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26/02/2014

Opinião - Guarujá: novo caos à vista

Em vez de reuniões intermináveis para tentar equacionar os impactos do escoamento da safra agrícola, se as autoridades tivessem cumprido o organograma de obras previsto para a Baixada Santista teria sido melhor. Basta ver que a construção de um segundo acesso rodoviário à margem esquerda do Porto de Santos, em Guarujá, que estava prevista para 2013, ainda não saiu do papel.

A promessa agora é de que ainda no primeiro semestre de 2014 a obra terá seu início, desde que os órgãos ambientais liberam a construção. Será uma nova ligação entre a rodovia Cônego Domênico Rangoni e a Avenida Santos Dumont, paralela à Rua Idalino Pinez, mais conhecida como Rua do Adubo, com 600 metros de comprimento e 50 metros de largura.

Para tanto, a Prefeitura de Guarujá, em vez de desapropriar a área, como seria habitual, terá de pagar aluguel mensal de R$ 70 mil a duas empresas que são proprietárias de 40% da área por onde passará o novo acesso, mas esse valor será custeado pela Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), que utilizará a via na segunda etapa da Avenida Perimetral da margem esquerda. Orçada em R$ 1,8 milhão, a obra será bancada pelos terminais daquela área, ficando a Santos Brasil, operadora do Terminal de Contêineres (Tecon), responsável por 65% do valor e os demais terminais pelo restante.

Seja como for, a nova via de acesso irá ajudar na fluidez do trânsito urbano, mas não poupará os moradores dos inconvenientes do tráfego pesado, já que a Rua do Adubo continuará a receber os caminhões com contêineres, enquanto o novo acesso será exclusivo para os granéis que seguem em direção aos terminais.

Se tudo correr bem, os técnicos avaliam que em 90 dias será possível construir esse segundo acesso à margem esquerda, mas, de qualquer modo, parece claro que antes do segundo semestre de 2014, dificilmente, o tráfego poderá contar com essa alternativa. Isso significa que, apesar das promessas das autoridades de que a fiscalização seria redobrada, o que está ocorrendo é a repetição dos problemas enfrentados no ano passado, quando as vias portuárias e urbanas da Baixada Santista ficaram congestionadas pelo excesso de caminhões que trouxeram a safra, prejudicando o trabalho das demais empresas que nada têm a ver com a exportação agrícola.

Como a própria Prefeitura de Guarujá reconhece, até agora, só foram executadas medidas “paliativas”, como a obrigatoriedade de que cada caminhão desça a Serra do Mar com hora marcada para ser recebido no terminal. Mas, por enquanto, um em cada seis veículos tem descumprido a norma da Codesp. Multas já foram aplicadas, é verdade, mas não têm sido suficientes para impedir que o caos se instale na região, com o comprometimento da mobilidade urbana e das atividades comerciais e industriais.



* por Mauro Lourenço Dias, engenheiro eletrônico, é vice-presidente da Fiorde Logística Internacional, de São Paulo-SP, e professor de pós-graduação em Transportes e Logística no Departamento de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)











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Comentários  
# UMA AÇÃO METROPOLITANA É FUNDAMENTALuriel villas boas 27-02-2014 11:14
O artigo de um especialista em logítica tem argumentos que são irrefutáveis. Mas há uma questão maior, ou seja, os problemas citados não atingem apenas o municipio do Guarujá. E mais, há todo um complexo comunitário que precisa ser ativado. Não dá para ficar esperando a aplicação de medidas por parte dos organismos públicos ou privados. Muito mais do que isto, se faz necessário juntar representantes da classe politica em todos os níveis, citando-se no caos os legislativos e executivos, a classe empresarial, os sindicatos de trabalhadores,o s organismos representantes da classe economica, ou seja, a maior representação possível e que toda a Região Metropolitana seja envolvida. Entçao se pode dizer que as propostas encaminhadas poderão ter uma aplicação efetiva. Quando isto vai acontecer?
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