João Guilherme Vargas Netto*
Companheiros do Dieese baseados em números do IBGE, do Caged e da Rais até 2019 têm informado às direções sindicais a queda na sindicalização dos trabalhadores e esmiuçado a difícil situação do sindicalismo. São gritos de alerta.
Acompanhando a evolução recente do movimento sindical acossado pela pandemia como todos os brasileiros pode se prever a piora da situação e uma queda ainda maior da sindicalização em 2020.
Às dificuldades do sindicalismo – agravadas depois da deforma trabalhista – somam-se as deficiências que puderam ser constatadas nas recentes eleições municipais e os desafios dos dias terríveis depois de 1º de janeiro de 2021 com pandemia, desemprego e falta de auxílios emergenciais.
Há uma esfinge que desafia os dirigentes e o próprio movimento: como estancar a queda dos associados, como garantir a sindicalização e relevância dos sindicatos para enfrentar os problemas dos trabalhadores.
O primeiro e decisivo passo deve ser em direção às bases e aos trabalhadores. A proximidade entre as direções legítimas e a massa de representados é a garantia de que algo pode ser feito e de que algo será feito.
Costuma se dizer “descer às bases”; na verdade o que deve ser dito é subir até elas.
Qualquer autossuficiência baseada em lives gratulatórias ou em ações meramente institucionais e burocráticas deve ser banida.
Embora a pandemia dificulte o contato com os trabalhadores em seus locais de trabalho e em sua vida diária ele é determinante para qualquer resistência ao desmanche sindical.
Outro passo decisivo é a garantia da unidade de ação baseada em plataformas efetivas que digam respeito ao interesse dos trabalhadores. Chega de reuniões entre os dirigentes, chega de lives de blá blá blá, chega de anúncios mirabolantes de posições que não serão defendidas, chega de novas entidades que nada acrescentam.
A situação é grave e para enfrentá-la é preciso atitude de quem tem tudo a perder se não contar com os trabalhadores e persistir nos erros.
*Consultor sindical