No dia 17 de março próximo, acontece a solenidade de posse da diretoria do Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo (SEESP), para o quadriênio 2014-2017, às 20h, na Assembleia Legislativa, em São Paulo. Na ocasião, será realizada homenagem, também, aos 80 anos de existência do sindicato, que serão completados no dia 21 de setembro. A cerimônia deverá ser prestigiada pelos profissionais da categoria e autoridades, como representantes dos três níveis de governo e parlamentares. O evento será seguido de coquetel no mesmo local.
Reconduzido ao cargo de presidente da entidade – em eleição realizada em abril de 2013 –, Murilo Celso de Campos Pinheiro reafirma os compromissos da gestão “Trabalho-Integração-Compromisso” em defesa intransigente dos direitos e interesses legítimos da categoria. “A grande motivação é continuar trabalhando em defesa da nossa categoria, que tem extrema importância para o bem-estar da população e o desenvolvimento nacional, como o respeito ao seu piso profissional previsto na Lei 4.950-A/66, seja no setor público ou nas empresas privadas”, observa Pinheiro.
Sempre integrado ao conjunto do movimento sindical, o SEESP também atua no sentido de colaborar com as lutas coletivas e a unidade das entidades. Portanto, como ressalta o presidente, será mantida a posição, por exemplo, contra o projeto que pretende ampliar a terceirização no País e que, na prática, tira direitos históricos dos trabalhadores; pelo fim do fator previdenciário e pela redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, entre outras bandeiras fundamentais. Reafirma, ainda, que a parceria constante e privilegiada será com a Federação Nacional dos Engenheiros (FNE) e com a Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados (CNTU), entidades também presididas por Pinheiro.
80 anos de ações em prol do engenheiro
2014 é um ano ainda mais importante para a categoria, como realça Pinheiro, porque no dia 21 de setembro o SEESP comemora 80 anos de fundação. “Temos orgulho de falar que é uma existência focada em ações que tiveram sempre como objetivo melhorar as condições de trabalho e vida dos engenheiros.” Em sua trajetória, o sindicato tem promovido seminários e debates nas áreas de transporte e mobilidade urbana, habitação, energia, saneamento básico e meio ambiente, sempre engajados ao projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, lançado, em 2006, pela FNE. A continuidade do trabalho prossegue, ainda, com investimentos na estrutura de atendimento ao associado e seus familiares.
Entre as conquistas, o sindicato se fortaleceu como representante da categoria nas negociações coletivas, que abrangem mais de 100 mil profissionais em todo o Estado. A ampliação da Bolsa de Empregos, o Plano de Saúde do Engenheiro e o SEESPPrev - o plano de previdência complementar da categoria. O sindicato também tem em sua estrutura o Conselho Tecnológico que, entre outras atribuições, escolhe os agraciados para o prêmio Personalidade da Tecnologia, concedido todos os anos por ocasião do Dia do Engenheiro, comemorado no dia 11 de dezembro.
Um dos pontos fortes de atuação do sindicato é com a atualização na formação do engenheiro, “uma necessidade imperativa, que será estimulada e apoiada”, enfatiza o sindicalista. Um instrumento essencial para tal é o Instituto Superior de Inovação e Tecnologia (Isitec), cuja entidade mantenedora é o próprio SEESP, já credenciado pelo Ministério da Educação. “A nossa faculdade será uma excelente opção para cursos de extensão e pós-graduação.”
Outra conquista da gestão diz respeito à estrutura de atendimento aos engenheiros. A sede em São Paulo foi modernizada e foram adquiridos imóveis em Bauru, Campinas, Lins, Presidente Prudente e São José dos Campos, que hoje têm espaços próprios.
Formação e atuação
Murilo Celso de Campos Pinheiro é engenheiro eletricista formado em 1978, com cursos de especialização em Sistemas de Aterramento. Iniciou sua vida profissional na Cesp (Companhia Energética de São Paulo) em 1980. Após a cisão da empresa, passou a atuar na Cteep (Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista), na qual exerce o cargo de assessor da Presidência, estando atualmente licenciado para a atividade sindical. Reeleito presidente do SEESP, ao longo de seus três mandatos à frente da entidade (2001-2005, 2006-2009 e 2010-2013), trabalhou pelo seu crescimento em número de associados, que já passam dos 50 mil, na capacidade de negociação com as empresas e na inserção política e institucional do sindicato. Foram aprimorados o sistema de prestação de serviços aos filiados e a estrutura da organização, com a modernização da sede em São Paulo e aquisições e modernização das delegacias sindicais no Interior do Estado.
Sobre o SEESP
Fundado em 21 de setembro de 1934, o Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo conta com uma longa história de luta em defesa dos profissionais e da tecnologia nacional. O SEESP é o representante legal de cerca de 200 mil profissionais em todo o Estado, possui 25 delegacias regionais, 800 delegados sindicais, cerca de 400 diretores e 50 mil associados.
Imprensa - SEESP
Marchas, protestos e manifestos. Das palhaçadas para atrair novas gerações ao luto para homenagear as que morreram lutando, as celebrações do Dia Internacional da Mulher tomaram conta do país, com uma certeza: o machismo ainda é a principal característica das relações sociais, econômicas, políticas e culturais no Brasil, causa da violência e da falta de direitos para a população.
Em São Paulo, o ato começou na véspera, com integrantes de movimentos por moradia em passeata pelas ruas do centro da capital paulista para marcar o Dia Internacional de Luta das Mulheres, com cerca de 400 pessoas percorrendo vários órgãos públicos nos quais entregam carta com reivindicações de políticas públicas com corte de gênero.
Foto: Rita Casaro
Marcha 8 de Março em São Paulo
“A mulher é que fica mais vulnerável pela ausência de políticas básicas. Uma das principais é moradia. Na maioria dos casos, elas são responsáveis pela família. Sem moradia, não tem cidadania”, disse Neuma Silva, do Movimento de Moradia da Cidade de São Paulo, um dos grupos que fazem parte da União Nacional por Moradia Popular, coordenadora da manifestação. Ela pede também a criação de vagas em creches para facilitar a vida das paulistanas que trabalham e têm filhos pequenos.
No dia seguinte saíram às ruas as participantes do Ato Unificado pelo 8 de Março que se concentraram no Vão do Museu de Arte de São Paulo (Masp), na Avenida Paulista, para denunciar a opressão contra as brasileiras e celebrar a luta. Um manifesto da Marcha Mundial das Mulheres acusou o modelo capitalista patriarcal como causador das desigualdades, voltou a cobrar a descriminalização do aborto e defendeu a reforma do sistema político para assegurar igualdade de condições na participação das mulheres na política.
Em Brasília, as crianças foram o foco de atenção de um grupo de palhaças que se apresentou no Parque da Cidade, na manhã de sábado, com brincadeiras e músicas. O evento fez parte da Temporada de Palhaças no Mês da Mulher (TPMs), que ocorre todos os anos, no festival realizado pela CiRca Brasilina, que promove ações culturais variadas na capital.
Clima vem diferente seu viu em Salvador, na Bahia, onde as integrantes da UBM (União Brasileira de Mulheres) tomaram a praia do Porto da Barra, onde está o Marco de Fundação da cidade, com uma grande instalação ao ar livre que marcou seu ato de conscientização pelo fim da violência e por mais participação nos espaços de decisão.
Elas fincaram nas areias da praia cerca de 200 cruzes e cada uma delas representando simbolicamente, uma das mulheres mortas na Bahia, nos últimos anos. Segundo Daniele Costa, coordenadora estadual da UBM, a bandeira pelo fim da violência ainda necessita estar erguida, apesar das conquistas.
Manifestações no interior dos estados também tiveram visibilidade. No Sertão de Pernambuco, as mulheres que vem realizando atividades nas universidades de Juazeiro e Petrolina, e na Cada da Mulher Rendeira de Petrolina, utilizaram técnicas teatrais e batucada para chamar atenção da população para as suas lutas, com o chamado "Nem silenciosas, nem silenciadas". Integrantes da Marcha Mundial das Mulheres, as pernambucanas do sertão devem lutas regionais, ligadas à terra, ao MST e ao Movimento dos Atingidos por Barragens, e também as lutas nacionais do movimento, como a realização do plebiscito para uma Constituinte da Reforma Política. A estudante Jaqueline dos Santos, de 24 anos, afirmou ao G1 de Petrolina que, como “uma mulher negra vinda do campo, me vejo como uma peça que move o movimento, que defende a ideologia e que defende o que acredita”, enfatiza.
Nas capitais, os atos unificados tiveram por referências praças e logradouros centrais que vão entrando no percurso dos protestos sociais. O Rio de Janeiro teve ato unificado às 13h, com protesto "arrastão" nos Arcos da Lapa. Em Belo Horizonte (MG), o ato unificado começou na Praça da Estação. Em Porto Alegre (RS), no Largo Glênio Perez. Em Belém (PA), na escadinha da estação das Docas.
Em Curitiba (PR), na Praça Santos Andrade. Em São Luís (MA), na Praça Deodoro. Em Fortaleza (CE), o na Praça da Bandeira. Em Aracaju (SE), em frente à sede da Petrobrás. Em Recife (PE), na Praça do Derby (na sexta-feira). Em Maceió (AL), também na sexta, no Centro da cidade. E as manifestações devem continuar pelo mês de março. Em Natal (RN), nesta terça-feira, dia 11, às 14h, haverá o ato “Para a Copa bilhões, para as mulheres migalhas”, com concentração na Praça Vermelha. Por Rita Freire, texto publicado originalmente no site da CNTU.
Vocês se lembram das profecias ensandecidas contra os aumentos reais do salário mínimo?
Com os aumentos, o desemprego e a informalidade iriam disparar, a Previdência quebraria e as prefeituras seriam inviabilizadas. Nada disso aconteceu e, pelo contrário, ninguém ousa negar o fundamental papel positivo dos ganhos reais do salário mínimo para os trabalhadores, para a sociedade e para a economia.
A política de valorização “lenta, gradativa e segura” do salário mínimo, negociada com as centrais sindicais unidas depois de uma sucessão de Marchas dos Trabalhadores a Brasília, transformou-se em verdadeiro terceiro trilho do metrô, aquele que eletrocuta quem pisa nele.
Para eliminá-la, os adversários percebem que é essencial confundir os trabalhadores e dividir as centrais sindicais, atacando-a “de ladinho”, ou seja, atacando-a depois de elogiá-la e oferecendo mil e uma alternativas aparentemente mais aceitáveis.
Ninguém propõe pura e simplesmente a um sua eliminação (mesmo alguns editoriais de jornalões que querem a desindexação imediata cogitam contraditoriamente alguma regra), mas já surgiram as seguintes propostas alternativas:
* desvincular o salário mínimo dos benefícios previdenciários, trabalhistas (como seguro-desemprego) e de assistência-social
* desvincular o salário mínimo nos empregos públicos (leia-se prefeituras) mesmo celetistas
* corrigir pela inflação mais uma porcentagem inferior a 1%
* corrigir pela inflação mais o crescimento do PIB per capita
* corrigir pela inflação mais a média dos outros ganhos reais de salários
* corrigir pela inflação mais o aumento da produtividade (que ninguém sabe como medir).
Estas e outras formas vão sendo veiculadas principalmente neste ano eleitoral em que cada candidato será praticamente forçado pelo movimento sindical a se pronunciar sobre o tema.
Uma coisa é clara para mim: o que garante hoje o impulso unitário das centrais sindicais e aumenta nosso poder de fogo é a luta pela manutenção da atual política vitoriosa dos reajustes do salário mínimo.
* por João Guilherme Vargas Netto, consultor sindical
O programa semanal de televisão do SEESP, o Jornal do Engenheiro (JE), a ser exibido a partir do dia 10 próximo, traz uma homenagem ao 8 de março, Dia Internacional de Luta da Mulher. O tema é abordado pelo presidente do sindicato, Murilo Pinheiro, no quadro “No Ponto”.
A entrevista especial é com consultor técnico da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), o geógrafo Wagner Costa Ribeiro, também professor do Departamento de Geografia e do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental da Universidade de São Paulo (USP). Ele fala sobre a questão polêmica de exploração do gás de xisto no país, para quem a nação não precisa do gás de xisto, porque a matriz energética nacional é diversificada e ainda pode ser aumentada tanto em termos de novas fontes quanto em produtividade das alternativas que já exploramos, como as hidrelétricas. Ribeiro diz que os impactos ambientais são elevados e pouco conhecidos, mas já se sabe que esse tipo de exploração contamina o solo e corpos de água.
A reportagem traz o debate sobre o enterramento dos fios elétricos nas cidades, conversando com o jornalista Leão Serva, organizador da campanha #malditosfios e entusiasta da ideia. Já o diretor do SEESP, Carlos Kirchner, aborda o lado técnico e legal dos fios aéreos e da fiação subterrânea.
Além de degradação visual e dificuldades crescentes de manutenção, as redes aéreas de distribuição de energia apresentam riscos à segurança da população. Os perigos, no País, vêm se potencializando com o incremento do volume de chuvas e o surgimento de ciclones tropicais com ventos de até 100km/h, deixando 600 mil clientes sem energia. Essas informações constam do Projeto de Pesquisa e Desenvolvimento, de 2012, da AES Eletropaulo, distribuidora de energia em São Paulo.
Tudo isso e muito mais você confere no JE na TV que é exibido às segundas-feiras, às 19h30, na capital paulista, nos canais 9 (NET), 72 (TVA) e 186 (TVA Digital) ou pela internet (neste link) no mesmo dia e horário. O programa é transmitido para mais 40 municípios paulistas e de outros estados conforme grade variada, confira aqui.
Rosângela Ribeiro Gil
Imprensa - SEESP
A violência contra a mulher em todas as suas formas (psicológica, física, moral e sexual) é um fenômeno que não encontra barreiras: atinge mulheres de diferentes classes sociais, origens, estados civis, escolaridade ou raças. Cinco mulheres a cada dois minutos são agredidas no Brasil. São, portanto, 7,2 milhões de brasileiras com mais de 15 anos de idade que já sofreram algum tipo de violência doméstica. Para enfrentar essa agressão e punir com rigor aqueles que as praticam são necessárias políticas públicas específicas para coibir a violência de gênero.
* A Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres realiza programação para o público feminino durante este mês. Confira neste link as atividades.
A Lei Maria da Penha completa 7 anos de vigência neste dia 7 de agosto. É um importante marco legal no combate à violência contra a mulher e uma das legislações mais avançadas do mundo. Graças a ela muitas mulheres têm tido a coragem e os meios necessários para denunciar e enfrentar juridicamente seu agressor, rompendo com a situação de violência. Por isso, é fundamental assegurar o efetivo cumprimento da lei e combater a recusa que ainda existe em se aplicar esse instrumento.
Outra maneira de enfrentar esse fenômeno é garantir acesso aos serviços públicos de acolhimento e orientação às mulheres em situação de violência. A construção de uma política pública eficaz, laica, democrática e fomentadora da igualdade entre mulheres e homens precisa de instrumentos de gestão adequados e à altura desta missão. Para constituírem-se como políticas de estado e não somente de governo, é necessário arcabouço legal e institucional forte, orçamento adequado, organismos institucionais com poder de formulação e execução, incorporação de metas específicas e transversais das políticas de gênero e participação social no acompanhamento deste processo.
Em 2003 foi criada a Secretaria de Políticas para as Mulheres em nível federal. Em São Paulo, com a criação da Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres, o governo do Prefeito Fernando Haddad dá um passo avante, bastante significativo nesta caminhada.
Serviços municipais especializados no atendimento às mulheres vêm sendo reestruturados, e novos serão construídos: serão instaladas, até 2016, uma Casa-Abrigo, uma Casa de Passagem e uma Casa da Mulher Brasileira na cidade.
Nestes primeiros meses, esta gestão formulou projetos e ações matriciais de governo com foco no combate à violência contra a mulher. Foram firmadas parcerias com outras secretarias municipais para fortalecer ações e aprofundar a construção de políticas e projetos referentes a essa temática, que é, por vezes, ignorada por parte da sociedade, do Estado e da Justiça.
Um exemplo de ações integradas é a parceria com a Secretaria Municipal de Serviços que está adequando os serviços de Iluminação Pública, no Programa Iluminação e Segurança Urbana, identificando locais prioritários para instalação de iluminação nas ruas, garantindo maior segurança às mulheres paulistanas, uma vez que há relação direta entre aumento da iluminação e diminuição da incidência de casos de violência sexual.
Acreditamos que esta ação, articulada com o importante momento de implementação do Conselho Municipal Participativo e da construção dos Fóruns Regionais de Mulheres, terá grande impacto. É fundamental a participação da sociedade organizada tanto na apresentação da demanda de locais para serem iluminados quanto na construção de uma ampla rede para enfrentar qualquer forma de violência contra as mulheres e garantia de uma cidade igualitária e solidária.
O conceito e a prática da desigualdade de gênero estão presentes nas relações sociais reproduzidas secularmente. Desconstruir este arraigado conceito requer forte mudança de valores e atitudes nos mais variados espaços públicos e privados: na mídia, nos partidos, nas empresas, nos sindicatos, na vida cotidiana e por parte do poder público.
* por Denise Motta Dau é a Secretária Municipal de Políticas para as Mulheres de São Paulo
Em 20 anos o número de jovens matriculados no ensino médio aumentou 120%. Agora, o País tem o desafio de garantir uma educação atrativa e de qualidade, evitando a evasão e recuperando os alunos que, apesar da idade, ainda não concluíram o ensino fundamental. Um projeto de reformulação do ensino médio está em tramitação na Câmara. A proposta é de autoria de uma comissão especial de deputados.
Na tentativa de solucionar as distorções encontradas atualmente, existem algumas opções: educação em tempo integral, melhoria no ensino profissionalizante e uma grade curricular flexível.
Durante o ano de 2013, uma comissão especial da Câmara estudou o problema e apresentou um relatório com sugestões para mudar o ensino médio. A proposta se transformou no Projeto de Lei 6840/13, que será analisada por uma nova comissão especial antes de ser votada em Plenário.
O relator da comissão, deputado Wilson Filho (PTB-PB), destacou que apenas 12% dos alunos que concluem o ensino médio cursam o ensino superior. "Doze por cento vão para o ensino superior, 88% não vão. Para esses 88%, para que serviu o ensino médio? Eles não usam o ensino médio para nada. Se nem para os 88% serve, nem para os 12% serve, dá 100%, não serve para ninguém. Então é esse o ensino médio atual.”
A presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Manuela Braga, destacou que a falta de interesse dos alunos se reflete na evasão escolar. "Há uma evasão de 10%. E os que permanecem no ensino médio não conseguem se identificar. Porque ele sai do ensino médio, ele não está preparado para a vida, para o mercado de trabalho. A maioria dos estudantes que saem do ensino médio lê uma redação do Enem e não consegue interpretar, não consegue trabalhar em cima dessa redação".
Falta de professores
Outro problema do ensino médio é a falta de 170 mil professores na rede pública, em especial nas áreas de química, física, biologia e matemática. Na tentativa de estimular os jovens a seguirem a carreira de magistério o Ministério da Educação lançou um programa que concede bolsas para os estudantes do ensino médio que demonstrarem interesse por essas áreas do conhecimento.
O ministro-chefe da Casa Civil, Aloízio Mercadante, que já ocupou o cargo de ministro da Educação, explicou na Câmara que o programa será voltado principalmente aos estudantes do programa Ensino Médio Inovador, que tem jornada de ensino ampliada. A ideia é que as atividades sejam consolidadas nas três horas do contraturno. Alunos que obtenham destaque nos anos finais do ensino fundamental também poderão participar. Terão prioridade, ainda, estudantes premiados em olimpíadas científicas.
"Nós estamos dando 40 mil bolsas, vamos chegar a 100 mil para os estudantes de matemática, física, química e biologia que querem fazer ciência e querem ser professores", anunciou Mercadante.
Os estudantes vão participar de atividades de monitoria, pesquisa científica e tecnológica. Os bolsistas, que vão receber R$ 150 por mês, vão ter orientação e supervisão de professores e estudantes universitários que já recebem bolsas de estímulo à pesquisa. A seleção dos bolsistas será feita pelas secretarias estaduais de Educação e por universidades.
Incentivo na universidade
Para aproximar as universidades desse esforço para a formação de mais professores, foi criado o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid). O programa concede bolsas a alunos de licenciatura que participam de projetos de iniciação à docência desenvolvidos por instituições de educação superior em parceria com escolas de educação básica da rede pública de ensino.
A diretora de Formação de Professores da Educação Básica da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Carmen Moreira de Castro Neves, explica que os alunos que participam do programa mudam a realidade das escolas e das universidades.
"A universidade começa a tentar responder a essas perguntas todas que o aluno traz, a trabalhar com novas metodologias, novas tecnologias, a rever seu próprio currículo de formação de professores adequando à realidade da escola pública. E a escola pública ao receber esse bolsista consegue trabalhar em novas ações, aperfeiçoando seu projeto pedagógico, investindo mais na formação dos próprios professores que às vezes estavam afastados de processos formativos", explica a diretora.
O Pibid oferece bolsas em 14 áreas, entre elas química, matemática, português, história e educação física.
Resultados demoram
Para o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), Luiz Cláudio Costa, o País está avançando, mas quando se trata de educação os resultados só são percebidos depois de alguns anos.
"O Brasil vem fazendo inclusão e o mesmo tempo melhorando a qualidade. É por isso que quando a gente olha o filme o Brasil está muito bem avaliado. Não existe no mundo história como a nossa, de você ter essa inclusão em tão curto espaço, ao mesmo tempo em que você consegue fazer esse controle de qualidade. Mas, com coragem de avaliar e discutir com a sociedade, sem esconder que aqui estamos com dificuldade, isso é muito bom para o País", avalia Costa. Informação da Agência Câmara de Notícias.
O professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), Dênis de Moraes [foto ao lado], concedeu excelente entrevista ao jornal argentino Página/12. O depoimento, publicado em 24/02, foi dado a Natalia Aruguete durante lançamento de “Mídia, poder e contrapoder”, livro que reúne textos seus e de Ignacio Ramonet e Pascual Serrano. Para ler a entrevista completa clique aqui.
A íntegra pode e deve ser lida. Mas alguns trechos merecem destaque. É o caso da persistência da mídia comercial como grande definidora das pautas. Segundo Moraes, “Um dos problemas mais sensíveis da comunicação alternativa é que, tanto agências como blogs e portais críticos e contra-hegemônicos, continuam dependendo – de maneira geral, embora com exceções que devem ser resgatadas – das agendas midiáticas”.
Ao mesmo tempo, o professor diz que não podemos perder de vista “que a penetração social da grande mídia continua intocável”. Outra observação importante: “Há uma diferença entre o fim do monopólio informativo e o fim do monopólio da audiência”. Segundo o entrevistado: “Não se trata apenas de apontar que hoje há mais possibilidades de acesso, de produção e difusão de informação”. Corretamente, Moraes acha que a internet não é suficiente para reduzir esse monopólio.
Em seu depoimento, o professor fala da importância de entender a comunicação como “direito humano”. No entanto, esta concepção parece ser objeto de um grande mal entendido. A maioria das pessoas acha que já tem acesso a esse direito através dos monopólios de comunicação. E que a informação que recebem deles é o produto da liberdade de expressão. Mas a informação que nos chega grande mídia é distorcida por seus próprios interesses. A liberdade expressão é apenas liberdade empresarial. Por Sérgio Domigues, no Boletim do Núcleo Piratininaga de Comunicação (NPC).
Foi há pouco mais de um século, em 1910, que a primeira conferência internacional de mulheres, em Copenhague, dirigida pela Internacional Socialista, aprovou a proposta da alemã Clara Zetkin, de instituir um dia internacional da Mulher, então sem data definida. Tanto que, em 2011, o Dia Internacional da Mulher foi celebrado em 19 de Março na Áustria, Dinamarca, Alemanha e Suíça.
A conferência ocorreu dois anos depois de um primeiro Dia da Mulher ser festejado no outro lado do oceano, em Nova York, em 3 de maio de 1908, parte dos protestos dos trabalhadores da indústria textil. A oficialização de uma data das mulheres pelo Partido Socialista americano teria sido um exemplo para Clara Zelkin na Internacional Socialista.
As origens do 8 de março geralmente são remetidas pelo movimento feminista ao século anterior, marcado, na segunda metade, pelas greves operárias decorrentes da revolução industrial e particularmente pela exploração da mão de obra das mulheres na indústria tèxtil. Um fato sempre reportado é o incêndio em uma fábrica em1857, com a morte de operárias trancafiadas pelos patrões. O episódio dramático nunca foi comprovado, como aponta a jornalista Maira Kubik, na reportagem "Conquistas na luta e no luto" (História Viva), mas é muito parecido com o que de fato ocorreu em 25 de março de 1911, na indústria Triangle Shirtwaist Company, em Nova York. De 600 pessoas que trabalhavam na fábrica situada nos andares superiores de um prédio, 146 morreram, e entre eles, "125 mulheres, que foram queimadas vivas ou se jogaram das janelas". Ela destaca que mais de 100 mil pessoas participaram do funeral coletivo.
Para a jornalista, o 8 de Março é fruto das mobilizações das mulheres do início do século XX e não exatamente do incêndio. Nessa época, o movimento operário dos países desenvolvidos organizava protestos contra a exploração nas fábricas, inclusive de crianças. Mas, como ela aponta, a igualdade de gênero nunca era pautada. "Por mais que as trabalhadoras argumentassem, sua renda era vista como complementar à do marido ou pai, e um pedido de salários iguais parecia afetar as “exigências gerais”.
Proibição do trabalho noturno para mulheres
No Brasil, 1917 foi ano de uma grande greve por temas trabalhistas que, ao final, influenciou na aprovação de uma lei proibindo o trabalho noturno para mulheres e o trabalho da gestante durante o último mês de gravidez e o primeiro mês após o parto. Mas o direito ao voto e à participação feminina na vida política institucional só seriam conquistados 15 anos depois, em 1932. E mais outros 60 anos seriam necessários até que fosse reconhecida, nos anos 90, a exigência de um mínimo de participação das mulheres nas direções de partidos, candidaturas e sindicatos, o que ainda não é observado pelas entidades e legendas.
O século foi marcado por muitas e diferentes reivindicações e conquistas das mulheres, particularmente de espaço no mercado de trabalho e mais liberdade sexual, mas, considerando a realidade brasileira, ainda não há equiparação salarial com os homens, presença paritária nos cargos decisórios, divisão das tarefas domésticas, respeito às mulheres pela publicidade, nem garantias à saúde integral da mulher nos serviços públicos.
"No Brasil, embora tenhamos uma presidenta e sejamos 51% do eleitorado, ocupamos menos de 10% do senado e menos de 9% na câmara de deputados", alerta a Marcha Mundial de Mulheres, que atribui essa pequena presença nos espaços de poder e decisão a uma série de problemas como a dupla jornada de trabalho, a insuficiência de políticas públicas como creches, educação infantil em período integral, dentre outras. A falta de financiamento público para campanhas é outro fator que dificulta a participação das mulheres nas disputas eleitorais e também a necessidade de uma reforma política do funcionamento do Estado brasileiro é defendida neste 8 de Março pelas feministas da rede.
A lógica da exclusão
Exemplo da exclusão dos interesses das mulheres nos espaços de poder é o fato de que uma das principais reivindicações do movimento feminista, que é descriminalização do aborto, continue considerada um tema tabu, cuja discussão é barrada e por representantes religiosos no Congresso. A máquina pública e seus serviços reproduzem essa lógica da exclusão.
Toda questão relacionada à vida reprodutiva feminina ainda esbarra na inadequação das leis ou dos serviços que deveriam assegurar os direitos já conquistados. No atendimento às parturientes, por exemplo, predomina a imposição da cirurgia cesariana e a aplicação de indutores do parto, extremamente dolorosos, que aceleram as contrações mesmo antes da hora natural do nascimento. Só agora tem início um movimento contra a violência obstétrica, outro tema de luta das mulheres acobertado pela ideia de que ser mãe é padecer no paraíso.
As feministas condenam, por outro lado, a ideia de que a maternidade seja uma obrigação para as mulheres. Em nota divulgada nas mobilizações para o 8 de Março de 2014, a Marcha Mundial das Mulheres denuncia essa imposição social e reafirma a autonomia de decisão feminina sobre o corpo. "Exigimos o direito de decidir se queremos ou não levar adiante uma gravidez indesejada. Para isto, lutamos pela legalização do aborto, para que seja realizado pelo SUS de forma gratuita e segura", diz a nota.
Em seu documento, a rede feminista exige ainda que os estados e municípios apliquem recursos em políticas de enfrentamento a violência contra mulheres e meninas e que o judiciário enfrente o machismo dos juízes e outros profissionais do setor. Também o modelo de segurança deve ser modificado para garantir o efetivo combate à violência contra a mulher, e não servir para criminalizar os movimentos sociais e a pobreza, como acontece hoje. Por Rita Freire, texto publicado originalmente no site da CNTU.
O golpe de 1964, que está completando 50 anos, deu início a duas décadas de autoritarismo, que até hoje têm reflexos sobre a vida brasileira. O Jornal Unesp lança luzes sobre esse período, com uma reportagem de capa sobre um importante recurso de comunicação usado pela oposição ao regime militar: os cartazes. No Brasil e no exterior, eles foram veículos para denunciar os abusos cometidos, divulgar a campanha pela anistia a presos políticos e exilados e organizar diversos setores da sociedade, como trabalhadores, mulheres e estudantes. A matéria recorre às imagens contidas no livro Os cartazes desta história, que utilizou principalmente o acervo do Centro de Documentação e Memória da Unesp.
O Caderno Fórum também se volta para esse momento histórico. Por meio de análises e, em alguns casos, pelo relato de experiências pessoais, os especialistas abordam a ascensão, o auge e o declínio dos governos militares e seus desdobramentos na história recente.
A dinâmica do setor rural do país é mais um assunto da edição. Uma reportagem apresenta artigo de pesquisadores brasileiros publicado na revista Nature Climate Change ? que tem como principal autor David Lapola, do Câmpus da Unesp de Rio Claro. O texto acompanha as mudanças da agropecuária brasileira nas últimas décadas, constatando avanços como a melhora da produtividade e a redução de emissões de gases que causam o efeito estufa. Ao mesmo tempo, aponta uma preocupante tendência à concentração de terras, que, associada à mecanização agrícola e outras transformações tecnológicas, leva à migração de milhões de pessoas para as grandes cidades.
A produção agrária com melhor aproveitamento energético e menos danos ao ambiente é o tema de outra notícia. Um projeto premiado desenvolvido em Jaboticabal utiliza os dejetos da criação de frangos para gerar biogás destinado à produção de energia para as próprias granjas, além de biofertilizante e adubo orgânico para atividades agrícolas.
O Centro de Estudos de Venenos e Animais Peçonhentos (Cevap), do Câmpus de Botucatu, será a primeira instituição do país a ter um banco de venenos que será acessível a pesquisadores. A Coleção de Venenos Animais foi aprovada no final do ano passado pelo Conselho de Gestão do Patrimônio Genético, órgão vinculado ao Ministério do Meio Ambiente. O jornal publica a boa-nova, enfatizado que agora será necessário vencer obstáculos como garantir o espaço adequado para esse acervo.
Na área de ensino, um dos destaques é a mais recente edição do programa Redefor Educação Especial e Inclusiva, que está oferecendo sete cursos de especialização semipresenciais para professores e gestores da rede pública estadual de ensino. A novidade é a disciplina Introdução à Educação a Distância, que oferece conhecimentos para que os cursistas utilizem com facilidade as ferramentas do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) da Unesp.
Outra notícia é o prêmio Employer's Award 2013, que a Unesp recebeu da Associação Internacional para o Intercâmbio de Estudantes de Áreas Técnicas (Iaeste), que promove estágios técnicos em mais de 80 países. A Universidade, que hoje oferece 200 vagas de estágio remunerado para alunos de todos os continentes, é considerada pela Iaeste sua principal parceira em todo o mundo.
A edição traz ainda os 20 anos de Companhia Éxciton, da Unesp de Rio Claro, comemorados em janeiro com apresentações em São Paulo. Formado por alunos de graduação e pós-graduação, o grupo produz trabalhos de dança, arte e expressão a partir da síntese das experiências de seus membros nos campos das artes, esportes, luta e ginástica.
Leia a edição complete aqui.
Fonte: Unesp Agência de Notícias
Em apenas uma década, entre 2001 e 2011, foram assassinadas 50 mil mulheres no Brasil, grande parte das quais em situação de violência doméstica ou familiar.
Neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, entram em pauta as várias questões envolvidas na luta pela igualdade de gênero, todas extremamente relevantes. Uma, entre elas, precisa ganhar a atenção urgente: a violência da qual dezenas de milhares de mulheres todos os anos ainda são vítimas, muitas vezes fatais.
É mais que hora dar um basta definitivo a uma situação triste e absurda como a apontada por estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Em apenas uma década, entre 2001 e 2011, foram assassinadas 50 mil mulheres no Brasil, grande parte das quais em situação de violência doméstica ou familiar. Levantamento do Instituto Sangari demonstra que duas em cada três pessoas atendidas no Sistema Único de Saúde (SUS) em razão de violência doméstica ou sexual são mulheres. E em 51,6%, reincidência do episódio.
Os dados acima indicam um panorama inadmissível. A violência de gênero, física e sexual, mas também verbal ou psicológica, não pode ter lugar na nossa sociedade. O Brasil é signatário da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher, também conhecida como Convenção de Belém do Pará, de 1994. Com base nesse documento, o crime foi tipificado na Lei Maria da Penha, de 2006. Foi certamente um avanço, mas que ainda não teve os resultados esperados. A impunidade ainda é extremamente frequente, como se vê por mais uma pesquisa, essa realizada pelo DataSenado com vítimas de violência. Os resultados indicam a falta de confiança no Estado para protegê-las do seu agressor que, acreditam, não será processado ou sofrerá a sanção devida.
Portanto, é preciso mais.
Uma alternativa bastante razoável é seguir, efetivamente, as recomendações da Organização das Nações Unidas (ONU) para o assunto. São cinco os objetivos que a campanha “Una-se pelo fim da violência contra as mulheres” pretende alcançar até 2015 (www.onu.org.br/unase/sobre/objetivos): adotar e fazer cumprir leis nacionais para combater e punir todas as formas de violência contra mulheres e meninas; adotar e implementar planos de ação nacionais multissetoriais, ou seja, envolvendo diversos organismos governamentais e a comunidade; fortalecer a coleta de dados sobre a propagação da violência contra mulheres e meninas; aumentar a consciência pública e a mobilização social; e combater a violência sexual em conflitos.
Pode-se considerar a receita da ONU pouco original, mas a novidade pode ser Estado e sociedade brasileira encararem o tema com a responsabilidade e a seriedade devidas. Implementar um plano desse tipo exige compromisso, que se traduz também em recursos financeiros. Para mostrar que acabar com o vergonhoso quadro de violência contra a mulher é de fato prioridade, o governo, o Congresso e as diversas instâncias de gestão pública devem estar dispostos a definir dotação orçamentária para tanto.
A tarefa também cabe às entidades da sociedade civil, e o assunto já está na pauta CNTU, cujo Coletivo de Mulheres foi criado em 8 de março de 2013.
No mais, cada cidadão e cidadã deste País precisa também comprometer-se com o fim da violência. Diferente do que ensina o ditado popular, em briga de marido e mulher, pode ser necessário meter a colher.
* por Murilo Pinheiro, presidente do SEESP e da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE)