Em entrevista à BBC Brasil, o presidente da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), Murilo Celso de Campos Pinheiro, também à frente do SEESP, questiona a afirmação de que há falta de engenheiros brasileiros para atender à demanda do País para grandes obras de infraestrutura ou para as indústrias de extração de petróleo e construção civil. "A demanda por profissionais nessas áreas realmente aumentou, mas não está faltando. Se for preciso trazer um engenheiro de uma matéria que não existe aqui, [a importação] é de fato interessante, mas não entendo a necessidade de trazer amplamente engenheiros civis”, observa.
O presidente da Federação Nacional dos Arquitetos, Jeferson Salazar, reforça o posicionamento de Pinheiro e diz que, apesar da demanda, o setor público não absorve a quantidade de profissionais que chegam ao mercado a cada ano - cerca de sete mil. "Nos últimos 25 anos, o número de escolas no Brasil cresceu seis vezes. A quantidade de jovens arquitetos com subemprego ou desempregados no País é imensa e o governo não tem nenhum plano para utilizar esse exército de mão de obra", reclama.
À afirmação de um “apagão” na área de saúde, o presidente da Federação Nacional dos Médicos (Fenam), Geraldo Ferreira Filho, ressalta que o número atual de profissionais no Brasil - cerca de 1,9 médico para cada mil pessoas - é capaz de atender o mercado nacional, desde que sejam criadas melhores estratégias de distribuição de profissionais e planos de carreira no setor público.
"A presidente [Dilma] está fazendo o planejamento estratégico de elevar o número para 2,4 médicos para mil habitantes. Realmente, para atingir isso hoje, faltam médicos. Mas se o planejamento é para atingir essa meta em 2020, nossa avaliação é diferente da do governo, que trabalha com a ideia de que teríamos que importar médicos", explica Ferreira, também em entrevista à BBC Brasil.
Outro lado
Mas para o governo federal o Brasil necessita de seis milhões de estrangeiros para trabalhar em várias áreas. Por isso, a Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) elabora plano para "atração de cérebros" de outros países, que não inclui imigrantes de baixa qualificação, mas apenas profissionais altamente qualificados.
"Ainda não é uma proposta fechada do governo, mas é a nossa meta atual", disse o ministro-chefe interino da SAE Marcelo Neri à agência inglesa de notícias. Ele afirma que a estimativa de seis milhões foi feita depois de levantamentos de uma comissão de especialistas e de pesquisas com as empresas e o público em geral. Segundo Neri, o Brasil é um dos países com a menor proporção de imigrantes na população, o que reflete "um fechamento do País ao fluxo de pessoas". Os estrangeiros representam hoje 0,2% da população. Com a adição de seis milhões nos próximos anos, este percentual subiria para cerca de 3%.
O assunto, no entanto, é controverso e já causa debate entre os sindicatos de trabalhadores, que temem que a estratégia governista prejudique a força de trabalho local - que, de acordo com eles, é suficiente em termos numéricos, mas precisa de valorização e melhor qualificação.
Imprensa – SEESP
Com informação do portal Terra e da BBC Brasil
No setor público, então, a coisa é mais grave, não podemos nos esquecer que muitos técnicos especialiados, inclusive engenheiros, ficam muito tempo em funções administrativas ou confinados a funções específicas, precisando serem recapacitados como engenheiros.
Quando Dilma se preocupa com a falta de profissionais, não se refere somente à capacitação, mas à péssima distribuição, pois todos que se formam preferem ficar nos grandes centros urbanos. Precisamos resgatar ações como o Projeto Rondon e a prestação de serviço militar nas demais regiões do Brasil, em especial para os egressos das escolas públicas, para que o dinheiro dos impostos aplicado no ensino retorne em benefício à sociedade.