Em encontros recentes preparatórios ao Rio +20, a Comissão Nacional para a Conferência das Nações Unidas avaliou o documento que estabelece metas até 2030 para economia sustentável.
O documento, tido como insuficiente, aborda tópicos baseados nos três pilares do desenvolvimento sustentável (o econômico, o social e o ambiental) e convoca os países a criar soluções para erradicar a pobreza no mundo e reduzir o impacto na biodiversidade.
Nestes encontros, ficou clara a intenção do governo federal e ONU de tentar mudar o foco das discussões considerando que há muito ainda por fazer na área ambiental. Estão virando o leme e tentando levar o evento a discutir a economia verde com destaque ao foco capitalista com a criação de produtos para o comércio com apelo ambiental, porém, visando, exclusivamente, o lucro como resultado final.
O chamado evento oficial, previsto para acontecer em junho no Rio de Janeiro, exclui a participação democrática da sociedade civil organizada, na qual, nos incluímos, e governo e ONU estão programando uma agenda de até 4 dias após o evento oficial para que as organizações da sociedade tomem conhecimento das decisões dos governos, o que, em quase sua totalidade divergem dos interesses de toda a sociedade.
E como já antevendo o que irá acontecer, nestes 4 dias estas entidades irão protestar, e, consequentemente, serão contidas pela polícia militar do Governo Cabral e polícia federal do Governo Dilma e irão para as páginas dos jornais e telejornais como baderneiros, agitadores e serão chamados de opositores ao sistema. É lamentável o comportamento do governo federal e, acima de tudo, a falta de respeito com a sociedade civil organizada.
Como todo o processo de desenvolvimento sustentável, os governos precisam pensar em uma política que venha incentivar e valorizar as pessoas que estão dispostas a participar de todo o processo de preservação e de desenvolvimento.
O desenvolvimento sustentável sugere, de fato, qualidade em vez de quantidade, com a redução do uso de matérias-primas e produtos e o aumento da reutilização e da reciclagem.
E ações como estas exigem uma participação mais austera, ou seja, contrária a tímida redução da taxa Selic, quando na verdade a defesa maior seria pela maior redução dos juros reais, estes sim, que emperram o crescimento e barram o setor produtivo, não geram emprego e renda e desestimulam a economia diante de um mercado mundial em crise.
Vale lembrar que o baixo desempenho da economia é resultado da política econômica, que tem mantido os juros em patamares proibitivos para o setor produtivo.
O mundo passa hoje por uma crise econômica internacional, e o Brasil precisa tomar medidas para não “herdar” essa crise. Temos como meta, o fortalecimento de nossa luta por mais empregos e produção. Queremos juros baixos, valorização do trabalho e desenvolvimento.
E o Brasil precisa se posicionar a favor da economia e do trabalhador (a) brasileiro (a).
* Antonio Silvan Oliveira é presidente do Sindiquímicos (Sindicato dos Químicos de Guarulhos e Região)
Imprensa – SEESP
* Artigo publicado no site da Força Sindical
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