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10/11/2023

O apagão em São Paulo e o caos de fios nos postes das cidades

 

Interrupção do fornecimento de energia e demora em restabelecer o serviço trouxeram à tona o problema dos emaranhados de cabos nos postes das cidades brasileiras que comprometem segurança e qualidade dos serviços, além de causar poluição visual. Federação Nacional dos Engenheiros tem chamado atenção das autoridades para a questão. 

 

A interrupção no fornecimento, que deixou mais de 4 milhões de endereços sem energia no Estado de São Paulo e após quatro dias ainda não havia sido plenamente sanada, trouxe de volta ao debate o caos de fios desordenados que compõem a paisagem urbana no Brasil. A situação favoreceu o agravamento do problema desencadeado pela forte tempestade ocorrida na sexta-feira (3/11), que derrubou árvores e galhos em diversos pontos, atingindo a fiação da rede de distribuição.

 

A questão tem sido objeto de estudos e manifestações às autoridades pela Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), que defende medidas para acabar com a ocupação desordenada da infraestrutura compartilhada por diversos serviços, como distribuição de energia, telecomunicações e iluminação pública. A entidade vem, inclusive, propondo modelos de legislação e suprindo municípios com informações para que esses possam fazer valer seus direitos quanto ao ordenamento territorial e aéreo urbano e à proteção das pessoas e de equipamentos.

 

Fios postes editadaConforme Carlos Augusto Ramos Kirchner, consultor em energia da FNE, lamentavelmente os órgãos responsáveis não vêm tomando as providências necessárias para que haja uma solução. Ele criticou, por exemplo, o plano de regularização proposto pelas agências nacionais de Energia Elétrica (Aneel) e de Telecomunicações (Anatel) no dia 24 de outubro, cuja meta é corrigir anualmente 2% a 3% dos problemas de ocupação dos postes. “Isso parte da premissa de que a irregularidade não aumenta, quando, na verdade, cresce pelo menos 5% ao ano”, aponta. “Trata-se de situação de espaço aéreo irregular, tem que ser corrigido tudo, não tem meio termo”, enfatiza.

 

A FNE também enviou ofícios aos ministros das Comunicações, Juscelino Filho, e de Minas e Energia, Alexandre Silveira, abordando a Portaria Interministerial nº 10.563, de 25 de setembro, que institui a Política Nacional de Compartilhamento de Postes (PNCP), batizada de “Poste Legal".

 

Nos comunicados, a entidade alerta para as “incongruências” entre as regras estabelecidas e os objetivos e princípios apresentados pela portaria. Em tese, o intuito da nova norma seria reduzir riscos de acidentes envolvendo pessoas, infraestruturas e meio ambiente associados ao compartilhamento de postes, além de assegurar o atendimento às normas técnicas, de segurança e regulatórias estabelecidas pelos órgãos oficiais competentes.

 

Na avaliação da FNE, para cumprir o que anuncia, seria preciso que a nova portaria corrigisse a complacência da Aneel e das distribuidoras de permitirem o compartilhamento de postes com instalações de iluminação pública na ausência de aterramento, o que, em desacordo com normas técnicas aplicáveis, tem resultado em muitos acidentes fatais, conforme argumentado em em Ação Civil Pública proposta em setembro passado e aguardando decisão da Justiça. 

 

 

 

 

 

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