As autoridades europeias informaram que três inseticidas há muito suspeitos de contribuir para a queda acentuada das populações de abelhas representam risco para os insetos, e defenderam que esses produtos químicos sejam submetidos a um exame mais detalhado.
A descoberta dos cientistas da Autoridade Europeia de Segurança dos Alimentos (EFSA, nas iniciais em inglês) insufla ainda mais uma discussão que se acirrou nos últimos anos na América do Norte e na Europa sobre a causa das mortes em massa nas colônias de abelhas, das quais os agricultores dependem para polinizar suas plantações. E poderá elevar as pressões sobre os órgãos reguladores americanos, que analisam atualmente os efeitos ambientais dos produtos químicos, em favor de sua retirada do lucrativo mercado americano.
França, Alemanha, Itália e outros países europeus já proibiram ou suspenderam o uso de determinados inseticidas, conhecidos como neonicotinoides, que, segundo argumentam muitos agricultores e cientistas, são a causa principal da queda das populações de abelhas comuns. A indústria de pesticidas e outros cientistas dizem que as doenças e as mudanças ambientais é quem são os responsáveis.
A avaliação de risco, publicada anteontem, afirmava que três neonicotinoides - a clotianidina e o imidaclopride, fabricados principalmente pela Bayer, e o tiametoxam, produzido pela Syngenta - representam riscos para as abelhas por meio da presença de resíduos de terra e pesticida contaminados no néctar e no pólen. O órgão europeu vê "alto e grave risco" para as abelhas na forma pela qual os três inseticidas são aplicados a cereais, algodão, canola, milho e girassol.
Sua análise "propôs uma avaliação de risco muito mais abrangente para o caso das abelhas e introduziu, além disso, um nível mais alto de atenção na interpretação dos estudos de campo", disse a EFSA. Mas a agência observou que não há dados para concluir que os inseticidas contribuem para o colapso das colônias de abelhas.
A Comissão Europeia, o braço executivo da União Europeia (UE), solicitará novas informações das fabricantes dos produtos químicos, disse um porta-voz da comissão. A UE está preparada para tomar "as medidas necessárias" se novos estudos revelarem a existência de ameaça definitiva imposta pelos produtos químicos às populações de abelhas, acrescentou.
Um alto executivo da Syngenta criticou o estudo. "Fica evidente para nós que a EFSA sofreu pressão política para produzir uma avaliação de risco apressada e imprópria, que ela mesma reconhece conter alto nível de incerteza", disse John Atkin, diretor operacional da Syngenta. "Este relatório não é digno da EFSA e seus cientistas".
A EFSA não respondeu a uma solicitação por seus comentários.
A Bayer diz que sustenta os dados anteriores apresentados aos órgãos reguladores, que demonstravam que os produtos químicos não causam danos às abelhas se usados da maneira pela qual foram aprovados na Europa. "Consideramos que os novos relatórios da EFSA não alteram a qualidade e a validade dessas avaliações de risco e os estudos subjacentes", disse a companhia química alemã.
O Departamento de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA), que regulamenta o uso de pesticida, diz desconhecer dados que demonstrem que os neonicotinoides tenham contribuído para o colapso das colônias de abelhas. Pesquisadores do Departamento de Agricultura americano examinam a questão, mas dizem não ter encontrado prova que relacione pesticidas às mortes de abelhas.
A EPA rejeitou solicitações emergenciais de ambientalistas de que uma série de neonicotinoides seja retirada do mercado. Mas, em resposta à pressão pública, acelerou a análise periódica de segurança de produtos químicos para verificar a necessidade da adoção de restrições adicionais a seu uso.
Os grupos ambientais dizem que a EPA está se movimentando com excessiva lentidão e cogitam mover uma ação judicial para obrigar o órgão a agir. "A EPA tem um enorme problema de conformidade", disse Jay Feldman, diretor-executivo do grupo antipesticidas Beyond Pesticides. A EPA não comentou de imediato o assunto.
Nos EUA os neonicotinoides substituíram pesticidas considerados mais perigosos, gradualmente retirados do mercado americano.
Imprensa – SEESP
Informação do IHU – Instituto Humanitas Unisinos
A reportagem é de Matthew Dalton e Michael Haddon, publicada pelo The Wall Street Journal e reproduzida pelo jornal Valor, 18/01/2013
A expansão dos investimentos das empresas de países centrais para periféricos nos últimos 30 anos provocou uma polarização sem precedentes na economia global em que, de um lado, há hoje um conjunto de nações, como as do Leste Asiático, que se beneficiaram desse fluxo de capital e se tornaram industrializadas. No outro extremo restou outro grupo, formado por países desenvolvidos, como os Estados Unidos e os da União Europeia, além de emergentes, a exemplo do Brasil, que passam atualmente por um processo de desindustrialização.
Para sobreviver a essas mudanças na dinâmica da economia global, os países da América Latina precisam se integrar economicamente. E esse processo pode – e deve – ser liderado pelo Brasil.
A avaliação foi feita por Luiz Gonzaga Belluzzo (foto), professor do Instituto de Economia (IE) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Faculdade de Campinas (Facamp), durante o The Fourth Latin American Advanced Programme on Rethinking Macro and Development Economics (Laporde), realizado nos dias 7 a 11 de janeiro na Fundação Getúlio Vargas (FGV), em São Paulo.
De acordo com Belluzzo, a reconfiguração da economia global observada hoje - na qual alguns países, como a China, conseguiram obter saltos econômicos e passaram a concentrar a produção manufatureira mundial - não tem paralelo na História.
Isso porque, diferentemente do que ocorreu no século 19, quando países como por exemplo os Estados Unidos e a Alemanha emergiram como potências industriais de forma isolada e mudaram os rumos da economia mundial, o que se assiste atualmente na Ásia é à formação inédita de uma economia regional com alto grau de integração na produção manufatureira.
“A economia asiática se transformou em um polo manufatureiro de grande produtividade e integração em que alguns países, como a China, produzem peças e componentes de bens de consumo, e outros, como o Japão, são fornecedores de bens de capital - o que é espantoso e não tem precedentes históricos. Ainda há 2,6 bilhões de pessoas na região que estão disponíveis para serem incorporados [como mão de obra] a esse sistema produtivo”, ressaltou Belluzzo, que é membro do Conselho Superior da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).
A China já exporta mais bens de consumo, como vestuário, para os Estados Unidos, Canadá e México do que os 27 países que formam a União Europeia. E, além de produzir e exportar produtos de menor valor agregado, o país asiático avança para áreas de tecnologia mais avançada, como maquinários elétricos e componentes e equipamentos de informática.
Por meio de mecanismos de absorção de tecnologias, a China também já atraiu boa parte dos sistemas de pesquisa e desenvolvimento que estavam ligados a grandes empresas europeias e norte-americanas.
“Se esse movimento de graduação tecnológica e integração regional continuar no atual ritmo na Ásia, provavelmente haverá uma tremenda polarização da produção manufatureira global pelos países da região, que é insuportável do ponto de vista do desenvolvimento de outras nações, inclusive das desenvolvidas”, afirmou Belluzzo.
Para enfrentar o avanço da economia regional asiática, que começa a desenvolver instituições monetárias e financeiras próprias, segundo Belluzzo, os países da América Latina devem se integrar economicamente.
Isso porque, de acordo com ele, os países da região não têm escala de produção para sobreviver isoladamente como uma economia industrial moderna.
“O único país na América Latina que reúne os requisitos para enfrentar o avanço dos asiáticos com aumento de escala de produção é o Brasil. Mas o Brasil também não irá sobreviver sem avançar na integração com os outros países da América Latina. Em função disso e por ser a economia que tem mais condições na região, terá que liderar esse processo”, disse Belluzzo.
Segundo o professor, com o Mercosul foi possível avançar na questão da integração comercial dos países da América do Sul. Mas, a fim de ampliar esse projeto para a América Latina, é preciso se pensar na criação de instituições financeiras, como um banco, para apoiar projetos de investimento nos países da região e auxiliá-los a caminhar na direção de um espaço econômico único, a exemplo do que se constrói na Ásia.
“A integração econômica da América Latina é inevitável para os países da região sobreviverem ao surgimento do espaço econômico que surgiu na Ásia a partir de um novo movimento competitivo”, afirmou Belluzzo.
“Hoje, não há mais competitividade entre os países. São sistemas empresariais e produtivos que competem. Por isso, os países têm que adotar políticas de defesa de suas economias nacionais, que são muito diferentes daquelas que prevaleciam no passado”, destacou Bellluzzo, que foi secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda (1985 a 1987) e secretário de Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo (1988 a 1990).
Origens do fenômeno
De acordo com Beluzzo, essa nova forma de funcionamento da economia global, com o deslocamento dos investimentos produtivos dos países centrais para os periféricos, foi iniciada na década de 1980 e se acentuou na seguinte. O movimento coincide com mudanças que ocorreram nas políticas econômicas dos países desenvolvidos.
A partir da década de 1990, em função de mudanças no regime de política econômica dos Estados Unidos, a conta de capital americana (que registra as transações de fundos, empréstimos e transferências do país) começou a se tornar superavitária (positiva).
Em contrapartida, sua conta corrente – que registra as entradas e saídas relacionadas ao comércio de bens e serviços e pagamentos de transferências, como o financiamento das empresas para realização de investimento externo – passou a ser sistematicamente deficitária (negativa).
Já a conta corrente chinesa, que até o início dos anos de 1990 oscilava entre pequenos déficits e pequenos superávits, a partir de dessa época começou a ficar claramente superavitária.
“Isso bate exatamente com o movimento de capitais americanos para o exterior. Nessa época, houve um grande deslocamento de empresas americanas para a China”, explicou Belluzzo.
Desde então, segundo o economista, intensificou-se o investimento de empresas tanto norte-americanas como europeias na Ásia – sobretudo na China. Como consequência desse fenômeno, a economia dos países de origem desses investimentos e dos que concorrem com a China, como o Brasil, passam hoje por um processo de desindustrialização.
“Claramente, assim como a economia americana, a europeia e a brasileira estão se desindustrializando. O Brasil está perdendo elos importantes da cadeia industrial, como o setor de bens de capital, que está encolhendo”, disse Belluzzo.
Entretanto, na opinião do economista, o país não está condenado a sofrer uma desindustrialização devastadora. “O Brasil tem uma possibilidade muito grande de desenvolver certos setores que estão ligados, por exemplo, à exploração do pré-sal, e exercer o protagonismo na integração da América Latina”, destacou.
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Por Elton Alisson da Agência Fapesp
Manobras de atracação arriscadas ou realizadas depois de obras em portos brasileiros já podem ser previstas com exatidão antes de acontecerem na realidade. Isso é possível graças ao Simulador Marítimo Hidroviário (SMH), um sistema 100% nacional, que reproduz no computador condições do mar e outras variáveis de alguns dos principais portos brasileiros, além da situação de embarcações – vazia ou carregada, por exemplo. O equipamento foi desenvolvido por uma equipe coordenada pelo professor Eduardo Aoun Tannuri, do Tanque de Provas Numérico (TPN), um laboratório da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP).
Ele conta que o SMH começou a ser desenvolvido há dois anos, a partir de um outro equipamento, o Simulador Virtual Offshore, criado para treinamento de operadores de navios que atuam em operações de transferência de óleo das plataformas instalados em alto mar para os navios petroleiro. “Esse novo simulador foi feito para reproduzir as condições de navegação e atracação no que chamamos de águas restritas, ou seja, em canais, portos e rios”, explica Tannuri. “O sistema simula toda a manobra de aproximação e atracação do navio no cais.”
Na verdade, foram desenvolvidos dois equipamentos, que funcionam em salas diferentes. Numa delas, há 10 telas, algumas com 46 polegadas. Noutra sala, uma só tela, mas de cinema, com seis metros de largura por dois de altura, e uma réplica de uma cabine de comando, como manche e outros equipamento, que se movimenta, simulando o balanço de um navio. Tanto as telas menores com a grande estão conectadas a um computador potente. “Por meio de modelos matemáticos, o SMH simula ventos, ondas, correntezas e marés”, conta Tannuri. “Também é possível simular condições de visibilidade, como neblina, noite, chuva e sol contra o operador, por exemplo. O simulador reproduz ainda o comportamento de vários equipamentos, como rebocadores, leme, motores de propulsão, bússola, GPS, entre outros.”
O professor da Poli explica que, diferentemente do Simulador Virtual Offshore, que era usado para treinamento de operadores, o SMH já está sendo utilizado para prever manobras reais nos portos. “No porto de Tubarão, por exemplo, simulamos a atracação do maior navio do mundo, o Vale Brasil, antes que ela ocorresse de fato”, conta. “Isso é importante para que o comandante e o prático saibam como o navio vai se comportar durante a atracação real, evitando perda de tempo, acidentes e garantindo a segurança da navegação.”
Também foram simuladas novas manobras no porto de Suape (PE), Pecém (CE), e Itaqui (MA), Rio Grande (RS) e terminais do porto do Rio de Janeiro (RJ), a fim de obter maior aproveitamento deles. O equipamento foi usado ainda para a avaliação da navegação de novos comboios fluviais, que transportarão etanol na Hidrovia Tietê-Paraná.
O simulador atende a demandas da Petrobras, que ajudou a financiar o projeto, e demais empresas ligadas aos setores de navegação. Todos os softwares foram projetados e desenvolvidos no TPN, um laboratório pioneiro em hidrodinâmica aplicada, resultado de uma colaboração entre a Poli e a Petrobras. “Nosso objetivo é colaborar para a obtenção da autossuficiência da produção de petróleo nacional”, diz Tannuri. “Para isso, desenvolvemos ferramentas, com tecnologia totalmente nacional, como o SMH.”
Imprensa – SEESP
Informação da Acadêmica Agência de Comunicação
A economia verde não é poesia, mas a possibilidade concreta de explorar os recursos da natureza causando os mínimos danos possíveis, fazendo-se um manejo responsável, evitando a poluição da água, do ar e do solo e subsolo. É possível uma economia que siga esses princípios produzindo riquezas e condições de sobrevivência para bilhões de habitantes? Talvez sim, mas nada é muito simples. Primeiramente há um eterno confronto entre as atividades econômicas e as ações regulatórias para a proteção ambiental. Os empresários acreditam que preservar o ambiente vai aumentar os seus custos e os clientes não vão pagar mais por isso.
A regulação, por sua vez, nem sempre atinge os seus objetivos, pois focada em normas rígidas voltadas mais para o controle e tratamento, mas não impede que os problemas de descarte, utilização ineficiente de recursos continuem. Quando a regulação é muito flexível, gera a acomodação dos agentes econômicos e pouco se faz para eliminar o problema.
Para alguns autores o problema central da poluição está na cadeia de valor das próprias empresas (Porter, 1999). Enquanto o foco continua no resultado final, ou seja, a poluição, descarte de produtos nocivos, não há solução a vista. É preciso que as empresas lancem um olhar para o seu interior, em sua cadeia de valor e em seguida para a origem dos seus insumos (externa) onde também pode estar localizados focos de ineficiência.
Há inúmeros casos de empresas em que são identificados problemas nos processos que, corrigidos, resultam em redução ou eliminação de resíduos, além da redução dos custos, pois na maioria das vezes poluição significa desperdício de recursos.
Empresas focadas na inovação, como estratégia competitiva, conseguem corrigir problemas em seus processos, eliminando ou reduzindo o descarte de resíduos ou a necessidade de manuseio, descarte ou armazenamento de produtos. Cito um caso de um empresário da área de ferramentaria em São Bernardo, que recebeu uma pesada multa por descartar no esgoto e solo, o óleo mineral utilizado no corte de metais. Diante do impasse, a empresa estudou uma forma de solucionar o problema e encontrou a solução quando se desviou do foco de tratamento do resíduo. O empresário construiu sistemas de coleta do óleo nas máquinas de corte que era armazenado, filtrado e reutilizado. Com a reutilização do óleo várias vezes a empresa reduziu os seus custos e atendeu as regulações ambientais.
Esse exemplo mostra que a miopia empresarial pode ter um custo alto ao longo do tempo ao se manter a visão de que a eliminação de poluentes gera custos adicionais. Mesmo em casos em que os custos sejam altos no início da implantação, esses valores podem ser reduzidos com a curva de aprendizagem. Porter cita o caso da indústria de papel e celulose em que o programa de redução do cloro do processo de produção tinha um custo inicial de 16 US$ por tonelada e, após cinco anos, foi reduzido para menos de cinco dólares.
Quando os programas de qualidade começaram a ser implantados nos anos 1980, muitos empresários viam esses programas como despesas adicionais e aumentos de custos dos produtos. A visão que se tinha era a que a inspeção e controle dos processos envolviam custos adicionais com pessoas e redução da produtividade. Hoje podemos dizer que são raros aqueles que assim pensam, pois a qualidade ao invés de ser vista como fator independente do produto passou a ser vista como parte integrante do mesmo. Assim é possível afirmar que os programas de qualidade quando implementados de forma adequada possibilitaram, além da qualidade do produto que passa a agregar maior valor para os clientes, também a redução dos poluentes em função da utilização mais eficiente dos insumos e melhorias nos processos, resultando em economia dos insumos, energia e mão de obra.
Mas a economia verde não é apenas isso, pois há um longo caminho em sua direção. O aumento da produtividade pode representar maior consumo de produtos, resultando em maior volume de embalagens descartadas gerando impactos na natureza e para a sociedade, que necessitará aplicar cada vez mais recursos para o recolhimento, descarte e tratamento.
* por Renato Ladeia é professor do Departamento de Administração do Centro Universitário da FEI
Imprensa - SEESP
Os 1,4 mil MW relativos a esses projetos, cuja transmissão está comprometida, correspondem a 15% dos 9 mil MW de capacidade instalada prevista para entrar em operação neste ano, segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Para a presidente da Abeeólica, Elbia Melo, porém, alguns parques poderão ter o cronograma adiado, reduzindo o impacto do atraso pela transmissão.
As 50 usinas serão conectadas a cinco estações coletoras - como são chamados esses sistemas de transmissão, que recebem a energia dos parques e enviam para o restante do país. As cinco instalações pertencem à Chesf, subsidiária da Eletrobras no Nordeste, e estão localizadas na Bahia, Ceará e Rio Grande do Norte.
Parte dos atrasos, segundo a estatal, é causada pelo acúmulo de obras sob responsabilidade da empresa e pela demora na emissão das licenças pelos órgãos ambientais estaduais e pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Já os parques pertencem a diversos grupos nacionais e estrangeiros. Entre as companhias brasileiras, estão CPFL Renováveis, Renova Energia (braço da Light e Cemig no setor eólico), a mineira Energisa e a Neoenergia. Entre as empresas internacionais, estão a argentina Impsa, a espanhola Iberdrola e a italiana Enel.
Apesar de não fornecerem energia ao sistema, as geradoras são remuneradas normalmente, por lei, logo após a conclusão dos parques eólicos. "Embora não estejamos registrando prejuízo, gostaríamos de ver esses parques operando", disse a presidente da associação, salientando que a indústria eólica brasileira ainda está em fase de amadurecimento.
Hoje, existem 26 parques (622 MW) prontos, na Bahia e no Rio Grande do Norte, mas que não fornecem um megawatt sequer para o sistema, por falta de linhas de transmissão, também de responsabilidade da Chesf. Se as usinas estivessem operando, seria possível evitar R$ 150 milhões por mês de gastos com o acionamento das termelétricas de reserva. A capacidade instalada desses parques também se assemelha à potência instalada da termelétrica AES Uruguaiana, a gás natural, na fronteira com a Argentina, que o governo tenta, urgentemente, acionar.
O presidente da EPE, Maurício Tolmasquim, minimiza o problema. Segundo ele, esses 622 MW representariam aumento de apenas 1 ponto percentual no nível médio de armazenamento dos reservatórios hidrelétricos. "Não tem muito o que fazer agora. Existe um tempo natural de se fazer as coisas. É como uma fornada de pães, agora tem que esperar assar", explicou Elbia, ressaltando que é preciso aguardar as obras dos sistemas de transmissão serem concluídas.
Segundo a executiva, o problema ocorre por um descasamento entre os cronogramas de geração e transmissão, problema já apontado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) em outras ocasiões. Normalmente, os leilões dos sistemas de transmissão ocorrem cerca de um ano após a licitação dos parques eólicos.
Ao contrário do que ocorre com as hidrelétricas, em que o governo já sabe onde precisa construir a transmissão, com base na localização dos rios, hoje a EPE espera a definição dos projetos eólicos vencedores dos leilões para determinar os empreendimentos de transmissão.
A expectativa inicial era que os sistemas de transmissão levassem 24 meses para ficarem prontos, desde a licitação do projeto até a conclusão. Mas, na prática, esse prazo chega a ser de 36 meses, em média.
A EPE sinalizou aos empreendedores que estuda modificações no planejamento. A ideia é que exista uma previsão do sistema de transmissão antes do leilão dos parques eólicos. Esse modelo pode ser implementado já nos leilões de energia deste ano. Outra medida em estudo pelo governo é a eliminação de futuras estações coletoras. Nesse caso, os investidores eólicos serão responsáveis pela conexão dos parques com as subestações.
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Notícia do jornal Valor Econômico – 17/01/2013
Foto: Revista IstoéDinheiro
A Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) está com inscrições abertas para três cursos de pós-graduação lato sensu na área da construção civil: o MBA em Real Estate, o MBA em Gerenciamento de Facilidades e o Curso de Especialização em Gestão de Projetos na Construção. Os cursos são oferecidos pelo Programa de Cursos de Extensão (Poli-Integra/FDTE). A coordenação está a cargo do Departamento de Engenharia de Construção Civil da instituição. O corpo docente é formado por docentes da Poli e de outras unidades da USP. Todos têm a chancela da USP.
O MBA em Real Estate se propõe a treinar profissionais com técnicas de planejamento financeiro, econômico e operacional para empreendimentos imobiliários – do segmento residencial aos empreendimentos de base imobiliária, como shoppings e conjuntos de escritórios. Seu objetivo é preparar líderes para a tomada de decisões de investimentos imobiliários em grandes organizações, como construtoras, incorporadoras, bancos e fundos de investimento. Tem duração de dois anos e meio, e carga horária de 420 horas.
O MBA em Gerenciamento de Facilidades, por sua vez, tem o objetivo de preparar profissionais graduados nas áreas de engenharia, arquitetura e administração de empresas, atuantes no setor de operação de edificações, para planejar e gerenciar a estrutura de serviços e equipamentos de edifícios comerciais, hospitais, shopping centers, universidades e indústrias. No curso, aprendem-se técnicas de planejamento e estratégias em gerenciamento de facilidades, análises econômico-financeiras do ciclo de vida de edificações, visando garantir a eficiência dos negócios. Sua duração é de três anos e a carga horária é de 480 horas.
Já o curso de Especialização em Gestão de Projetos na Construção se propõe a capacitar profissionais das áreas de arquitetura, engenharia e construção com técnicas e metodologias de gestão de projetos. O objetivo é treiná-los para gerenciar o todo de uma obra, evitando problemas como as falhas de compatibilização de projetos, que geram custos adicionais, atrasos na execução da obra e comprometem a qualidade final do empreendimento. As disciplinas do curso abrangem desde gestão de projetos até a avaliação pós-ocupação do empreendimento e o desempenho das edificações, passando pelo uso da tecnologia da informação. Sua duração média é de dois anos e a carga horária é de 360 horas.
As aulas dos três cursos serão ministradas nas dependências da Escola Politécnica da USP, em São Paulo. As aulas têm início em fevereiro, em datas distintas para cada curso. Mais informações e inscrições: http://www.poli-integra.com.br/
Imprensa – SEESP
Informação da Acadêmica Agência de Comunicação
A valorização dos profissionais que responderam aos desafios do desenvolvimento tecnológico de equipamentos e processos de produção na indústria surpreendeu os departamentos de recursos humanos das empresas, já pressionados pela escassez de mão de obra qualificada. De montadores de construções prediais com estruturas em aço a engenheiros superespecializados, os trabalhadores que abraçam as inovações, se adaptam a rotinas muito diferentes e criam soluções para aproveitar todo o benefício das novas técnicas ganham prestígio e até o dobro da remuneração oferecida cinco anos atrás. É o caso dos engenheiros industriais, que fazem parte de um grupo de pelo menos 10 profissionais do setor e da construção civil que mais vivenciam as mudanças no dia a dia das fábricas.
O piso salarial na engenharia saiu de R$ 2,9 mil em 2007 para os atuais R$ 5,7 mil no estado, evolução que foi acompanhada, em percentuais menores, mas também significativos pelos auxiliares de produção hoje remunerados na faixa de R$ 1,3 mil, ante os R$ 950 anteriores, um acréscimo de 36,8%. Na construção, setor que tradicionalmente paga vencimentos baseados no salário mínimo, os trabalhadores que encararam os avanços da tecnologia também são recompensados: um montador de construções feitas com estruturas de aço recebe em média R$ 1,2 mil, mas pode levar até R$ 3 mil no fim do mês, se alcançar a produtividade oferecida pelos novos materiais.
Há 25 anos no ramo da engenharia, Júlio Cézar de Alvarenga Pires viveu um período de descoberta e proliferação de materiais que as empresas não esperavam. Atrás da especialização, se dedica diariamente à pesquisa, a cursos de qualificação e à adaptação desses novos itens às máquinas nas unidades fabris da Delp Engenharia, de Contagem, na Grande Belo Horizonte. "É preciso absorver os conhecimentos, buscar qualificação constantemente e ter a noção exata do valor dos materiais para a produção", afirma. O trabalho exigiu que Júlio Pires fosse além do currículo tradicional do curso de engenharia mecânica, já que o curso de engenharia de materiais só surgiu recentemente em BH.
Em comum, tanto a engenharia quanto as categorias profissionais do chamado chão de fábrica - soldadores, torneiros mecânicos e os auxiliares de produção - se valorizaram em razão da evolução da tecnologia e da bagagem técnica desses profissionais, observa Hegel Botinha, diretor comercial do grupo Selpe, especializado em recrutamento de pessoal. "A responsabilidade na indústria ficou maior, porque uma máquina computadorizada vale milhões de reais e qualquer erro pode paralisar a fábrica", diz.
O torneiro mecânico Leonardo Júnio da Silva, de 36 anos, não duvidaria disso. Com a experiência de trabalho no torno convencional, ele decidiu se qualificar no equipamento mais sofisticado, o chamado torno CNC, alimentado por comandos computadorizados e que tem como grande trunfo a aplicação em produções de grande escala, em lotes muito grandes de peças ou em operações muito específicas. "Se eu demoro uma hora para fazer uma peça na máquina convencional, consigo fazer 10 em um minuto no CNC. Quero ir além, futuramente esse conhecimento vai ser fundamental", afirma.
Mutação e aprendizado
A diferença na estrutura e na operação das máquinas é gigantesca e impõe não só a requalificação dos operadores, como também a capacitação deles para compreender o que a tecnologia pede, resume Edmar Alcântara, gerente de Educação Profissional do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) de Minas Gerais. Boa parte das profissões nas fábricas sofreram uma espécie de mutação e algumas delas desapareceram, como a dos técnicos de rede de dados, que usavam sistemas analógicos. A chegada dos sistemas computadorizados levou ao surgimento do desenvolvedor de software.
Mesmo com tantas modificações nas linhas de produção que tornaram o aprendizado uma rotina, a qualificação passou a ser um ponto nevrálgico, inclusive para quem vive do trabalho convencional. A construção civil, por exemplo, está abrindo frentes por causa das evoluções tecnológicas e precisa de trabalhadores que possam lidar com elas. Porém, persiste uma carência grande de gente que faça bem as tarefas tradicionais, alerta Aldo Giuntini de Magalhães, coordenador do curso intensivo de preparação de mão-de-obra industrial (Cipmoi), projeto de extensão vinculado à Escola de Engenharia da UFMG. "A demanda muitas vezes não é atendida nem mesmo para esses procedimentos. Por isso vemos cada vez mais cursos de qualificação sendo oferecidos por empresas e instituições", afirma.
Atrás da eficiência máxima
Além do reconhecimento traduzido em salários, os profissionais da indústria que acompanham o desenvolvimento tecnológico da produção se envolvem na busca de produtividade que as empresas perseguem para vencer seus concorrentes e criam um ambiente mais favorável à satisfação dos clientes. A tecnologia trouxe ainda benefícios como a operação mais segura das máquinas. Na construção, os cronogramas de execução de obras foram encurtados e diminuiu o fluxo de entrada e saída de materiais nos canteiros.
A transformação do trabalho dos operadores de guindastes é mostra importante disso, para o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Luiz Fernando Pires. Esses profissionais trabalham, hoje, em cabines com ar-condicionado e manejam equipamentos hidráulicos, que demandam esforço físico menor e dão mais segurança ao operador. Há situações em que o equipamento pode ser operado do lado de fora por meio de joysticks. "Cada vez menos pessoas querem o trabalho mais artesanal, de pôr a mão na massa. É mais fácil encontrar quem esteja disposto a se qualificar para operar máquinas automatizadas e as empresas se encarregam dessa capacitação", afirma. A remuneração inicial do operador de guindastes automatizados está em torno de R$ 1,5 mil mensais.
No desenvolvimento dos materiais, da mesma forma, a tecnologia deu prioridade à resistência à corrosão e às conformações mais adequadas às exigências de preservação ambiental, destaca o diretor-executivo de Vendas da Usiminas, Ascanio Merrighi. A companhia pesquisa e desenvolve, há três décadas, aços estruturais de alta ressistência para a construção civil. "São soluções industrializadas, que demandam maior precisão construtiva e um gerenciamento diferente da obra, com impactos na redução no tempo de execução e das instalações do canteiro, além da do fluxo menor de entrada e saída de materiais", afirma.
Vinícius Charpinel, diretor da Permax, construtora que usa as estruturas em aço, diz que a maior agilidade no cumprimento dos cronogramas acertados com os clientes se refletiu não só nos salários dos trabalhadores. "Na prática, não foi só o salário que aumentou, mas a remuneração por produtividade", afirma.
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Notícia do jornal Estado de Minas – 17/01/2013
A eliminação da diferença entre carga própria e carga de terceiros para a instalação de terminal privativo foi a medida mais abrangente e positiva que saiu do pacote anunciado pelo governo federal para o setor portuário. Com isso, caiu o decreto de 2008 que impedia a criação de terminais privativos por empresas que não demonstrassem dispor de carga própria para tornar a iniciativa viável.
Dessa maneira, a partir de agora, empresas de qualquer segmento podem investir na área, o que significa que, certamente, haverá maior dinamismo num setor que, sob controle estatal, não estava conseguindo acompanhar o ritmo do crescimento das exportações e das importações.
O que se espera é que esse novo marco regulatório nascido do pacote presidencial imponha não só um regime menos burocrático e mais simplificado para o funcionamento da atividade aduaneira e portuária como estimule a iniciativa privada a fazer pesados investimentos em terminais e equipamentos, o que sabidamente o governo não tem condições de fazer.
De acordo com as novas regras, ao governo compete apenas regular a atividade aduaneira e portuária e tratar da instalação da infraestrutura adequada para o acesso aos portos. Nesse sentido, o governo fez bem em criar uma estrutura única - a que deu o nome de Conaporto - para congregar as várias repartições públicas com guichê nos portos, como a Receita Federal, a Polícia Federal e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), entre outras. De fato, os portos não poderiam continuar geridos por uma legislação defasada, que estabelecia até regras conflitantes, constituindo essa uma das razões da excessiva demora na liberação de mercadorias.
Já quanto à construção da infraestrutura de vias portuárias sabe-se que o ritmo das obras públicas - ainda que tocadas por empresas privadas vencedoras de licitações - não segue o ritmo do avanço da economia, o que resulta em novos gargalos para o escoamento e distribuição de cargas importadas e exportadas. O que se espera é que haja maior dinamismo na execução dessas obras que, geralmente, ficam sob a supervisão dos governos estaduais.
Também foi saudável a ação do governo para quebrar o monopólio da Marinha em treinar e registrar os práticos, profissionais responsáveis pela manobra dos navios, cuja remuneração sempre foi considerada excessiva e um dos fatores do encarecimento dos custos portuários. Assim, haverá maior flexibilidade das regras, inclusive com a dispensa dos serviços do prático quando o comandante da embarcação entender que isso seja possível.
O que causa apreensão são as possíveis conseqüências da decisão do governo de promover nova licitação de terminais arrendados até 1993, quando entrou em vigor a Lei de Modernização dos Portos (Lei nº 8.630), com contratos vencidos ou por vencer. Obviamente, as empresas que se sentirem prejudicadas deverão recorrer à Justiça, o que poderá prejudicar os planos do governo de ampliar a capacidade e a eficiência do sistema portuário.
Seja como for, para o Porto de Santos, as medidas anunciadas, de um modo geral, são estimulantes para aqueles que dependem dos serviços operacionais, pois os terminais privados deverão oferecer custos menores e, ao mesmo tempo, obrigar os terminais públicos a rever seus processos de operação para que possam oferecer serviços mais competitivos. Já será um bom começo.
* por Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC)
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Foto home: Asscom/Appa
A presidente Dilma Rousseff decretou que todos os serviços de mobilidade urbana nas obras do PAC 2 (Programa de Aceleração do Crescimento) devem ser nacionais. Além disso, pelo menos 80% do valor gasto com produtos manufaturados devem ser empregados em materiais nacionais. O decreto nº 7.888, que trata do assunto, foi publicado nesta quarta-feira (16/01) no Diário Oficial da União e está em vigor.
A obrigatoriedade deve estar explicitada nos editais de licitação e contratos de execução das obras do PAC 2. Os produtos manufaturados que integram o decreto são materiais rodantes e sistemas embarcados, sistemas funcionais e de infraestrutura de vias e sistemas auxiliares de plataformas, estações e oficinas. Esses itens serão detalhados em portaria interministerial dos Ministérios do Planejamento, Orçamento e Gestão e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
O decreto prevê, no entanto, que a União e as entidades da administração federal indireta poderão, por ato específico do Ministério do Planejamento, ser poupadas da obrigatoriedade. O descumprimento da legislação pelos estados e municípios poderão levar ao não recebimento das parcelas previstas e suspensão do saque até a regularização.
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Informação da Agência Brasil
O Sindnapi (Sindicato Nacional dos Aposentados e Pensionistas da Força Sindical) realizará um ato pelo fim do fator previdenciário e por aumento real aos aposentados que ganham acima do salário mínimo. O evento será no dia 24 próximo (quinta-feira), Dia Nacional dos Aposentados, com concentração às 9h, na Rua do Carmo, e passeata até a Catedral da Sé.
“O Fator Previdenciário atinge mais os trabalhadores que estão na ativa, do que os aposentados. O aumento real do salário mínimo é outro problema futuro, pois se continuar esta política diferenciada de aumento para os salários dos aposentados, em alguns anos todos trabalhadores ao se aposentarem ganharão salário mínimo”, argumenta Hélio Herrera Garcia, presidente do Sindnapi Estadual SP.
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Informação Força Sindical