O economista Ladislau Dowbor é o entrevistado desta semana no JE na TV, o programa semanal do Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo (SEESP). O professor titular no departamento de pós-graduação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), nas áreas de economia e administração aborda, entre outros temas, a contectividade entre as pessoas e os conhecimentos.
"A conectividade conecta as pessoas. Mas também conecta conhecimento. Antes se dava entre pessoas, se dá agora em base de sinais, ondas magnéticas. O pano de fundo disso é a economia do conhecimento também conhecida como economia criativa", explica Dowbor, lembrando que "o principal fator de produção está se tornando o conhecimento" que está cada vez mais acessível. Como exemplo, cita o pequeno agricultor, que hoje tem acesso à análise do solo, inseminação artificial, sementes melhoradas pesquisadas pela Embrapa, entre outras informações.
Acesso à banda larga
Questionado sobre a restrição dos mais pobres à conectividade, Dowbon compara o tráfego da rede ao caminhar pelas ruas: “não paga para andar na rua” mas o fato de a rua ser gratuita permite a instalação de uma farmácia, de um bar, que podem ganhar dinheiro com isso. “As aplicações do conhecimento, fazendo um paralelo, podem ser cobradas. Já a liberdade de acesso ao conhecimento é vital. É um pré-direito deve ser assegurado como bem público", justifica.
Ele também denuncia que os grandes grupos como Vivo, OI, TIM, Claro, "ganham literalmente cobrando pedágio sobre o acesso". "É como antigamente os senhores feudais cobravam pedágio cada vez que alguém atravessava as suas terras", compara. Para Dowbor, o Marco Civil da Internet é o instrumento jurídico que conseguiu impedir o avanço das operadoras de telefonia (teles) no ciberespaço, a partir de pacotes de serviços diferenciados, como ocorre atualmente com a TV a cabo.
O economista também lembra sobre a situação das comunicações no País, atualmente controlada por poucas famílias. E, da mesma forma como foi difícil disputar com as teles para aprovar um marco regulatório para a internet, também será para as comunicações: "A visão da comunicação como um bem público, do acesso como um bem público, a visão da cultura como cultura e não como indústria cultural pra ganhar dinheiro, isso é uma batalha. Veja como foi a batalha para aprovar essa lei do marco regulatório da internet, que assegurou o acesso universal. E veja as dificuldades que temos de democratizar a mídia no Brasil".
Apesar da luta de David e Golias, o professor da PUC-SP é otimista já que, após anos, finalmente alguns veículos de comunicação antes tidos como alternativos, agora se consolidam como opção dentro de um mercado, como o Portal Carta Maior, que está chegando a um milhão de leitores. "Trata-se de um conjunto de sistemas que estão saindo em paralelo. E o interessante é o seguinte: o que circula é por retransmissão das pessoas e não por alguém lá em cima que diz o que deve circular", comemora. Em seguida, aproveita para parabenizar o SEESP e outros sindicatos por abrirem espaço para debater essas questões.
Assista à entrevista na íntegra:
Imprensa SEESP