Uma profecia transforma-se em previsão se é trivial; se não, é tolice. Eu, por exemplo, teria feito uma previsão e acertado se tivesse dito que a grande final da Copa do Mundo seria disputada pelas duas melhores seleções.
Mas a minha profecia sobre a disputa entre Brasil e Argentina deu com os burros n’água. Los hermanos compareceram, mas nós (ai!), ficamos 70 vezes sete de fora (em linguagem bíblica).
Por falar em profecia quero compartilhar com os leitores um achado.
Em 1997, o presidente do Senado, José Sarney, organizou um livro de profecias sobre o terceiro milênio e o Brasil. É um catatau de quase 1000 páginas, chamado “O livro da profecia” e editado pelo Senado Federal.
Vários especialistas foram convidados a escrever, Chico Anysio sob o ócio (e humor), Pelé sobre o futebol, Elio Gaspari sobre a imprensa, Joãosinho Trinta sobre o carnaval e assim por diante, com lobistas entremeados.
Como os autores foram apresentados em ordem alfabética, o primeiro deles foi Almir Pazzianoto. Vou reproduzir um trecho de sua “Breve introdução à futurologia” (onde endossa com ênfase as profecias então correntes sobre o fim do emprego):
“Dentro de três ou quatro décadas, representantes do sexo feminino à parte se acharem na direção das grandes empresas, administrarão os principais municípios e capitais, serão governadoras de Estado e talvez tenham alcançado a presidência da República, além de formarem a maioria nas assembleias legislativas e no Congresso Nacional.”
Previsão ou profecia?
* por João Guilherme Vargas Netto, consultor sindical