O povo brasileiro aguarda, com a respiração suspensa, a entrega à presidência da República do relatório da CNV.
Instituída em maio de 2012 teve até agora o tempo de prepará-lo, com audiências, entrevistas, depoimentos e investigações cobrindo o período de 1946 a 1988, mas concentrando-se em apurar as violações dos direitos humanos com a anuência do Estado durante a ditadura: assassinatos, sequestros, torturas, ocultamento de cadáveres, intervenções em sindicatos e outros terrores.
Além de produzir o relatório, os trabalhos da CNV deram força a uma série de iniciativas de comissões estaduais, comissões setoriais e ensejaram na grande mídia esclarecedoras coberturas sobre os crimes da ditadura.
No âmbito da CNV foram criados inúmeros grupos de trabalho.
Em cerimônia realizada segunda-feira, 8 de dezembro, na sede do sindicato dos Engenheiros, o grupo de trabalho “Ditadura e Repressão aos Trabalhadores e ao Movimento Sindical” entregou à comissária Rosa Cardoso suas recomendações à CNV. Das 43 recomendações apresentadas pelo GT, a CNV incorporou em seu relatório final, 18, o que demonstra, seja a seriedade do trabalho da CNV, seja a efetiva contribuição do GT.
Estimuladas pela regência da doutora Rosa, que como uma maestrina afinou os instrumentos das centrais sindicais e conseguiu executar a unidade de ação das dez centrais sindicais participantes (pela ordem em que assinam o folheto: CGTB, CSB, CSP, CTB, CUT, FS, Intersindical I, Intersindical II, NCST e UGT) inúmeras entidades apresentaram trabalhos sobre a memória da repressão; cito os do Centro de Memória Sindical, os do sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e os do sindicato dos Bancários de Santos.
A parte emocionante do evento correu por conta dos depoimentos de Mello Bastos (em filme), Clodesmidt Riani e Raphael Martinelle, dirigentes do Comando Geral dos Trabalhadores.
A luta continua.
* por João Guilherme Vargas Netto, consultor sindical do SEESP e da FNE