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12/08/2019

Perspectivas e soluções à mobilidade urbana em debate

 

Comunicação SEESP/Fotos: Beatriz Arruda

 

Veículos elétricos e autônomos, mobilidade digitalizada e compartilhada estiveram em pauta na manhã desta segunda-feira (12) durante o seminário intitulado “Redefinindo a mobilidade”. Realização do SEESP, por meio de seu Conselho de Transporte e da Mobilidade Urbana e em parceria com a União Internacional dos Transportes Públicos (UITP) – Divisão América Latina, o evento foi sediado no auditório do sindicato, na Capital, e trouxe as tendências mundiais no setor.

No ensejo, foi feita homenagem ao engenheiro e especialista na área Adriano Murgel Branco, que faleceu aos 87 anos de idade em 23 de dezembro último, com sua trajetória destacada por Francisco Christovam. Presidente do Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de São Paulo, ele frisou que Murgel Branco era aficionado por planejamento e apaixonado por educação e transporte. Qualidades que se refletiram em suas contribuições cruciais ao desenvolvimento de políticas públicas voltadas à melhoria da mobilidade. Preocupação que norteou a realização do evento.

 

Público atento durante seminário.

 

À abertura, o coordenador do Conselho Tecnológico do SEESP e professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), José Roberto Cardoso, salientou a importância da discussão, de o SEESP atuar nesse processo e de as universidades e institutos de pesquisa se engajarem. Entre os exemplos nessa direção, citou iniciativa que vem sendo desenvolvida no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), o “Open Innovation” (Inovação aberta), em que “a mobilidade tem espaço muito grande”.

Presidente do Instituto de Engenharia (IE), Eduardo Lafraia apontou a importância de se unirem esforços “para ajudar o desenvolvimento de São Paulo e do Brasil”. Ele trouxe alguns tópicos para a discussão, como a constituição de uma autoridade metropolitana, a melhoria da logística de modo a se garantir ocupação do território brasileiro de forma sustentável e integração nacional utilizando-se sobretudo hidrovias. Murilo Pinheiro, presidente do SEESP e da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), ressaltou: “Estamos de mãos dadas.” E destacou a premência do transporte coletivo à melhoria da qualidade de vida, em que se reduza o tempo de deslocamento e não se gere tantas perdas à economia.

Apresentados por Ailton Brasiliense Pires, presidente da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), dados dão conta do tamanho do desafio para se alcançar o resultado almejado. Segundo ele, 25 milhões de veículos compunham a frota nacional; hoje são 100 milhões. “Significa mais congestionamento, mais poluição, mais acidentes. Os custos com isso passaram de R$ 100 bilhões por ano. Na Região Metropolitana de São Paulo, em 2017, 4 mil pessoas morreram em decorrência da poluição atmosférica. Nos últimos 20 anos foram 600 a 800 mil pessoas.” Para Brasiliense, é preciso um redirecionamento dos subsídios governamentais ao transporte público para assegurar maior acessibilidade a esse e aumento da qualidade de vida. “Esse é um dos objetivos dessa reunião, encontrar solução adequada para tempo [de viagem] e custo menores. O que mata e fere não pode ser o propósito humano.”

O deputado estadual Ricardo Madalena (PL-SP), engenheiro civil e coordenador da Frente Parlamentar em prol do Transporte Metroferroviário, observou que somente em São Paulo são 1.200 veículos a mais por dia, que ampliam a ocupação de vias em 5 mil metros. E ratificou: “É necessário discutir uma mobilidade urbana melhor para nós, usuários”, frisando a importância de desde os trens intercidades e a conclusão de novas estações até a adoção de inovações tecnológicas, como o uso de aplicativos e a eletrificação aplicados ao transporte público.

 

 

Tendências

 

Como lembrou Jurandir Fernandes, coordenador do Conselho de Transporte e da Mobilidade Urbana do SEESP e presidente da UITP – Divisão América Latina, as tendências mundiais na área foram apresentadas em Estocolmo, na Suécia, entre 9 e 12 de junho último, durante o Congresso Mundial da União Internacional dos Transportes Públicos. Esse reuniu, segundo informação oficial, cerca de 2.700 participantes de 81 países, além de 15 mil visitantes à exposição paralela.

 

Berkes, Labarthe, Chevis, Fernandes e Reis (no púlpito) discutem tendências.

 

Diretor do SEESP, Edilson Reis coordenou os trabalhos da primeira mesa-redonda do seminário que abordou o tema. Ele lembrou da inserção do sindicato nas grandes discussões ao desenvolvimento de políticas públicas, como as voltadas à mobilidade urbana. Citou, nesse sentido, como carro-chefe o projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, iniciativa da FNE que reúne proposições também ao segmento.

Fernandes apresentou, na ocasião, comparativo dos anos de 2015, 2027 e 2019 feito com base nos levantamentos feitos pela UITP a respeito das tendências no setor. Segundo ele, confirmam-se, assim, quatro grandes vertentes em mobilidade urbana: carros elétricos, evolução das fontes e armazenagem de energia, seja através de células de hidrogênio, seja via baterias físicas; veículos autônomos e conectados a novos serviços; digitalização; e economia de compartilhamento (em que as pessoas diminuem o uso solitário do carro) e de assinatura (em que seria oferecido, por exemplo, ao usuário um pacote de serviços). Em síntese, “mobilidade como um serviço”. O coordenador do Conselho de Transporte do SEESP completou: “Inteligência artificial tem que estar na ordem do dia das preocupações.”

Roberto Berkes, engenheiro da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo (EMTU), revelou levantamento que aponta a existência de 425 mil ônibus elétricos no mundo. Desses, 421 mil encontram-se na China. Na América Latina são apenas 333, a maioria em Santiago do Chile. Diante da tendência exponencial, ele foi categórico: “É preciso mudar o paradigma.” E sugeriu, como programa de transição, o uso de frotas mistas em que gradativamente se passe do diesel para o elétrico. Já Robero Labarthe, diretor do grupo CCR, e Flávio Chevis, diretor da Addax, focaram sobretudo em modelos de “financiamento” do setor, como a adoção de pedágio urbano, entre outros.

 

 

Marketing

 

Ao final, foram apresentados projetos de marketing voltados à mobilidade urbana e premiados durante o congresso da UITP em Estocolmo. Milena Braga, diretora do Grupo Auto Viação ABC, apresentou, entre outros, o Ubus, transporte coletivo sob demanda, em que o “cliente” pede o serviço por aplicativo, e o “Giro da arte”, que classificou como “ação social, cultural e ambiental”. Pneus que seriam descartados foram utilizados em obras de arte espalhadas pela região do ABC em comemoração aos 20 anos da SBCTrans. Ao final de 60 dias, o material foi doado a 20 instituições de caridade para que pudessem transformar em renda.

 

Roberto Sganzerla, Milena Braga, Valeska Pinto e Eleonora Pazos: boas práticas.

 

Especialista em marketing no setor de transporte público, Roberto Sganzerla, por sua vez, apresentou o projeto “Mais Brasília”, em que os equipamentos de mobilidade urbana na cidade ganharam nova identidade visual. Como parte dessa ação, foi relançada a bilhetagem eletrônica, o município passa a contar com 500 bicicletas cujo patrocinador é o Mastercard e foi introduzida a possibilidade de pagamento bancário.

Eleonora Pazos, diretora da UITP – Divisão América Latina, lembrou que iniciativas como essas se inserem no Programa Melhores Práticas de Mobilidade Urbana da entidade. Coordenado por Valeska Peres Pinto, esse foi criado em 2015. “O Brasil tem muitas ilhas de excelência e de organização. É preciso mostrar e difundir as boas experiências, que podem ser replicadas, ajustadas e adaptadas”, concluiu Peres.

 

 

Confira abaixo apresentações:

 

Jurandir Fernandes

 

Eleonora Pazos

 

Milena Braga

 

 

 

 

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