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21/02/2022

Processo de seleção para vagas de estágio no metaverso

Pioneirismo é da Companhia de Estágios, em parceria com a Scania, com 30 estudantes de diversos cursos, como o de Engenharia. 

 

Rosângela Ribeiro Gil
Oportunidades na Engenharia

 

O ano de 2022 entra com o “carimbo” da tecnologia metaverso e foi, inclusive, o assunto de destaque da edição de janeiro do Jornal do Engenheiro, do Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo (SEESP). Segundo Marcelo Knorich Zuffo, professor do Departamento de Engenharia de Sistemas Eletrônicos da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), o metaverso nada mais é do que a redefinição de conceitos do uso de tecnologias imersivas – realidades aumentada e virtual – nas redes sociais sob o ponto de vista do Facebook.

 

Metaverso Cia Estágios Scania Metaverso 600Processo de seleção da Scania junto à Companhia de Estágios, utilizando a tecnologia metaverso. Crédito: Companhia de Estágios. 

Uma das player do mercado de recrutamento e seleção, a Companhia de Estágios – parceira da área Oportunidades na Engenharia, do SEESP, na divulgação de vagas – acaba de conduzir as primeiras entrevistas de estágio na nova tecnologia. A iniciativa foi realizada em parceria com a Scania – empresa fabricante de caminhões, ônibus e motores a diesel – e outras empresas. Ao todo, informa a assessoria da Cia de Estágios, participaram desse primeiro processo 30 universitários, de cursos como engenharia, comunicação e administração de empresas. A primeira fase da seleção no metaverso incluiu entrevistas com recrutadores treinados para usar a tecnologia.

 

Preparação e avatar
No caso específico do processo pioneiro da Companhia de Estágios, a tecnologia utilizada foram os óculos de VR (realidade virtual). Para entender todo a dinâmica, os participantes receberam um manual com dicas e informações prévias, antes de irem até a sede da Companhia de Estágios para o processo.

 

Cada participante pode criar um avatar personalizado com características físicas, mostrando seu estilo profissional e de temperamento. Foi possível, explica a assessoria da Cia de Estágios, customizar corpo, formato do rosto, cor da pele, olhos, nariz, boca, sobrancelha, comprimento e cor do cabelo, roupas e acessórios (como brincos e piercing). O CEO e fundador da player, Tiago Mavichian, destacou a liberdade que o candidato teve ao poder “criar um personagem parecido com ele próprio para interagir com o recrutador, que também era um avatar".

 

O executivo avalia que o metaverso ajudará a criar experiências mais interessantes para quem disputa uma vaga. "Quando a pandemia acabar, os processos seletivos seguirão online. E, para manter os candidatos engajados, será preciso evoluir para além das entrevistas no Zoom”, complementa Mavichian. “Outro motivo que nos levou a apostar no metaverso é a ascensão da geração Z. Eles já são 25% da força de trabalho global e estarão em peso nesse ambiente virtual".

 

Avaliação de soft skills
A Companhia de Estágios, que já era responsável por conduzir os processos seletivos de vagas de estágio para a Scania, convidou a automotiva para participar do projeto piloto para direcionar jovens talentos para vagas que possuem abertas. O vice-presidente de Pessoas e Cultura da Scania Latin America, Danilo Rocha, afirma que aceitou fazer parte da iniciativa por entender que “seria uma excelente experiência para os nossos candidatos, além de uma ótima oportunidade para entendermos e vivenciarmos um pouco mais as possibilidades que o metaverso poderá nos trazer”. Para ele, a seleção nesse ‘novo ambiente’, além de proporcionar uma experiência marcante e única, permite à empresa “avaliar algumas soft skills importantes, como capacidade de adaptação, flexibilidade e atitude inovadora”.

 

Futuro exponencial
O diretor de Tecnologia da Companhia de Estágios, Hugo Rebelo, informa que a empresa aprovou investimentos de meio milhão de reais para a fase inicial do projeto, que envolveu a avaliação e testes com as plataformas Meta, Decentraland e outras. “O metaverso não é uma coisa única, é um conceito amplo que engloba vários mundos virtuais, com diferentes características. No ‘Decentraland’, por exemplo, há uma grande liberdade criativa e já existe uma forte especulação imobiliária virtual. Por sua vez, no workrooms do Meta, embora o ambiente seja mais limitado, há um foco maior nas relações profissionais”, explica o profissional.

 

O diretor de Tecnologia (CTO) da Cia de Estágios, Hugo Rebelo, explica que a tecnologia imersiva é um assunto que a player vem acompanhando já há algum tempo. Ele entende o metaverso como “uma evolução natural do processo de convergência de múltiplas tecnologias (como redes, sensores e capacidade computacional) guiado pelo desejo humano de explorar e expandir suas experiências sensoriais”.

 

Isso equivale a dizer, prossegue Rebelo, sem as restrições físicas do mundo habitual. Para ele, a engenharia ganha uma nova e praticamente ilimitada dimensão criativa: “Tudo o que é possível de se imaginar, poderia ser criado. Isso abre espaço para infinitos casos de uso, seja no entretenimento, em novas formas de interação social ou ferramentas corporativas, como as que estamos explorando.”

 

Mercado reativo
Entrevistado para matéria do Jornal do Engenheiro, Tiago Ricotta, gerente de experiência do cliente da empresa de tecnologia Trimble no Brasil, observa que grandes empresas estão investindo na tecnologia metaverso, como Nike, Adidas, Disney, além da Microsoft. “É um mercado muito reativo. A tecnologia é exponencial. A cada hora surge uma nova startup. Engenheiros e arquitetos devem atentar para isso”, avisa Ricotta.

 

Rebelo fala que o surgimento de novas tecnologias, como o blockchain, além de uma maior capacidade computacional e aprimoramento das redes, têm viabilizado a construção de experiências cada vez mais naturais e imersivas. “Cabe lembrar que anos atrás era comum ouvir as pessoas falarem ‘vou entrar na internet’. Agora, nós vivemos na internet, ela faz parte das nossas vidas. É bem provável que daqui alguns anos viveremos o mesmo com o metaverso, aceitando-o como algo do nosso cotidiano”, explica Rebelo.

 

Mas nem tudo são flores, o diretor de Tecnologia da Cia de Estágios aponta desafios para a popularização da tecnologia no País, um deles relacionado diretamente com o alto custo das ferramentas utilizadas, como os óculos de realidade virtual e a dificuldade de acesso à internet de qualidade em muitas regiões.

 

Apesar dos desafios, Tiago Mavichian se mostra otimista: “Ainda dependemos de vários avanços para que o metaverso se torne uma tecnologia popular, como o aumento do 5G. Mas, quando isso acontecer, não tenho dúvida de que essa será uma tecnologia que tem potencial de somar no recrutamento e seleção no mercado de trabalho."

 

 

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