcez. Promovido pelo sindicato com o apoio da Federação Nacional dos Engenheiros, o EcoSP ocorre até o final da tarde desta sexta-feira (22), no auditório do SEESP, na capital paulista.
Fotógrafo e videomaker, Pedro Mascaro – que também é engenheiro – falou sobre os benefícios ambientais com o uso de drones. Ele apresentou documentação fotográfica da tragédia de Mariana (MG), a partir de ensaio que fez para a revista Piauí. As imagens foram registradas com o uso de drones em maio de 2016 – sete meses após a ruptura da barragem do Fundão que culminou em 19 mortos. Juntamente com seu pai, Mascaro efetuou durante 15 dias o percurso da lama desde Mariana até a vila de Regência (ES), na foz do Rio Doce. As fotos panorâmicas demonstram a extensão do profundo impacto socioambiental na região – a lama percorreu 650km, arrasou o município de Bento Rodrigues e outros seis povoados.
Pedro Mascaro fala sobre uso de drones em prol do ambiente.
“Em Resplendor, os índios da Aldeia Krenak se reuniram para cerimônia fúnebre, em que se abraçaram e choraram a morte do rio”, destacou. Mascaro informou que ainda hoje a população afetada “não voltou a um lugar em que possa chamar de casa. Não se concluiu a nova Bento Rodrigues”. Além disso, segundo ele, não se sabe “quantas décadas levarão para a recuperação do rio. E Brumadinho (nova tragédia com ruptura de barragem em 25 de janeiro último, também em Minas Gerais) vem mostrar que nem sequer a lição foi aprendida com Mariana”.
Além do trabalho que realiza, Mascaro afirmou que os drones podem ser utilizados para muitos outros fins. Entre eles, monitoramento agrícola, de estruturas hidroelétricas, ao combate a incêndio e desmatamento ambientais, a visão panorâmica para projetos de engenharia e plantas arquitetônicas. Ele informou que atualmente há legislação para o uso do equipamento, explicou sobre seu funcionamento e avanços tecnológicos. Cada vez os drones – cuja fabricante líder de mercado é chinesa – ficam mais leves e precisos.
Já Welington Capelari e Tarantine Martine, da Wobben Windpower, discorreram sobre os benefícios ambientais da energia eólica. Presente em 28 países, a empresa alemã conta com três fábricas no Brasil desde 1995, através da subsidiária Enercon. “É a primeira a instalar aerogeradores [para produção de energia eólica] neste país”, afirmou Capelari. “O Brasil hoje conta 18,8GW instalados, nas regiões Nordeste e Sul, onde os ventos são mais propícios. A maior capacidade instalada encontra-se no Rio Grande do Norte”, salientou.
Tarantine e Capelari (em pé) falam sobre energia eólica.
Segundo Tarantine, como qualquer grande empreendimento, mesmo atendidas as condicionantes ambientais, a instalação de parques eólicos gera impactos negativos a princípio. Mas depois são transformados em positivos. “A emissão anual de CO2 evitada nos últimos 12 meses equivale a 17 milhões de automóveis. Vinte e cinco milhões de toneladas deixaram de ser emitidas, conforme dados de dezembro de 2018”, revelou. Ainda, no sertão, garante água às populações. E de acordo com sua informação, a implantação movimenta as economias locais, ao gerar emprego e renda aos habitantes das comunidades no entorno. Serão 280 milhões de postos de trabalho até 2020.
Confira as palestras: