Uma das seis cidades que sediarão a Copa das Confederações, que acontece neste mês, entre os dias 15 e 30, a capital cearense está preparada para a competição, assim como para a Copa 2014. A afirmação foi feita pelo titular da Secopa no estado (Secretaria Especial da Copa 2014), Ferruccio Petri Feitosa, durante evento promovido em 17 de maio pela FNE e pelo Senge Ceará. Realizada no auditório da Fiec (Federação das Indústrias do Estado do Ceará), a atividade foi uma oportunidade para os governos estadual e municipal apresentarem os preparativos em Fortaleza voltados a esses eventos.
Primeiro palestrante da programação, Feitosa informou que o trabalho vem sendo desenvolvido desde 2007, quando o Brasil foi escolhido para sediar a Copa 2014. A partir de então, relatou, tiveram início os preparativos da cidade e ações promocionais junto a seleções estrangeiras, jornalistas e agentes de viagem. Entre os esforços, o secretário apontou o treinamento de mil voluntários com o apoio do governo federal e ainda a qualificação de 23.760 profissionais que serão treinados em 30 cursos nas áreas do comércio, turismo e serviços.
O grande destaque, segundo Feitosa, fica para a reforma da Arena Castelão, concluída em 24 meses, o que garantiu 120 dias de antecedência, sem acréscimos no valor final de R$ 486 milhões. De acordo com o secretário, entre os benefícios do estádio reformulado, que desde dezembro de 2012 já recebeu inúmeros eventos, entre eles o show de Paul McCartney em 9 de maio, está a garantia de acessibilidade com 2,6% dos 64 mil lugares destinados ao público com mobilidade reduzida e inexistência de pontos cegos.
Para ele, a obra “é exemplo vivo da importância dos profissionais da engenharia”. “Hoje, é a área que mais se valorizou, cerca de 1.500%. Isso se deve aos engenheiros, que fazem muito pelo desenvolvimento do Ceará e do Brasil”, afirmou. Feitosa destacou ainda como fundamental a matriz de responsabilidades acordada entre os governos federal, estadual e municipal. Isso gerou investimentos para o Ceará da ordem de R$ 1,6 bilhão. Sob responsabilidade do estado, além da arena, ficaram a linha VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) e inclusão de duas estações ao metrô de Fortaleza.
Capacidade de fazer
Responsável pelo evento no âmbito local, o secretário extraordinário da Copa, Domingos Neto, foi o palestrante seguinte e destacou os principais impactos trazidos pela oportunidade de sediar a competição esportiva. “Isso permitiu antecipar diversas obras que seriam feitas nos próximos dez anos. O melhor legado será em logística, portos e aeroportos e mobilidade urbana”, afirmou.
Ele aproveitou a oportunidade para criticar a burocracia para liberação de recursos pela CEF (Caixa Econômica Federal). “É preciso saber que a culpa dos atrasos não é só dos municípios. As obras do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) são mais ágeis e isso não é coincidência”, disparou.
Para o consultor da FNE, Artur Araújo, mais que avanços na infraestrutura, o grande ganho da Copa 2014 no Brasil será uma mudança de mentalidade quanto ao que o País pode fazer. Ele lembrou que já houve diversas previsões pessimistas em relação, por exemplo, à reforma dos estádios. “Uma revista semanal de grande circulação publicou que o Maracanã só ficaria pronto em 2038”, citou. “Há capacidade técnica e de realizar grandes obras, já provamos isso. O que temos pela frente é o desafio, diante do qual a Copa é café pequeno, de desenvolver o País com valorização do trabalho”, afirmou.
Na sua visão, num cenário de crescimento de demanda que gera dois problemas, um ligado ao volume da produção e outro à produtividade, a Copa torna-se uma amostra das tarefas que são de responsabilidade da engenharia. Essas incluem sanar os gargalos de infraestrutura, sobretudo em logística e energia, ampliar as instalações industriais e gerar inovação.
Gestão corporativa
A Copa deixa ainda como legados, avalia Araújo, a experiência nacional de gestão cooperativa entre as instâncias de governo, que é vital ao Brasil. “Os três níveis têm que conversar e chegar a uma solução. Estamos desenvolvendo uma tecnologia de gestão matricial que é muito importante. O desperdício por não haver gestão integrada é muito grande”, assinalou. Há ainda, destacou, know-how desenvolvido em estruturas transitórias para atender eventos e picos de demanda, sem que isso produza um “elefante branco”. Por fim, o consultor acredita que a implantação do RDC (Regime Diferenciado de Contratação) para os projetos da Copa pode ser um avanço no sentido de romper com o engessamento existente nas licitações pelos governos. “O controle público deve ser mantido, mas a Lei 8.666 (das Licitações) é um empecilho”, concluiu.
Encerrando o evento, o presidente da FNE, Murilo Celso de Campos Pinheiro, comemorou os esforços da entidade no sentido de apresentar soluções ao País. “Esse é o nosso papel.” Participaram ainda do evento a presidente do Senge, Thereza Neumann Santos de Freitas, e o coordenador do projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, Fernando Palmezan Neto. (Por Rita Casaro)
Fonte: Jornal Engenheiro – Edição 133/Junho de 2013 – da FNE