Esse foi o tema do último painel do “Seminário de Integração Latino-americana dos Trabalhadores Universitários”, no dia 23 de maio, na sede do SEESP. O evento foi realizado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados (CNTU).
Foto: Beatriz Arruda
"Imigração qualificada cresceu em torno de 63%", afirma professor da UnB
Inaugurando as falas, o professor da Universidade de Brasília (UnB) Leonardo Cavalcanti, do Centro de Pesquisas e Pós-graduação das Américas e do Observatório das Migrações Internacionais, salientou que a “imigração qualificada cresceu em torno de 63%”. Segundo ele, dos 200 milhões nessa condição em todo o mundo, 20% são trabalhadores qualificados. Uma das demandas crescentes, como frisou o especialista, tem sido por engenheiros e biotecnólogos. Diante desse cenário global, Cavalcanti apontou que tem havido uma mudança de visão. Inicialmente, enxergava-se nesse cenário a perda de competências sobretudo nos países pobres, em função da “fuga de cérebros” para os centros do poder. Hoje, o que se verifica “é o paradigma da circularidade, do intercâmbio de cérebros”, em especial a partir das chamadas tecnologias de informação e comunicação (TICs). Para ele, um dos desafios é se criar redes de cooperação e integração de programas acadêmicos, harmonizando “e fazendo um processo de intervenção diferente”.
“A integração é um tema que ao Uruguai preocupa muito, e temos muito a aprender com o Brasil, que é um continente”, afirmou José Luis Porto Carrasco, representante do Plenário Intersindical de Trabalhadores e da Convenção Nacional de Trabalhadores (PIT-CNT) junto ao Mercado Comum do Sul (Mercosul). Conforme ele, entre as barreiras para tanto está o idioma. Assim, deveria ser adotado nos países em que se fala espanhol, como segunda língua, o português e vice-versa. Ou ainda “construir idioma latino-americano, avançando nos pontos de contato entre ambos”. Nesse e em outros sentidos, Carrasco observou que “os intelectuais têm papel fundamental nessa integração e precisam estar a serviço da classe trabalhadora”. O início poderia ser, na sua ótica, “estabelecendo pontes de comunicação e conhecimento”. Ao que, disse, a CNTU tem grande papel e a oportunidade de compartilhar essa experiência de unificação. Ele convidou a confederação a participar dessa mobilização junto à associação que representa, contribuindo à elaboração do “capítulo Brasil” – o que foi aceito pelo presidente da entidade, Murilo Celso de Campos Pinheiro, que enfatizou ao encerramento: “Nossa intenção é fazermos um convênio entre os trabalhadores universitários do Uruguai e do Brasil. Devemos começar com a valorização de cada profissional. Estamos no caminho correto de trazer essa discussão, que é extremamente importante. Devemos nos unir para garantir melhores qualidade de vida e oportunidades de trabalho para todos da região, ao que convido-os a se unirem à CNTU.” Vice-presidente da entidade, Gilda Almeida – que, ao lado do diretor Wellington Melo, coordenou o evento –, concluiu: “A confederação caminha a passos largos para ser uma das maiores protagonistas nesse processo de integração junto às nossas profissões. É uma necessidade objetiva.”
Soraya Misleh
Imprensa SEESP