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03/04/2013

Governo de São Paulo licita trem regional em junho

Com investimento estimado em R$ 18,5 bilhões e com duas linhas de trilhos, o Governo do Estado de São Paulo vai licitar em junho o projeto Rede de Trens Intercidades, que envolve 416 quilômetros (km) de linhas férreas, em formato de parceria público-privada (PPP). Com carros climatizados, vagões com serviço de bordo, ambiente wi-fi, sistema multimídia e baixa emissão de poluentes, os trens prometem ser parecidos com os tradicionais da Europa, sendo que no Brasil a iniciativa privada assumirá 70% do custo.

"O projeto foi apresentado pela Odebrecht e permite a formação de consórcios. O BTG Pactual é o proponente, junto com a Estação da Luz Participações, de Guilherme Quintella", disse o vice-governador paulista, Guilherme Afif Domingos, responsável pelo projeto na esfera pública.

A meta é que a linha norte-sul ligue as cidades de Americana e Campinas a Santos, enquanto a linha leste-oeste vai conectar Sorocaba e São José dos Campos a Taubaté. Ambos os trechos devem se unir em uma estação paulistana da Linha 6 do metrô (Laranja) - provavelmente a que será erguida na Água Branca.

A proposta privada foi possível graças à criação da Manifestação de Interesse da Iniciativa Privada (MIP), ferramenta legal que quebrou o monopólio da burocracia pública para concessões. Agora a iniciativa privada pode identificar as oportunidades e dar início ao processo.

No Intercidades, o estado vai ser sócio minoritário, arcando com 30%. Neste formato, o cronograma da obra fica bem mais ágil do que o tradicional. "Devemos licitar em junho e em 60 dias fechamos a licitação. Aí começa o processo das desapropriações", diz Afif, que prevê o início de obras para 2014. "A obra é prevista em seis anos, mas acredito que em quatro a iniciativa privada termina a obra. Se entregar antes, começa a receber antes."

O processo permitirá que empresas estrangeiras integrem os grupos concorrentes. "Até porque será exigido que tenha operado sistema com xis milhões de passageiros, feito túnel com tal característica. Se uma empresa da Itália tem a experiência, ótimo."

Alternativa ao carro
Afif está entusiasmado com as linhas porque as vê como alternativa ao carro, já que ofereceriam rapidez ao motorista no trajeto capital-interior-litoral. Segundo Afif, a velocidade média deve girar, entre paradas e acelerações, em torno de 120 quilômetros por hora. "Este trem é para competir com automóvel, porque pagar pedágio, mico no trânsito, gasolina... As nossas estradas nestas regiões viraram Marginais, com enormes engarrafamentos."

Para garantir fluidez, a rede será totalmente segregada da dos trens de carga. "A questão da carga é uma vergonha. Quando fizeram o Rodoanel não fizeram o Ferroanel simultâneo, está errado, o leito já está lá, é uma loucura, mas fica desocupado em regiões altamente adensadas."

O outro grande atrativo seria o conforto, com carros climatizados, vagões com serviço de bordo, ambiente wi-fi, sistema multimídia e baixa emissão de poluentes.

"É um projeto de grande atratividade porque cobre trechos de alta densidade. Só para o ABC, por dia, são 350 mil pessoas. Pelo custo da tarifa pura, a obra seria viável", diz Afif.

O vice-governador calcula o valor da passagem entre R$ 15 e R$ 20 no trecho mais longo.

TAV
Justamente pelo perfil voltado para concorrer com o carro, Afif não considera o Intercidades rival do trem de alta velocidade (TAV), do governo federal. No trecho Sorocaba-Taubaté, as linhas vão correr paralelas, separadas por canteiro, e só em São Paulo irão dividir a plataforma, possivelmente na Água Branca.

"O TAV é de alta velocidade, compete com avião, não tira investidor do Intercidades", diz ele, que nos últimos 18 meses ocupou parte da agenda pública com viagens internacionais em busca de potenciais investidores nas PPPs paulistas.

"O Intercidades não vai tirar investidor do TAV. Além do perfil diferente das linhas, nas minhas viagens de prospecção de investidores vi o grande número de pessoal especializado em trilho, tanto na Ásia como na Europa. E hoje a Espanha está toda parada, a Itália também, e ambos têm uma indústria e um parque ferroviário que querem reagir, investir dentro desta tradição que eles têm de trens fabulosos." Para Afif, a rede é estratégica para a expansão da economia paulista. "São Paulo não pode continuar a pensar pequeno. Estamos muito aquém do nosso potencial."


Imprensa – SEESP
Fonte: Jornal DCI – 03/04/2013




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