O Brasil “acordou” no último domingo (27/01) mais triste. Um incêndio provocou a morte de 235 pessoas numa casa noturna na cidade de Santa Maria (RS), e outras 120 estão internadas em estado crítico e gravíssimo. Desde então, há uma sucessão de acusações, de problemas, críticas das responsabilidades de cada um, do poder público aos próprios donos do estabelecimento. Para o vice-presidente do SEESP, Celso Atienza, tragédias como essa podem sim ser evitadas, basta apenas que uma série de medidas de segurança sejam devidamente cumpridas, nunca negligenciadas ou deixadas para depois. Em segurança não existem “gambiarras” ou “jeitinhos”.
Entre as medidas que devem ser adotadas, observa o dirigente, algumas são extremamente básicas, em se tratando de casas noturnas, como ter saídas de emergência adequadas e escolher isolamento acústico anti-incêndio. Outro ponto destacado por Atienza é a manutenção de bombeiros no local quando da realização de eventos que tenham grandes aglomerações de pessoas.
O dirigente sindical, que também é engenheiro de segurança, observa que as pessoas quando entram em recintos fechados, como os de casas noturnas, devem ficar atentas à sinalização indicativa de saídas de emergência, por exemplo. Da mesma forma, a casa deve ter pessoal específico e treinado para fazer a orientação em situações de urgência.
Para Atienza, é uma obrigação das prefeituras fazer todo esse controle e também manter um engenheiro de segurança, no local, para verificar as condições do estabelecimento.
O também engenheiro de segurança no trabalho e diretor da Delegacia Sindical de Campinas do SEESP, Paulo Roberto Lavorini, alerta que o “fogo não deve ser desrespeitado, mesmo o da fantasia, pois originado num foco diminuto, pode trazer destruição, perdas irreparáveis, sofrimento humano. Muitas vezes, condições de saúde e segurança também são desprezadas, quando, por exemplo, carrinhos de supermercado invertidos ou empilhados junto a caixas fechados obstruem perigosamente a saída de pessoas em caso de emergência”.
Para ele, a segurança contra incêndio no Brasil não foge de um modelo de desenvolvimento mal planejado, muitas vezes relegado a plano secundário, perante a evolução da produção e dos serviços, etc., diretamente proporcional ao crescimento dos riscos na maioria dos municípios, onde nem sempre há Corpo de Bombeiros.
Lavorini lembra alguns dos incêndios de grandes proporções que ocorreram no Brasil, como o do Gran Circus Norte-Americano (Niterói, RJ, 1961), na Volkswagen de São Bernardo (1970), no Edifício Andraus (São Paulo, 1972) e dois anos depois, no Joelma (São Paulo, 1974). E pergunta: “A vida tem preço? Assombram até hoje, mesmo depois de 35 anos passados desse último, especialmente por resultados tanto técnicos quanto administrativos aquém do esperado em nosso País.”
Rosângela Ribeiro Gil
Imprensa – SEESP
Fotos: Agência Brasil