O Tecnoblog entrevistou o professor Antonio Carlos Sementille, especialista em realidade virtual e realidade aumentada. Ele é professor adjunto do Departamento de Computação da Faculdade de Ciências da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Ele vai explicar as inúmeras utilidades dos gadgets que estão surgindo, em áreas como medicina, engenharia e educação e as tecnologias que mexem com a realidade aumentada e a virtual. A seguir, publicamos trechos da entrevista, que pode ser acessada no link ao final desta página.
Foto: Tecnoblog
Sementille: "Na realidade aumentada, a ideia é aumentar a realidade com informações adicionais
devidamente alinhadas com a visão do usuário e do mundo real. Esse é o objetivo."
Tecnoblog — Quais são as diferenças práticas entre a realidade virtual e aumentada?
Antônio Carlos Sementille — Essas duas áreas de pesquisa são complementares. A realidade virtual (RV) consiste em você criar um ambiente totalmente gerado pelo computador, 100% virtual. O usuário pode interagir com esse ambiente, e o ideal seria que ele emergisse nele; ou seja, tudo que ele veria ali seria gerado por computador.
É muito comum usar capacetes de realidade virtual, para justamente o usuário não ver mais o mundo real. As aplicações, do ponto de vista da interação com o usuário, ficariam um pouco mais complexas. Como ele não está vendo o mundo real, como é que ele vai interagir com os objetos? Por isso, usa-se luvas que capturam a posição das mãos e dos dedos, sensores que verificam onde está a posição da cabeça do usuário para ajustar a imagem que ele está vendo etc..
Além da imersão, da interação do usuário, outro problema na realidade virtual é o envolvimento do usuário. É importante que a aplicação convença o usuário de que aquilo ele está vendo é real. Um exemplo muito comum das aplicações de RV são os jogos digitais. Os games de hoje, em grande parte, são considerados como aplicações da realidade virtual. Só que a maioria deles é o que a gente considera como não imersivo, ou seja, você joga olhando para a tela do computador e continua vendo o mundo real em volta.
No caso da realidade aumentada (RA), o usuário continua vendo o mundo real, complementado de alguns elementos virtuais. De repente, eu olho para um motor real de automóvel e vejo o interior dele com as válvulas se mexendo e a explosão acontecendo, por exemplo, mas eu continuo vendo o mundo real.
Ou eu olho para uma pessoa e vejo informações sobre ela, quem ela é, que escolaridade ela tem, etc. Na realidade aumentada, a ideia é aumentar a realidade com informações adicionais devidamente alinhadas com a visão do usuário e do mundo real. Esse é o objetivo. Também, de certa forma, iludir os sentidos humanos, mas é uma ilusão mais tênue porque o usuário continua vendo o mundo real.
Por isso que eu acredito que, daqui pra frente, será muito mais comum as aplicações móveis de realidade aumentada. Você sai por aí vendo o mundo real, complementado das informações virtuais.
Tecnoblog — E a realidade virtual, também tem aplicação na medicina?
Sementille — Sim, sim. Primeiramente ela foi usada no ensino, na propaganda, na medicina, os games. Na medicina, a ideia é a simulação. Você não está vendo o mundo real, e sim um mundo simulado, então você pode simular procedimentos médicos. Existem equipamentos já antigos que simulam o uso equipamentos médicos, como uma seringa ou um bisturi.
Existem também os equipamentos hápticos que criam uma sensação de força contrária para o usuário, dando uma espécie de feedback. Por exemplo: ele está usando um capacete e vendo o corpo humano, vendo o que ele deve fazer numa punção. Ao segurar um equipamento desse tipo, ele sente uma força contrária à medida que ele está interagindo com um modelo virtual. Isso para treinamento — não dá pra fazer isso com um paciente real.
Tecnoblog — A realidade virtual pode ser usada até para gerar mais empatia nas pessoas. Pesquisadores conseguem simular condições como surdez ou enxaqueca, por exemplo.
Sementille — Justamente, isso é possível. Auxílio no tratamento de fobias, também. Pra uma pessoa que tem fobia de avião, por exemplo, simula-se que ele está dentro de um avião. É claro que seria melhor se todo um aparato fosse criado para sacudir a cadeira, por exemplo. Mas isso não é novo.
Também dá pra tratar aracnofobia, também. Você cria umas aranhas virtuais. E nisso até a realidade aumentada é melhor, porque o usuário continuaria vendo o mundo real, como uma mesa em que aranhas estão subindo nela e indo para a pessoa. Você teria um grau de convencimento maior com aplicações de RA do que com RV. Tem desenvolvimento nessa área também.
A realidade aumentada já é usada há mais de uma década com caças. São projetadas no cockpit do caça informações para o piloto. Também existem capacetes de RA para os pilotos há muito mais tempo, só que eles custavam US$ 250 mil. É claro, não se compara com o valor do avião.
Tecnoblog — E as aplicações fora da medicina?
Sementille — Na área do marketing, foi desenvolvida uma aplicação recente usando o Kinect, por exemplo, que captura-se o corpo de uma pessoa e ela pode ir trocando a vestimenta, adaptada ao corpo. Dá pra criar aplicações em que você navega dentro de um apartamento virtual antes dele ser construído, por exemplo.
No caso da educação, tem aplicações diversas, porque aí você não precisaria ter laboratórios de física ou química, você poderia simular isso pelo computador.
Na engenharia, o pessoal também usa bastante. Você pode acompanhar o desenvolvimento de uma obra apontando o tablet ou usando capacete e vendo já o prédio virtual como ficaria, ou naquele estágio da construção, onde ele deveria estar e como ele está agora.
Além de implementar manuais de carros, o pessoal da indústria mobilística usa a realidade virtual e aumentada na área de design de produtos também. Para mudar o painel de um carro, por exemplo, dá pra mexer por RV, ampliando e entrando dentro do painel. Mas tudo vai ser virtualizado.
No caso da realidade aumentada, a pessoa pode entrar no automóvel real e enxergar um novo painel ali. Ela pode mudar isso para deixar mais bonito, ergonômico, dentro de um carro real. Isso é interessantíssimo, porque eu preciso contrastar o real com o virtual, será que fica bom num carro de verdade?
Antigamente, você tinha que fazer um protótipo em escala, às vezes até natural para ter essa ideia. Hoje não, você pode lidar com modelos virtuais. Antigamente era só na tela do computador, agora existe uma visão projetada.
O grande problema é desenvolver aplicações para esse tipo de equipamento. É claro que isso vai se tornar cada vez mais frequente com a popularização do equipamento.
Tecnoblog — E o que esperar para o futuro das realidades aumentada e virtual?
Sementille — Temos que aguardar os próximos lançamentos da indústria, porque a popularização vem sempre pela indústria. O trabalho da academia com a indústria.
Eu aguardo com expectativa o aparecimento de novos equipamentos e novos SDKs que permitam o desenvolvimento de aplicações para RA. A plataforma pode ser mobile, tablet, HoloLens, e outros. Mas o problema é: como desenvolver aplicações rapidamente, e com qualidade, para esses equipamentos?
As fabricantes devem oferecer também alternativas para o desenvolvimento. Por exemplo, no caso do HoloLens eles utilizam bastante uma plataforma de games chamada Unity 3D, ambiente gráfico feito primeiramente para games mas hoje está sendo usado para simulações e experimentos científicos.
Alguém que já aprende o Unity também tem capacidade para criar aplicações para o HoloLens, por exemplo, porque ela conhece a plataforma gráfica de desenvolvimento. E o HoloLens é mais uma forma de exibir isso. Poderia ser na tela do computador, mas está sendo diante do olhar do usuário.
Fonte: Tecnoblog. Para ler a entrevista na íntegra clique aqui.
A água sustenta a vida. Está aí o seu valor. É produto único e sem similaridade. O que dá valor a um bem ou a um insumo é a escassez. Mesmo sendo vital, quando um insumo é abundante, como ar, no sentido que excede a demanda interna e não pode ser exportado ou armazenado, o excedente vale zero. Não existe ninguém para comprá-lo. Quando pode ser estocado, a estratégia de valoração é retirá-lo do mercado.
Tem um aspecto interessante. A água pode tornar-se escassa no local onde ela é abundante.
Exemplo: o Rio Grande nasce na Serra da Mantiqueira, em Minas, ajuda a formar a represa de Furnas, deságua no Paranaíba para chegar ao Rio Paraná. A água de Furnas é usada para gerar eletricidade e o consumo urbano, então a água pode tornar-se escassa no local onde é abundante. E qual o seu preço? É o mesmo que as hidroelétricas pagam, quando captam a água para gerar eletricidade. Ou, então, o que pagam as empresas que abastecem os consumidores urbanos, quando captam a água. Como não pagam nada no momento da captação, o preço da água para agricultura é zero nesse caso. E se as represas estiverem vertendo água, além da quota mínima? Aí não existe escassez, e, portanto, nada há a pagar.
Além da complexa lei do mercado, a água, como recurso natural, tem muitos componentes e situações. Existe até o custo de oportunidade. No exemplo acima, há alternativas de uso. Obviamente, é mais lucrativo vender para quem paga mais. Num bem tão importante, saber quem paga mais é muito complicado. Digamos que a agricultura pague menos. Perderia a competição para outros usos, possivelmente com sérias consequências para abastecimento alimentício interno e as exportações.
A água para consumo humano é prioritária. Por isso, há leis, portarias, incentivos e proibições. É o caso típico das licenças para a irrigação. Como consequência, pode haver redução da produção e, num extremo, fome. Como avaliar isso? O mercado fornece apenas parâmetros, mas a decisão final lhe escapa. Quem fica com a decisão? A sociedade e, por fim, o governo por meio das instituições e regulações. Da mesma forma, a cobrança de tarifa de água na captação é competência do governo que pode se valer de leilões especialmente planejados. O que é raramente é praticado.
Argumenta-se que as hidroelétricas devolvem a água para o rio e, sendo assim, nada têm a pagar. Se na jusante das represas houver consumo humano, e a produção de eletricidade reduzir a água para consumo humano, caracteriza-se a escassez. Ainda há o fato de que as represas evaporam muita água que não forma nuvens nas regiões que interessam. Um dado: só a evaporação da represa de Sobradinho equivale à vazão outorgada do Rio São Francisco.
Quando inexistem as represas, havendo abundância de água, o preço para quem for captá-la é zero. Há celebrado teorema da teoria econômica que diz que, quando a quantidade disponível de um insumo excede seu uso, seu preço é zero. O teorema apenas capta e, muito bem, o significado de escassez. Por que pagar pelo excedente de um bem que superou o consumo? Quem tiver recursos pode comprar a sobra, desde que o bem não seja perecível, e vender no próximo ano. Isso é que se chama corretamente de especulação. Aí, o conceito de sobra é mal usado. Tem que incluir a demanda dos especuladores para medir corretamente a sobra.
As estatísticas mostram que a agricultura consome 70% da água usada pelo ser humano. E quanto do ar a agricultura consome? Ninguém fala disso, exatamente porque o preço do ar é zero. Antes de glorificar esse tipo de estatística, deveria ser salientado que, na maioria das situações, a agricultura não está competindo com alternativa. No caso, consome um bem cujo preço é zero. Ouço falar que o Brasil é grande exportador de água por ser grande exportador de produtos da agricultura. Ninguém se lembrou de perguntar quanto vale a água exportada. Na mesma linha de raciocínio, a agricultura é criticada por competir com a geração de energia. Uma verdade parcial. Cabe perguntar, se fosse o caso, o que é mais importante produzir — comida ou energia?
Há políticas para lidar com escassez de água que limitam o mercado, como cobrar tarifas mais elevadas dos que consomem acima de certo padrão e multas para o consumo exagerado. De modo geral, quando a escassez é crítica, usa-se o racionamento. Por ele, os mais pobres são os mais prejudicados. Também proibições, como o uso de água para irrigação, frequentam as agendas dos governantes, embora ineficientes. Se a escassez de água persistir, é melhor cobrar tarifa na hora da captação. É a forma mais eficiente de racionamento. Qual é o grande problema dessa política? Normalizada a chuva, o governo continuará a cobrar a tarifa. Por isso, essa opção é rejeitada.
A argumentação mantém fixa o valor da tecnologia. Há muitas inovações que têm enorme poder de economizar água como o plantio direto, pequenas represas, cultivares que consomem menos água. Exemplo: foi descoberto pelo Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia um gene que aumenta a tolerância à seca na cultura do café. E já existe tecnologia para transferir esse gene para outras plantas. Mais: há equipamentos de irrigação muito eficientes que consomem muito menos água que os em uso. Os irrigantes precisam de financiamento para comprá-los. O que faz a tecnologia? Liberta o homem dos grilhões do mercado e da natureza.
* Eliseu Roberto de Andrade Alves, pesquisador e fundador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), foi presidente da Embrapa e da Codevasf
Quem quer que use os serviços do Uber, esse aplicativo para telefone celular que mobiliza um serviço de transporte semelhante ao prestado pelos taxistas, relata a mesma coisa: é atendido com rapidez por um motorista muito atencioso em um automóvel novo, com água gelada, revistas e jornais do dia. Logo descobre ser possível conectar-se a outro aplicativo, que lhe permite escolher músicas a seu gosto durante o trajeto. A despesa é até 35% inferior à de um táxi tradicional, e a cobrança é online, sem manuseio de dinheiro ou cartões de crédito, com recibo enviado por e-mail.
O Uber é um dos frutos da nova globalização, definida não apenas pela troca de bens, serviços e capital entre países, mas também, e cada vez mais, por tudo que envolve fluxos de dados e informações digitais, como comércio eletrônico, computação em nuvem, videogames, redes sociais, dentre outros. Em estudo recente, o Instituto McKinsey Global, de Nova Iorque, concluiu que os fluxos transfronteiriços de bens, serviços, finanças, pessoas e dados, na última década, aumentaram o PIB global em cerca de 10% − em 2014 um valor equivalente a cerca de US$ 7,8 trilhões. Os fluxos de dados e informações representaram cerca de US$ 2,8 trilhões deste ganho. O que é surpreendente, pois os negócios de base digital só se tornaram possíveis há cerca de 15 anos, enquanto o comércio tradicional existe há séculos.
Uma nova globalização está nascendo com a transformação digital, fenômeno que produz profundas mudanças na forma como a tecnologia é criada, gerenciada e consumida. Se, há vinte anos, menos de 3% das pessoas tinham um telefone celular, hoje, mais de 65% dos habitantes do planeta têm um. Com a revolução digital, novas formas de trabalho e negócios estão surgindo, com impactos para trabalhadores, clientes, fornecedores e parceiros de todas as organizações, públicas ou privadas. A transformação digital expande oportunidades para que mais empresas, indivíduos e países participem da economia global. E muda o eixo dos negócios, já que empresas tradicionais, que, por exemplo, buscam vantagem competitiva em mão de obra abundante e barata, perderão espaço para aquelas que apostam em tecnologia e inovação.
Essa mudança pode acentuar assimetrias, já que a lógica da nova economia digital favorece francamente as economias desenvolvidas, cujas indústrias avançam rapidamente para a fronteira da nova globalização. Deficiências em infraestrutura, que impactam a conectividade com o mundo digital, e em educação, que limitam a capacidade criativa e inovadora e o acesso aos serviços e bens do mundo digital, são dificuldades críticas para a participação dos países em desenvolvimento na nova economia. Isso pode levar a rupturas e exclusão, exigindo dos governos novas formas de apoio e suporte aos excluídos digitais. Cerca de 3,2 bilhões de pessoas no mundo já acessam a internet, mas, em 2015, outros quatro bilhões de pessoas ainda permaneciam desconectados do mundo digital.
Esta rápida mudança tecnológica representa um imenso desafio para países como o Brasil, que precisarão, em curto espaço de tempo, redesenhar setores e negócios, da indústria pesada à agricultura e ao setor de serviços, para se alinharem ao novo cenário competitivo. Novos players, como o Uber, representam grande desafio para os negócios tradicionais, pois oferecem vantagens substanciais aos consumidores e ganham espaço com rapidez. Além disso, o impacto da transformação digital no mercado de trabalho precisará ser cuidadosamente considerado. Estudo recente concluiu que as tecnologias digitais em uso têm potencial para automatizar até 45% das tarefas realizadas pelas pessoas, o que, apenas nos EUA, equivaleria a uma economia anual de US$ 2 trilhões em salários.
É certo que o Brasil precisará ajustar diversos setores da sua economia, seja finanças, varejo, transporte, logística, etc, a esta nova realidade. Por exemplo, segmentos estratégicos da agricultura e da bioeconomia − economia sustentável baseada em recursos biológicos e processos limpos e renováveis − são espaços privilegiados para o país na nova globalização digital. Nesses setores essenciais, conquistar a fronteira tecnológica não é só um desafio comercial, mas um imperativo estratégico. Ao incorporar, por exemplo, práticas e processos de precisão, amplo uso de sensores e mecanismos sofisticados de previsão e resposta a variações de clima, a agricultura, que é um importante pilar da economia brasileira, poderá assegurar equilíbrio nas três vertentes da sustentabilidade – econômica, social e ambiental, o que é uma exigência dos consumidores em todo o mundo.
Mas é preciso compreender que a transformação digital não é apenas um destino a alcançar, mas uma jornada feita de mudanças contínuas em processos e modelos de negócios. Com a dinâmica alucinante que marcará o futuro digital, uma coisa é certa: o mundo experimentará uma nova globalização e aqueles que resistirem, presos aos paradigmas da era pré-digital, irão perecer ou viver pressionados por constantes "ventos e trovoadas".
* Maurício Antônio Lopes é presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)
Alunos da Universidade de São Paulo (USP), em São Carlos, lançaram no dia 14 de maio último uma sonda experimental à estratosfera. A missão, que foi batizada como Garatéa, faz parte de um projeto do grupo Zenith, formado por estudantes de graduação da Escola de Engenharia da mesma instituição (EESC-USP), que realizam trabalhos extracurriculares na área de engenharia aeroespacial.
O grupo tem como proposta desenvolver e difundir tecnologias aplicadas ao setor aeroespacial para estimular e ampliar a visibilidade dessa área do Brasil. O objetivo do lançamento da sonda, que foi levada por um balão meteorológico com gás hélio, é expor microorganismos extremófilos em condições extremas para analisar sua capacidade de sobrevivência e os danos moleculares sofridos.
Fonte: Agência USP de Notícias
Surpreendi uma discussão entre um fundamentalista religioso e um dirigente sindical. Quero destacar que o religioso nem mesmo distingue César de Deus, porque, para ele, feliz é a nação cujo Deus é o senhor.
A discussão, é óbvio, era sobre direitos, quem os tem e quais os seus alcances. O religioso afirmava os direitos mais que pétreos da Bíblia, direitos que seriam apenas a contrapartida de deveres impostos pela queda. Nisto ele se assemelhava a um RH de empresa medíocre, aquele que fala colaborador em lugar de empregado, mas regateia benefícios.
O dirigente sindical, terreno, procurava apoiar-se na Constituição e na CLT [Consolidação das Leis do Trabalho]. Levou um banho de água fria.
– Como comparar a Bíblia a estes dois papeluchos? A Constituição, embora escrita “sob a proteção de Deus”, é obra humana, imperfeita e falível. Já foi modificada 90 vezes por meio de emendas. Deus, que fez o homem, ao refazê-lo, usou apenas um dilúvio quase definitivo. Quanto à CLT, obra humana por excelência (e o que é pior, obra humana que diz respeito ao trabalho e aos interesses materiais e que colhe as nozes e não vê a nogueira) como pode ser comparada à Bíblia? O que são os seus 70 anos comparados aos milênios bíblicos? Como comparar Deus, seu autor, a um suicida como Getúlio Vargas?
Depois desta atordoante cascata de religiosidade o dirigente sindical – cujo comportamento, diga-se de passagem, era de um verdadeiro ativista sindical – fez o que qualquer dirigente experimentado faria: buscou ainda alguma vantagem, procurou negociar alguma coisa.
– Então, levando-se em conta os seus fundamentos, as férias deveriam ser de, no mínimo, 50 dias por ano, porque Deus trabalhou seis dias e descansou no sétimo.
– Profano e impertinente! refutou o religioso: Quem como Deus?
* João Guilherme Vargas Netto, consultor sindical
A seguir, transcrição, na íntegra, de manifesto assinado por várias instituições ligadas à pesquisa e ao desenvolvimento científico do País, defendendo a inovação como motor do desenvolvimento nacional:
A possível fusão entre o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e o Ministério das Comunicações, que tem sido noticiada pela imprensa, é uma medida artificial que prejudicaria o desenvolvimento científico, tecnológico e de inovação do país.
É grande a diferença de procedimentos, objetivos e missões desses dois ministérios. A agenda do MCTI é baseada em critérios de mérito científico e tecnológico, os programas são formatados e avaliados por comissões técnicas que têm a participação da comunidade científica e também da comunidade empresarial envolvida em atividades Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação. Essa sistemática é bem diferente da adotada pelo Ministério das Comunicações, que envolve relações políticas e práticas de gestão distantes da vida cotidiana do MCTI.
Além disso, há uma enorme diferença de missões. O leque de atividades na área das comunicações inclui concessões de emissoras de rádio e televisão, empresas de correio, governança da internet, fiscalização de telefonia e TV paga. Na área do MCTI, estão o fomento à pesquisa, envolvendo inclusive a criação de redes multidisciplinares e interinstitucionais de pesquisadores, programas temáticos em diversas áreas importantes para a sociedade brasileira, fomento à inovação tecnológica em empresas, administração e fomento das atividades envolvendo energia nuclear, nanotecnologia, mudanças climáticas e produção de radiofármacos, entre tantas outras. O MCTI é responsável ainda por duas dezenas de institutos de pesquisa, envolvendo pesquisa básica e aplicada em um grande número de temas: da biodiversidade amazônica a atividades espaciais; da matemática pura ao bioetanol; da computação de altíssimo desempenho ao semiárido nordestino.
A junção dessas atividades díspares em um único Ministério enfraqueceria o setor de ciência, tecnologia e inovação, que, em outros países, ganha importância em uma economia mundial crescentemente baseada no conhecimento e é considerado o motor do desenvolvimento. Europa, Estados Unidos, China, Coréia do Sul, são alguns exemplos de países que, em época de crise, aumentam os investimentos em P&D, pois consideram que esta é a melhor maneira de construir uma saída sustentável da crise.
O MCTI e suas agências têm desempenhado papel fundamental para o avanço da ciência e da tecnologia e, por consequência, para o protagonismo do Brasil no cenário científico global. Se há duas décadas o Brasil ocupava a 21ª posição no ranking mundial da produção científica, hoje já se encontra no 13ª lugar. No mesmo período, a produção científica mundial cresceu 2,7 vezes; a do Brasil cresceu 6,83 vezes - índice semelhante ao da Coréia do Sul (7,15) e superior a tantos outros países, como Canadá (2,14), Alemanha (2,0), Reino Unido (1,92), EUA (1,67) e Rússia (1,6).
Foi também a partir da existência do MCTI que o Brasil conseguiu fazer florescer um sistema de ciência, tecnologia e inovação de abrangência nacional. Hoje, todos os Estados da Federação contam com sua secretaria de ciência e tecnologia e com sua fundação de amparo à pesquisa.Sob a liderança do MCTI, o Brasil despertou e se mobilizou para a construção de um marco legal condizente com as aspirações de nossas instituições de pesquisa e empresas que trabalham pela geração de inovações tecnológicas e pelo aumento da competitividade da economia brasileira. Foi assim que nasceram a Lei de Inovação (2004), a Lei do Bem (2005), a Lei de Acesso à Biodiversidade (2015) e o Novo Marco Legal da C,T&I (2016).
A nova política industrial brasileira, baseada na melhoria da capacidade inovadora das empresas, também só foi possível em razão da existência do MCTI e sua capacidade de articulação entre os universos acadêmico e empresarial. Deve-se registrar ainda a atuação transversal do MCTI em diversas áreas do governo federal e da sociedade, como saúde, educação, agropecuária, defesa, meio ambiente e energia.
Por essas e outras razões, cumpre preservar o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Cada vez mais o MCTI deve ser reforçado, com financiamento adequado e liderança que olha o futuro, para que possa cumprir eficazmente sua missão de beneficiar a sociedade brasileira com os resultados da ciência e da tecnologia e promover o protagonismo internacional do país. Diminui-lo pela associação com setores que pouco têm a ver com sua missão compromete aquele que deve ser o objetivo último das políticas públicas: garantir um desenvolvimento sustentável nos âmbitos, econômico, social e ambiental.
São Paulo, 12 de maio de 2016.
Academia Brasileira de Ciências, ABC.
Academia de Ciências do Estado de São Paulo, ACIESP.
Academia Nacional de Medicina, ANM.
Associação Brasileira de Universidade Estaduais e Municipais, ABRUEM.
Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores, ANPROTEC.
Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras, ANPEI.
Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior, ANDIFES.
Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras, CRUB.
Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa, CONFAP.
Conselho Nacional de Secretários Estaduais para Assuntos de C,T&I, CONSECTI.
Fórum de Pró-Reitores de Pesquisa e Pós-Graduação, FOPROP.
Fórum Nacional de Gestores de Inovação e Transferência de Tecnologia, FORTEC.
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, SBPC.
Com o propósito de levantar dados consistentes sobre a situação das cidades brasileiras, o Conselho Assessor de Transportes e Mobilidade Urbana do Conselho Tecnológico do SEESP realiza mais uma rodada de debate no próximo dia 19 de maio, às 15h, na sede do sindicato, na Capital paulista (Rua Genebra, 25, Bela Vista). Desta vez o tema em questão será a redução de velocidades nas vias urbanas e suas consequências na vida da cidade.
Em discussão os impactos da redução dos limites de velocidade nas vias urbanas, abordando, entre outros aspectos, a fluidez como prioridade à gestão de tráfego e tecnologias disponíveis para tanto, a diminuição/aumento dos tempos de viagem, a segurança viária e os ajustes na programação semafórica. Estão programados para as mesas o diretor de Planejamento da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), Tadeu Leite Duarte (Redução de velocidade urbana x melhoria de fluidez); o assessor técnico da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) e diretor do Instituto Movimento, Eduardo Alcântara Vasconcelos (Visão social da política da gestão do tráfego); e o diretor de Mobilidade Urbana da Digicon, Hélgio Trindade Filho (Aplicação da tecnologia para melhoria da mobilidade urbana).
Para mais informações e inscrições pelo telefone (11) 3113-2641 ou pelo e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..
Rosângela Ribeiro Gil
Imprensa SEESP
No dia 30 de junho próximo, acontece a 15ª Conferência de Produção Mais Limpa e Mudanças Climáticas, na Capital paulista. O objetivo do evento é intermediar o diálogo entre cidadãos, instituições, iniciativa privada e governo, para aprofundar a discussão sobre os três pilares da sustentabilidade: ambiental, econômico e social, além de propor políticas públicas e legislações de caráter mais objetivo e resolutivo.
Evento gratuito que na primeira edição em 2002, reuniu 350 pessoas, 6 parceiros e em 2015 contou com mais de 3.000 participantes e 350 parceiros.
Nessa edição, o tema a ser tratado é “Bairro a Bairro: São Paulo mais verde. Mudanças Climáticas- Desdobramentos da COP21”. A palestra magna será ministrada pelo urbanista Cândido Malta que é o responsável pela criação de políticas de desenvolvimento urbano em diversas cidades brasileiras e na sequência dois painéis contarão com a presença de especialistas da iniciativa privada, governo, universidade e terceiro setor.
Na área de exposição da conferência, o público terá oportunidade de conhecer diversos exemplos de projetos, produtos e serviços alinhados às questões de sustentabilidade, com o conceito de produzir mais e melhor com menos.
Para mais informação e inscrição clique aqui.
Rosângela Ribeiro Gil
Imprensa SEESP
Dando prosseguimento ao debate sobre sistema de transporte nas cidades, o Conselho Assessor de Transportes e Mobilidade Urbana do Conselho Tecnológico do SEESP realiza, nesta quinta-feira (12/05), às 15h, a palestra “Panorama da bilhetagem eletrônica no sistema de transporte por ônibus na cidade de São Paulo”, com o diretor de Gestão Econômico-financeira da São Paulo Transportes (SPTrans), Adauto Farias. O evento, que acontece na sede do sindicato (Rua Genebra, 25, Bela Vista, SP), é aberto.
E no dia 19 próximo, também às 15h e no mesmo local, o conselho coloca em pauta importante discussão sobre os impactos da redução dos limites de velocidade nas vias urbanas, abordando, entre outros aspectos, a fluidez como prioridade à gestão de tráfego e tecnologias disponíveis para tanto, a diminuição/aumento dos tempos de viagem, a segurança viária e os ajustes na programação semafórica. Estão programados para as mesas o diretor de Planejamento da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), Tadeu Leite Duarte (Redução de velocidade urbana x melhoria de fluidez); o assessor técnico da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) e diretor do Instituto Movimento, Eduardo Alcântara Vasconcelos (Visão social da política da gestão do tráfego); e o diretor de Mobilidade Urbana da Digicon, Hélgio Trindade Filho (Aplicação da tecnologia para melhoria da mobilidade urbana).
Para mais informações e inscrições pelo telefone (11) 3113-2641 ou pelo e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..
Rosângela Ribeiro Gil
Imprensa SEESP
O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) realiza, em conjunto com várias centrais sindicais, o seminário “Enfrentando o desemprego – desafios da luta sindical”, no dia 24 de maio próximo, das 9h às 17h30, no auditório da Escola Dieese de Ciências do Trabalho, no Centro de São Paulo (Rua Aurora, 957, próximo ao Metrô República).
O objetivo da atividade é aprofundar a análise sobre a situação atual do desemprego no País, identificando as principais características e tendências do problema, além de mapear políticas e programas para enfrentá-lo.
As inscrições são gratuitas e a programação contará com mesas de diagnóstico e de propostas. Confira todas as informações aqui.
Rosângela Ribeiro Gil
Imprensa SEESP