João Guilherme Vargas Netto*
Aqui no Brasil o bom senso das direções sindicais corrigiu, muitas vezes, o sectarismo, o voluntarismo e a passividade das direções partidárias de esquerda. Isto ocorreu na história do Partidão (mesmo na clandestinidade) e aconteceu também na história do PT.
Atribuo isto à relação mais próxima e permanente da direção sindical com a base dos trabalhadores e os ativistas sindicais.
Nos partidos políticos os dirigentes e os candidatos aproximam-se do povo nos momentos eleitorais e dele se afastam passadas as eleições; ocupam-se de outras tarefas e, até mesmo o sucesso eleitoral os distancia dele.
Na vida sindical a eleição é apenas um dos acontecimentos e tem o mesmo peso de uma greve, de uma assembleia, de uma campanha salarial vitoriosa.
A própria burocracia sindical (tão forte quanto à partidária) é obrigada a uma proximidade alheia à do partido: atende com seus serviços às necessidades dos filiados – jurídicas, médicas, esportivas, familiares e culturais.
Estas considerações me levam a apelar às atuais direções partidárias de esquerda que prestem atenção ao que quer e ao que propõe o movimento sindical dos trabalhadores brasileiros.
Desde o início da pandemia e mesmo antes, o movimento sindical agredido fortemente pela onda neoliberal e pelo bolsonarismo unificou-se na resistência em defesa dos direitos dos trabalhadores e propôs a VIA – Vacina, Isolamento e Auxílio – como caminho de superação da crise e garantia de relevância do sindicato.
As necessidades dos trabalhadores, acrescidas do empenho pela solidariedade social, têm sido o norte da ação sindical unitária. As formas de luta foram as mais diversificadas, desde as greves, as assembleias presenciais e as viagens a Brasília até os grandes atos virtuais, como as comemorações do 1º de Maio.
A dupla lição de unidade e de apoio na base deveria ecoar como exemplo efetivo da ação sindical e ser seguido pelos dirigentes político-partidários.
* Consultor sindical