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26/09/2012

Desenvolvimento, justiça social e soberania para um Brasil inteligente

A mesa final do VIII Conse reuniu o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, a pesquisadora da Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), Ceci Juruá, e o professor da UFF (Universidade Federal Fluminense) e consultor do projeto “Cresce Brasil”, Marco Aurélio Cabral Pinto, para debater o tema “Brasil inteligente: um país desenvolvido, justo e soberano”. Guimarães destacou que a questão do desenvolvimento passa pela utilização dos recursos naturais, da força de trabalho e da capacidade instalada produtiva. Já sob o aspecto da justiça social o embaixador criticou a enorme disparidade do país, onde ao mesmo tempo em que 23 milhões de família necessitam de um “bolsa família”, projeto do governo federal para pessoas bem pobres, se tem o oitavo homem mais rico do mundo, referindo-se ao empresário Eike Batista, e mais 70 bilionários, segundo a revista de economia Forbes. “É uma disparidade muito grande”. O soberano, segundo Guimarães, se refere à capacidade de um país se defender e não atacar.

Todos os itens estão interligados. A questão das diferenças sociais não se resolve, avisa, com a transferência de renda, mas com a geração de emprego, o que acontece apenas com o aumento da capacidade de produção instalada, a partir de duas hipóteses, com investimentos privados (nacionais ou estrangeiros) ou públicos. No entanto, o parque industrial brasileiro se encontra cada vez mais desnacionalizado, com isso as decisões se dão a partir das preocupações com a maximização do lucro dessas empresas sem qualquer tipo de relação ou compromisso com o país.

Para Guimarães, o Brasil, por estar numa situação favorável em relação a outros países e regiões, como os Estados Unidos e a Europa, vem atraindo muito as multinacionais, por isso precisa criar regras e disciplinas de modo a garantir vantagens para a sociedade brasileira, como a transferência de tecnologia.

Privatizações
A pesquisadora Ceci Juruá fez um relato crítico do modelo econômico que vem sendo implantado no país desde 1990, com ações que destruíram o patrimônio nacional, como no caso das privatizações. Um sistema “inaugurado”, segundo Juruá, pelo ex-governo Collor e seu PND (Plano Nacional de Desestatização). “Ele tirou da “cartola” o PND que colocou na porta de saída um conjunto de estatais que tão brilhantemente havíamos construído durante 50 anos. Junto com elas foram os nossos minerais, o nosso subsolo, a Vale do Rio Doce, as ferrovias, a energia, o petróleo.”

O modelo em questão promoveu a abertura da economia, comercial e financeira, o que significou, segundo a pesquisadora, não ter mais fronteiras. E para os exportadores foram dados generosos incentivos tributários, que são uma complementação de abrir o país para o comércio exterior.

Para ela, a política econômica implantada até agora no Brasil só produziu internacionalização e desnacionalização. “O controle da economia nacional está nas mãos de empresas estrangeiras. Não podemos fazer de conta que isso não existe.” Ao mesmo tempo, diz que deveria ser criada uma “comissão da verdade” das privatizações para apurar os crimes que foram cometidos contra o país e o povo brasileiro.

Ao final da sua fala, Juruá lançou um desafio para os engenheiros reunidos no VIII Conse: pensar qual a diferença, hoje, entre a empresa de capital nacional e a estrangeira, identificar o que é uma e o que outra. Também reclamou que o Brasil precisa resgatar a sua soberania monetária não permitindo que a taxa de câmbio seja regulada e determinada pelas altas finanças internacionais.

País inteligente
O professor da UFF e consultor do projeto “Cresce Brasil”, Marco Aurélio Cabral Pinto, diz que para o país desenvolver inteligência com a urgência necessária precisa implantar o Plano Nacional de Educação, fazer esforços para integração entre as esferas públicas, criar uma aproximação entre o Sistema Nacional de Inovação e a educação básica e fundamental, e garantir que o capitalismo brasileiro se comprometa numa proposta centrada na formação de quadros tecnológicos.

 

Rosângela Ribeiro Gil
Imprensa - SEESP



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