Público prestigia aula inaugural do Isitec, no dia 23 de fevereiro, na Capital paulista. Fotos Beatriz Arruda
Numa solenidade concorrida, com a presença de autoridades, professores, entidades sindicais e profissionais da tecnologia, o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aldo Rebelo, proferiu a aula inaugural da graduação em Engenharia de Inovação, do Instituto Superior de Inovação e Tecnologia (Isitec), na manhã desta segunda-feira (23/02), na Capital paulista. À abertura, o presidente do SEESP – entidade mantenedora da nova faculdade –, Murilo Celso de Campos Pinheiro, deu boas-vindas aos novos estudantes e falou do início do projeto: “Tirar as ideias do papel e colocá-las em prática tira, muitas vezes, o sono.” E completou: “Mas valeu à pena. Hoje recebemos os nossos primeiros alunos ilustres. Já digo que vocês são empreendedores e corajosos.” Na sequência, foi descerrada a placa com o nome do edifício do instituto, Professora Lucilla de Guimarães Campos Pinheiro.
Pinheiro destacou que o projeto nasce para ajudar o Brasil a enfrentar e
superar seus desafios de desenvolvimento
Pinheiro não tem dúvida que a nova escola será referência no ensino de engenharia no País, lembrando que o sindicato ao tomar esse grande e pioneiro passo não descuidará das bandeiras classistas, mas que não pode ficar desconectado às mudanças do século XXI, que tem à frente o avanço tecnológico e a inovação. Para o diretor-geral da instituição, Saulo Krichanã Rodrigues, professor de economia, muito mais difícil do que construir ativos financeiros e obras é construir o caráter e a alma de um projeto. E informou que os 57 alunos da primeira turma do Isitec estão inseridos num projeto que tem o “DNA” da engenheira com uma matriz educacional também inovadora.
Para vencer novos desafios
Na sua aula inaugural, Rebelo [foto ao lado] destacou que a engenharia está permanentemente associada à aventura humana pela sobrevivência e pela construção material da sociedade, observando que a própria civilização egípcia foi uma conquista da engenharia hidráulica ao controlar o regime de águas do rio Nilo para o uso humano, principalmente para a agricultura, numa área de deserto. No Brasil, lembrou, a base física da engenharia começa com a vinda da Corte Real de Portugal e na construção militar de fortalezas na costa brasileira e também no interior. “Foi o resultado da inteligência da engenharia civil aplicada à defesa, inicialmente, da coroa portuguesa.” Nesse sentido, a primeira escola de engenharia data de 1792 com o nome de Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho.
O ministro acredita que temos um país preparado para enfrentar e vencer os novos desafios do desenvolvimento, lembrando que encontrar petróleo na camada pré-sal não foi “um golpe de sorte”. “Foi a inteligência da engenharia e de outros profissionais, com anos de pesquisa e apostas, que levaram o Brasil a descobrir essa grande reserva de óleo e gás. Foi mais um êxito da nossa engenharia.”
Rebelo, todavia, observou que, em meio a tantas possibilidades, o País se depara, também, com grandes dificuldades, como a de se superar em ciência, tecnologia e inovação e aumentar a competitividade da indústria nacional. “Somos a sétima economia do mundo, mas estamos muito mal em inovação.” Falou, ainda, que em recente análise do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDCI), a exportação de alta tecnologia caiu muito, e a de baixa tecnologia aumentou. “O Brasil está perdendo o emprego industrial, e sabemos que a classe média urbana clássica é um fenômeno da industrialização.” Para ele, o País está num processo de perda de substância “da nossa indústria”.
“Devemos nos apoiar nas nossas virtudes, mas temos de ter consciência das nossas deficiências para poder superá-las”, defendeu. Nesse sentido, avaliou que o Isitec nasce num momento fundamental para o Brasil, onde precisamos melhorar a qualidade e a competitividade, usando a tecnologia e inovação em tudo. Para Rebelo, a faculdade dos engenheiros deve atender ao espírito de garantir, ao País, soberanias científica, tecnológica e de inovação, “para não virarmos colônia de ninguém”.
Rebelo não tem dúvida que o Isitec ajudará na construção de um país mais justo, mais desenvolvido e com maiores oportunidades profissionais.
A aula inaugural do Isitec contou com a presença do deputado federal Paulo Teixeira (PT/SP), dos vereadores paulistanos Eliseu Gabriel (PSB) e Gilberto Natalini (PV) e dos presidentes do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), José Tadeu da Silva; e do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (Crea-SP), Francisco Kurimori; dos diretores do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco), João Alberto Viol; e do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP), Sérgio Tiaki Watanabe; da vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Dora Fix Ventura; do secretário de Serviços do Município de São Paulo, Simão Pedro; e do presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Leonel Fernando Perondi; do ex-reitor da Universidade de São Paulo (USP), Hélio Guerra; do professor da Escola Politécnica da USP e coordenador do Conselho Tecnológico do SEESP, José Roberto Cardoso.
* Leia, aqui, o discurso, na íntegra, do presidente do SEESP, Murilo Celso de Campos Pinheiro.
Rosângela Ribeiro Gil
Imprensa SEESP