logo seesp ap 22

 

BannerAssocie se

23/11/2022

Energia solar é campo promissor à engenharia elétrica

Jéssica Silva – Comunicação SEESP

 

Em ascensão no País, a geração de energia solar é além de alternativa ao meio ambiente, pela fonte limpa e renovável, uma oportunidade aos engenheiros. Somente em 2019, conforme dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o mercado cresceu mais de 212%, com mais de 110 mil sistemas fotovoltaicos de mini e microgeração instalados, correspondendo a R$ 4,8 bilhões e 15 mil profissionais trabalhando na área. Para 2022, a projeção é de um crescimento de mais de 91% da capacidade instalada, com geração de 357 mil novos empregos e investimentos privados acima de R$ 50 bilhões.

 

Tamanha movimentação no setor resultou na Lei 14.300/2022, o marco legal da microgeração e minigeração distribuída – produção descentralizada de energia, como casas e estabelecimentos com sistemas de geração de energia elétrica solar. “Foi uma vitória porque o tema saiu da alçada regulatória para subir para esfera legal, isso traz mais de confiança para o empresário e investidores”, atesta Douglas Geraldi, sócio da empresa Solstício Energia.

 

Em celebração ao Dia do Engenheiro Eletricista, comemorado neste 23 de novembro, o SEESP entrevista Geraldi, que há 12 anos atua no ramo da energia e há sete especificamente na geração fotovoltaica.

 

Ele é um dos 136.880 engenheiros registrados sob o título eletricista no Brasil, e 46.240 em São Paulo, segundo Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), que desempenham importante papel na geração, transmissão, distribuição e utilização da energia; equipamentos, materiais e máquinas elétricas; sistemas de medição e controle elétricos; seus serviços afins e correlatos; como descrito no Mapa da Profissão da área de Oportunidades na Engenharia do SEESP.

 

A Engenharia Elétrica surgiu no Brasil com a eletrificação dos centros urbanos, no início do século XX, avanço diretamente ligado à sociedade moderna – Leia no “Guia das Engenharias”. E a demanda só aumenta com a energia solar e as tecnologias que despontam a partir dela.

 

Douglas Geraldi Solstício Energia 450Douglas Geraldi, engenheiro eletricista sócio da empresa Solstício Energia. Foto: Solstício Energia.É o engenheiro eletricista que “consegue melhor entender os detalhes tecnológicos e trazer para a factibilidade, para os projetos, para os modelos de negócio”, aponta Geraldi. Nesse sentido ele defende o desenvolvimento de uma indústria nacional no setor: “a gente tem um potencial enorme de geração de energia [solar] e de cadeia produtiva, se desenvolvida, em todas as áreas”.

 

Confira na entrevista:

 

Como o senhor chegou à Engenharia Elétrica?

Quando estava no colégio, em 1997/1998, estava começando um crescimento mais acelerado do setor de telecomunicações. Pensei na área em expansão e interessante, então decidi fazer Elétrica. Fiz um ano de cursinho e entrei na Unicamp, em 2005, e durante a graduação peguei mais gosto pela área de energia. Na grade curricular você vê muitas frentes distintas e a gente consegue ver o que gosta mais, eu gostei mais da área de energia. E, pensando no cenário nacional e na importância do setor, fiz a iniciação científica estudando questões como o impacto da conexão de usinas na rede elétrica. Quando me formei, comecei a trabalhar na área de manutenção e, logo em seguida, voltei à universidade para o mestrado, mais voltado ao sistema de energia. Foi quando entrei na CPFL Energia. Lá foi uma escola, um universo novo. Comecei a ver bastante coisa na parte de medição, faturamento do cliente, e a geração fotovoltaica, o sistema fotovoltaico no Brasil foi tendo mais força. Eu me vi com uma oportunidade e me dediquei a isso.

 

E quando o senhor começou a atuar na Solstício Energia?

Durante o mestrado vi muito a discussão sobre energia solar, ficou no radar. Também tínhamos uma base [na universidade] de modelo de negócios, pensar soluções. Encontrei com meu atual sócio num evento desses e daí surgiu o convite de participar da empresa. Saí em 2014 da CPFL e no começo de 2015 entrei como sócio. A empresa foi fundada em 2012, saiu da incubadora da Unicamp, de um projeto de P&D. Entrei para tocar a parte de projetos, até 2018 eu executava os projetos. Atualmente estou na área comercial. Mas em projetos grandes também atuo, sempre conversamos sobre aspectos técnicos, a engenharia não saiu do dia a dia.

 

O País tem muito potencial para a geração da energia limpa, mas todos os materiais e compostos são importados. Na visão do senhor, poderíamos desenvolver essa indústria nacional?

Eu sempre sou a favor do desenvolvimento industrial no País, acredito que sim, tanto na parte de equipamentos mais eletrônicos, como os inversores, que são o cérebro e o coração do sistema fotovoltaico por ser o equipamento que converte a energia de corrente contínua a alternada, quanto na fabricação do silício purificado, que vão nas células dos painéis.

 

Isso está em discussão?

É uma briga, porque quando a gente compara com a China, por exemplo, o custo que eles conseguem é muito menor do que qualquer ideia de uma fábrica aqui no Brasil. Então ninguém quer comprar essa briga, arriscar esse investimento. Se não tiver um plano, com subsídios do Governo, não vai começar. Claro que inicialmente, o mercado tem que ter consciência que o subsídio seria por um tempo, até que a indústria fosse sustentável no sentido econômico, ambiental, tivesse eficiência, profissionais, fornecedores, logística; o custo a médio e longo prazo se ajusta. Esse país é maravilhoso, a gente tem um potencial enorme de geração de energia e de cadeia produtiva, se desenvolvida, em todas as áreas, isso é perceptível. Somos a economia que somos cheios de falhas, imagina se levada com seriedade, com coisa honesta e bem feita? A questão é se querem desenvolver ou não, com planejamento sério, bem pensado. O fato do mercado não querer encarar essa briga, ano após ano simplesmente vai retardando esse desenvolvimento. Quanto mais tempo dormir, pior fica lá na frente quando acordar.

 

Neste ano foi sancionada a Lei nº 14.300, que trouxe avanços ao setor e agora, em 2023, promove novas mudanças. Qual perspectiva para o setor?

A lei foi uma vitória porque o tema saiu da alçada regulatória para subir para esfera legal, isso traz mais confiança para o empresário e investidores. A mudança principal é, a partir de um cronograma da legislação, inicia-se a cobrança do uso da rede, a parcela do uso do fio, o que a gente da Solstício considera justo, porque tem essa infraestrutura que as distribuidoras mantêm. O modelo de negócio que vai ser mais impactado é o que tem a geração de energia afastada da carga, a geração junto à a carga, como um comércio ou casa que coloca a placa em seu telhado, este vai ser bem menos impactado. Será uma mudança branda. A perspectiva do mercado é boa, mesmo para o caso que tem maior impacto, porque o custo da eletricidade historicamente sempre sobe junto com a inflação, então a geração de energia solar é alternativa a esse reajuste. Novas tecnologias também estão sempre despontando e aumenta a demanda como carros elétricos, baterias modernas.

 

Nesse cenário, qual a importância do engenheiro eletricista?

É ele quem consegue melhor entender os detalhes tecnológicos e trazer para a factibilidade, para os projetos, para os modelos de negócio.

 

Qual dica o senhor daria para os que buscam uma oportunidade na Engenharia Elétrica?

Atenção e dedicação às normas que permeiam no dia a dia. Quando a gente fala de todas as normativas, ISO, etc., existe muito trabalho de muita gente, muitas horas, muita experiência agregada nisso tudo. É o que ampara a confiabilidade e qualidade técnica do trabalho e, infelizmente, vemos bastante nesses últimos anos um aumento exponencial de concorrentes que não têm esse zelo, essa atenção às normas. Nesse sentido muita coisa errada acaba sendo executada, muita coisa acaba sendo refeita e isso é perda de tempo e dinheiro. Uma instalação elétrica mal feita tem grande chance de causar um acidente, um incêndio. E não é uma questão apenas de fiscalização, nos cursos de engenharia muitas vezes isso não é passado tão a fundo. É um fator que precisa melhorar porque só traz benefícios, como melhor qualidade e segurança nos serviços.

 

 

 

Lido 1216 vezes
Gostou deste conteúdo? Compartilhe e comente:
Adicionar comentário

Receba o SEESP Notícias *

agenda