A radiação cósmica ionizante presente no ambiente espacial é um desafio para o bom funcionamento de equipamentos, como satélites, foguetes e sondas. Ela pode interferir nas informações geradas por componentes eletrônicos e até mesmo deixá-los inutilizados. Testar a resistência desses componentes à radiação cósmica é primordial para projetos espaciais. A tecnologia necessária para a realização de um desses testes foi dominada por pesquisadores do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IF-USP).
Ao longo dos últimos dois anos, esses pesquisadores têm realizado medidas para verificar a presença de Single Event Effect (SEE) em diversos componentes eletrônicos quando irradiados por íons pesados. Em janeiro, eles efetuaram com sucesso testes de radiação em FPGA (Field Programmable Gate Array, em português Arranjo de Portas Programável em Campo) que poderão ser usados em sistemas de controle de satélites brasileiros.
Esse componente será empregado para a comunicação de alta velocidade entre subsistemas de satélites usando protocolo SpaceWire, projeto em desenvolvimento por pesquisadores do projeto Circuitos Integrados Tolerantes à Radiação (Citar), uma iniciativa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) executada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
“O projeto Citarenvolve várias instituições brasileiras para o desenvolvimento de dispositivos mais tolerantes à radiação. Nesse projeto também há grupos, como o nosso no Instituto de Física, que validam componentes eletrônicos comerciais para saber se aquele dispositivo é resistente à radiação cósmica como as empresas relatam”, afirma Nilberto Medina, professor do Departamento de Física Nuclear do IF e um dos integrantes do projeto.
Atualmente, o Brasil não fabrica circuitos integrados e o FPGA é um desses dispositivos comerciais. Ele é um processador, um conjunto de chips, que permite controlar e programar ações, como acender luzes, abertura e fechamento de compartimentos.
“O investimento para produzir um satélite é muito alto e se tiver algo errado com o dispositivo, pode comprometer todo o projeto. O Inpe está validando os dispositivos a serem utilizados no projeto de satélites. Esses testes também são realizados por empresas de fora do país, mas é muito caro. Para testar apenas um dispositivo eletrônico, custa em torno de 100 mil dólares. O fato de tentarmos dominar essa tecnologia ajuda o país, além de formar recursos humanos”, destaca o professor Nemitala Added, professor do Departamento de Física Nuclear do IF e coordenador do projeto Citar na USP.
Single Event Effect
Os testes feitos com o FPGA, no Instituto de Física, foram especificamente para verificar SEE induzido pela irradiação com íons. “Quando se coloca um satélite no espaço, ele sofre o efeito da radiação cósmica composta por muitas partículas, como prótons e elétrons e um pouco de íons pesados. Essas partículas geram danos ou problemas diferentes no componente eletrônico. Os prótons e elétrons criam defeitos que inviabilizam o uso do dispositivo. Já a passagem de um único íon pesado pelo dispositivo não o inutiliza, mas pode gerar uma informação errada. Esse problema é chamado de Single Event Effect(SEE)”, explica Added.
Segundo Medina, “os íons pesados podem alterar a informação de um bit, o que era zero pode se tornar 1, mudando a informação fornecida pelos componentes eletrônicos. Só os íons pesados conseguem fazer esse tipo de alteração”.
“A informação errada pode provocar algum dano sério utilizando o dado incorreto, por exemplo, para o lançamento de um míssil. Por isso, a necessidade de eliminar esses danos eventuais, analisando os componentes eletrônicos mais resistentes à radiação por íons pesados para obter informações mais confiáveis”, completa Added.
Os testes com radiação induzindo SEE foram feitos no Acelerador de PartículasPelletron 8UD do Instituto de Física, único no País a realizar testes com íons pesados. Na América do Sul, além desse acelerador da USP, há apenas outro na Argentina com energia suficiente para ser usado nesse tipo de estudo.
O acelerador é empregado para gerar uma partícula com energia suficiente para simular a ação de uma partícula no espaço. Assim, os pesquisadores conseguem calcular o tempo que o dispositivo resistirá à radiação cósmica. “Em poucas horas, podemos bombardear o dispositivo eletrônico com a mesma radiação que ele receberia em 10 anos no ambiente espacial”, conta Medina.
Fonte: Agência USP de Notícias
A revogação da participação obrigatória da Petrobras na exploração do pré-sal, aprovada ontem (24) pelo Senado, tirando da estatal a obrigatoriedade de explorar no mínimo 30% dos campos licitados, vai provocar estragos na indústria brasileira que atua com o fornecimento de equipamentos para a exploração, como as plataformas e sondas, segundo afirmou hoje (25) à RBA o ex-presidente da estatal José Sergio Gabrielli.
“O grande efeito de não ter um operador só é que com isso você perde escala. E ao perder escala fica muito mais difícil implementar uma política de conteúdo nacional que estimule o crescimento da indústria brasileira de fornecedores, porque você dificilmente vai consolidar plantas para produzir poucas unidades, que cada operador vai buscar no mercado. Então, você vai ter na verdade um estímulo à importação de plataformas, sondas, equipamentos submersos, portanto, vai dificultar ainda mais o crescimento da indústria brasileira de fornecimento para a Petrobras”, afirmou.
Além disso, Gabrielli é crítico à forma de atuação do governo, compondo com o PMDB e a oposição para aprovar o substitutivo do senador Romero Jucá (PMDB-RR) que retira a obrigatoriedade, mas mantém a preferência da empresa.
“Eu fiquei muito decepcionado com o governo, é um equívoco político incomensurável. A avaliação que os senadores tinham é que com um pouco de pressão sobre o governo você teria condições de aprovar a rejeição ao projeto de lei. Portanto, o acordo feito, para mim, é um acordo espúrio e que tem uma falsidade, porque tentar dizer que deixar de ser operadora única para ser operadora preferencial é melhor. É uma falsidade porque o problema não está em ser preferencial ou não, mas está em ter uma política de Estado que no longo prazo viabilize que toda a grande acumulação de conhecimento será apropriada nacionalmente. E que você tenha escala suficiente para viabilizar a construção de uma indústria nascente, que vai ter de crescer para ter condições competitivas internacionais, fornecendo bens e serviços para a indústria de petróleo.”
Foto: Agência Brasil
Gabrielli: "Esse projeto deve ser derrubado. Vou tentar participar de toda a campanha junto aos deputados"
Como o sr. vê a aprovação pelo Senado da Lei de Partilha do pré-sal, tirando da Petrobras a obrigatoriedade de operação nos campos do pré-sal?
Eu acho muito ruim a aprovação que foi feita. É uma grande falácia dos que defendem a mudança do projeto de lei de partilha. Não há necessidade de mudança desse projeto de lei no momento. Os preços do petróleo estão baixos, apesar da expectativa de eles subirem mais adiante. Portanto, não há necessidade de acelerar os leilões agora.
A segunda razão é que o país não precisa acrescentar novas reservas, pois nós temos mais de 14 anos de reservas garantidas com o petróleo já descoberto. Nós estamos com as áreas já concedidas e seremos o segundo país que mais cresce em produção de petróleo no mundo até 2020, segundo relatório da Agência Internacional de Energia, de anteontem.
Além disso, a Petrobras está em uma crise financeira de curto prazo da qual ela sairá com certeza, pela sua capacidade, pelo seu tamanho e pelo seu portfólio, em dois ou três anos. Portanto, não é uma coisa permanente que vai inviabilizar a Petrobras, pois ela tem capacidade financeira de investir, e por fim só interessa essa mudança às empresas internacionais que só podem entrar no pré-sal com a Petrobras sendo a operadora.
Para mim, esse projeto deve ser derrubado. Eu vou tentar participar de toda a campanha junto aos deputados. O projeto deve ser rejeitado na Câmara dos Deputados e se não for rejeitado, deveria ser vetado pela presidenta Dilma Rousseff. É um projeto de lesa-pátria, que só faz abrir a possibilidade de a Petrobras perder a posição que ela pode ter no desenvolvimento da riqueza brasileira.
Mas e o desenvolvimento tecnológico para exploração do pré-sal?
O desenvolvimento tecnológico já consolidado na exploração do pré-sal não fica perdido por conta desse projeto. Mas, na indústria de petróleo, a empresa operadora é aquela que desenvolve mais tecnologia e aprende mais com o processo. A indústria do petróleo tem um desenvolvimento tecnológico que tem muito da operação dos campos, porque combina engenharia com geologia e, neste caso, a geologia é específica.
Consequentemente, o desenvolvimento tecnológico vem da experiência da operação. E se você deixar de ser operador único, você deixa de acumular novas experiências. Isso é um problema para o futuro, não quer dizer que as tecnologias já desenvolvidas serão perdidas. De jeito nenhum. Mas o desenvolvimento de novas tecnologias vai ficar limitado.
As críticas dos movimentos sociais quanto à soberania do país têm fundamento?
Em minha opinião, a gente vai perder a capacidade de ter benefícios na sociedade brasileira pela criação de um setor produtor de bens e de serviços para a indústria de petróleo. Entre os operadores, cada um vai buscar seu fornecimento internacional provavelmente.
E os royalties para a educação previstos na Lei de Partilha?
Eu acho que é uma ilusão, se você acelerar os leilões do pré-sal você não terá resposta, em termos de royalties, nos próximos cinco anos por uma questão de tempo necessário à maturação dos projetos. Não há como fazer um leilão agora em 2016 e ter produção antes de 2021. É difícil acelerar os leilões, utilizando o fato de que a Petrobras não pode participar agora, portanto, faz o leilão e as empresas internacionais participam. Isso não quer dizer que vai aumentar a produção nos próximos cinco anos e não haverá aumento dos royalties.
Como aumentar os royalties seria outra questão. Isso seria mais fácil se você conseguisse acelerar os investimentos da Petrobras e das outras empresas nos campos já concedidos. Porque aí você tem potencial de aumentar a produção. Na verdade, existem hoje recursos e hidrocarbonetos que permitem a você mais do que dobrar a produção em 2020 desde que acelere os investimentos. O grande problema que nós temos para aumentar royalties é basicamente acelerar ou não os investimentos da Petrobras.
Os royalties sobre a produção em si não estão ameaçados?
Eu acredito que essa é a primeira parte de uma luta para destruir toda a lei, provavelmente isso também vai ser mudado adiante. Uma vez derrotada a função da Petrobras como operadora única, a campanha contra a partilha de produção e contra os recursos para o fundo social vai vir também, é um processo natural, a meu ver, do desmantelamento do projeto de lei de 2010.
Como o sr. viu a atuação do governo na votação de ontem?
Eu fiquei muito decepcionado com o governo, é um equívoco político incomensurável. A avaliação que os senadores tinham é que com um pouco de pressão sobre o governo você teria condições de aprovar a rejeição ao projeto de lei. Portanto, o acordo feito, para mim, é um acordo espúrio e que tem uma falsidade porque tentar dizer que deixar de ser operadora única para ser operadora preferencial é melhor. É uma falsidade porque o problema não está em ser preferencial ou não, mas está em ter uma política de Estado que no longo prazo viabilize que toda a grande acumulação de conhecimento será apropriada nacionalmente. E que você tenha escala suficiente para viabilizar a construção de uma indústria nascente, que vai ter de crescer para ter condições competitivas internacionais, fornecendo bens e serviços para a indústria de petróleo. Essas duas coisas não são possíveis com essa preferência da Petrobras.
Como o sr. vê esse cenário internacional de preços reduzidos do petróleo?
Há um componente, digamos, de disputa de market share na redução desses preços do petróleo. Há um excesso de oferta hoje no mundo, e esse excesso decorre de uma decisão da Arábia Saudita, principalmente, de não ser mais um produtor de ajuste do mercado. Porque a Arábia Saudita fazia o papel de ajuste: toda vez que havia um aumento na produção dos outros, ela diminuía sua própria produção, e o mercado se mantinha relativamente equilibrado. A partir de novembro de 2014, a Arábia Saudita decidiu não fazer mais esse papel, porque viu que os Estados Unidos estavam crescendo muito sua produção de gás de xisto e óleo de petróleo, e ela decidiu aumentar a produção para baixar os preços e ao fazer isso tirar do mercado os produtores de maior custo.
É evidente que está demorando mais do que eles esperavam (para aumentar os preços), mas já se começa a evidenciar que a produção americana tende a diminuir. Por outro lado, o crescimento da posição do acordo que os Estados Unidos fizeram com o Irã para a questão nuclear deu ao Irã uma vontade de aumentar sua participação no mercado internacional de petróleo. O Irã tende a tentar aumentar a produção, substituindo parte de produção da Arábia Saudita. Pode existir a tendência de o preço do petróleo permanecer baixo por muito tempo. Mas tem um outro lado: essas questões de petróleo para esses países representam a maior parte de sua receita fiscal. Manter o preço do petróleo muito baixo vai aumentar o déficit fiscal desses países, vai criar problemas para suas políticas de Estado.
Portanto, mais cedo mais tarde terão de dar uma controlada na sua posição para viabilizar que o preço suba. Já tem uma primeira tentativa agora, que é Arábia Saudita, Catar, Venezuela e Rússia, que se comprometeram – e a Rússia não é da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) – a congelar a produção de janeiro de 2016, e com isso você não tem mais pressão para o preço cair. Eu acredito que em 2016 nós vamos ter preços relativamente estáveis nessa faixa dos US$ 30 ou US$ 35 o barril, mas de 2017 em diante teremos certa recuperação por conta das necessidades fiscais dos grandes produtores. A Rússia está com a economia muito afetada pela indústria do petróleo; a Arábia Saudita já começou a sentir grande problema no déficit do governo; a Venezuela tem graves problemas nessa questão. Portanto, vai haver algum ajuste da produção.
Fonte: Rede Brasil Atual
Passado o Carnaval, as instituições políticas e administrativas voltaram a funcionar plenamente, com o mercado, o governo e o Congresso propondo soluções para as crises política e econômica que assolam o País.
Em grande medida, as propostas em debate, tanto na mídia – que representa os interesses do mercado – quanto no Congresso e no governo passam, de um lado, por novos arranjos no papel do Estado na economia, e, de outro, por ajustes nas contas públicas e cortes de direitos e benefícios sociais.
As propostas apresentadas, inclusive no Congresso e no governo, passam pela redução do papel do Estado, pela privatização de empresas estatais, pela retirada da proteção à empresa nacional e, sobretudo, pelo corte de direito de trabalhadores, de aposentados e servidores públicos.
Ou seja, escolheram o desmonte do parque produtivo estatal e os direitos dos assalariados como variável de ajuste. Até o governo da presidente Dilma, que foi eleito com um discurso contra a privatização e pela manutenção dos direitos, parece ter capitulado. Confirma essa tendência, a decisão de privatizar a Companhia de Energia de Goiás (Celg) e de promover nova reforma na previdência, após os cortes de direitos nas pensões, no seguro desemprego e nas pensões.
O mais grave, entretanto, é que o governo propõe claramente que “para controlar o gasto obrigatório é necessário reformar a Previdência, controlar o gasto com pessoal e adotar um limite global para o gasto público da União”. O limite global do gasto público seria feito mediante gatilho que, atingido determinado patamar de despesa frente ao PIB, dispararia e teria o condão de suspender até o aumento real do salário mínimo. E tudo isso, sem fazer nenhuma menção ao aumento da dívida pública, que cresceu em R$ 600 bilhões somente em 2015, sendo mais de metade disso decorrente de juros.
Para enfrentar esse cenário, o movimento sindical, em geral, e as centrais sindicais, em particular, precisam priorizar a unidade de ação, deixando em segundo plano a disputa por base, especialmente agora que já houve a aferição para efeito da representação das entidades sindical.
A prioridade absoluta, no trabalho no campo institucional, deve consistir essencialmente na resistência às investidas em bases neoliberais, tanto no Congresso quanto no próprio Poder Executivo.
Apenas para ilustrar, na questão do papel do Estado, lembre-se a pauta do Senado, no âmbito da Agenda Brasil, que inclui, entre outros, projetos que propõem: 1) o desmonte das estatais; 2) o fim da Petrobras como operadora única do pré-sal; 3) a substituição do regime de partilha pelo de licitação na exploração de petróleo; e 4) a autonomia do Banco Central.
No campo das relações de trabalho, a situação é igualmente preocupante. O projeto de terceirização deve ser votado este semestre no Senado e na Câmara voltou a tramitar o projeto da época de FHC sobre locação de mão-de-obra, além da pressão para deliberação sobre os projetos de flexibilização da CLT, Simples Trabalhista, trabalho intermitente, entre outros.
Até o projeto sobre estabilidade do dirigente sindical, de autoria do senador Paim, que se imaginava que não fosse ter problemas na Câmara, porque não representa maiores custos para as empresas e apenas regulamenta a Constituição, recebeu parecer contrário do relator na Comissão de Trabalho, deputado Laércio Oliveira (SD-SE).
Portanto, neste ano de 2016, o principal desafio do movimento sindical será evitar retrocessos nos direitos sociais e previdenciários dos trabalhadores. Não podemos permitir que, em nome do combate à grave recessão econômica e à crise política, governo, Parlamento e empresários transfiram o custo para os trabalhadores. E para isto, a unidade de ação das centrais é fundamental.
* Antônio Augusto de Queiroz, jornalista, analista político e diretor de Documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap)
Senadores aprovam na noite desta quarta-feira (24) o PLS 131/2015, do senador José Serra (PSDB-SP), que altera a participação mínima da Petrobras na exploração do pré-sal, com 40 votos sim e 26 votos não, e duas abstenções. Na ocasião foi aprovado o substitutivo do relator, senador Romero Jucá (PMDB-RR), que teve apoio do governo.
Dentre as alterações, o texto aprovado incluiu o artigo 4 estabelecendo que o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), considerando o interesse nacional, poderá oferecer à Petrobras a preferência para ser operador exclusivo de blocos a serem contratados em regime de partilha de produção.
Agora, a proposta segue para analisa da Câmara dos Deputados. Leia na íntegra o substitutivo aprovado
Leia mais:
Pré-sal: mantida urgência; votação nesta quarta (24)
Votaram “sim” ao substitutivo:
Votaram “não” ao substitutivo:
Senadores que registram “Abstenção”
Fonte: Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar
Dez anos de existência, cinco editais lançados, mais de 300 projetos de auxílio à pesquisa e bolsas selecionados e R$ 32 milhões investidos no fomento da Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I). Esses são alguns números do Programa Pesquisa para o Sistema Único de Saúde (PPSUS) no Estado de São Paulo.
Algumas das experiências mais bem-sucedidas desenvolvidas com apoio da FAPESP no âmbito do PPSUS-SP foram apresentadas em um evento realizado no final de 2015, no Instituto de Saúde (IS), órgão vinculado à Secretaria do Estado da Saúde (SES-SP).
Uma delas foi a pesquisa coordenada por Eloisa Bonfá, professora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), que permitiu implantar entre 2007 e 2009, no Hospital das Clínicas (HCFMUSP), o Centro de Dispensação de Medicamentos de Alto Custo (Cedmac).
A iniciativa hoje se tornou uma rede, com unidades na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), na USP de Ribeirão Preto e na Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp).
“Quando idealizamos o centro, estava começando no Brasil – particularmente na área de reumatologia – o uso de terapia biológica. São medicamentos caros, cujo uso ainda não estava bem padronizado no país. E existia uma forte pressão da indústria farmacêutica para que os médicos os receitassem”, contou Bonfá em entrevista à Agência FAPESP.
Indicada para pacientes que não respondem aos tratamentos tradicionais para doenças como artrite reumatoide, lúpus eritematoso sistêmico, espondilite anquilosante e artrite psoriásica, a terapia biológica é dirigida contra alvos específicos e ajuda a controlar a inflamação reproduzindo os efeitos de substâncias fabricadas naturalmente pelo organismo para regular a resposta imune. Pertencem a essa classe de fármacos, por exemplo, os anticorpos monoclonais inibidores do fator de necrose tumoral-alfa (TNFα).
A proposta inicial do centro era criar protocolos para o uso dessas medicações, em sua maioria endovenosas, sem que houvesse qualquer conflito de interesses com fabricantes. Na época, apenas um desses fármacos tinha o uso aprovado no Brasil. O tratamento de cada paciente custava ao SUS anualmente o equivalente ao preço de um carro sedã novo.
“Além de se dedicar à pesquisa e ao ensino, o centro também oferece assistência multidisciplinar aos pacientes. Eles são incluídos em protocolos de pesquisa e assinam uma autorização para a coleta dos dados. Passam por uma pré-consulta de enfermagem, depois são atendidos por um médico, ganham um cartão de identificação e, além do tratamento, têm o pronto atendimento garantido em caso de qualquer complicação”, contou a pesquisadora.
Segundo Bonfá, são comuns nesses casos a ocorrência de doenças oportunistas, que podem se manifestar de forma mais grave e disseminada, pois os medicamentos biológicos causam imunossupressão.
No primeiro ano, 130 pacientes foram assistidos no centro do HC. Em 2015, o número já passava de mil. O acompanhamento desses pacientes ao longo dos anos tem rendido diversos projetos de pesquisa, como, por exemplo, a criação e a validação de um protocolo para prevenir tuberculose em pessoas submetidas à terapia biológica.
Além da assistência prestada aos pacientes do Cedmac, a equipe também avalia presencialmente pacientes com doenças reumatológicas encaminhados pela SES, que em geral receberam prescrição de um medicamento não incorporado ao rol do SUS e entraram com processo administrativo para obter a droga.
“O objetivo é avaliar se a indicação do medicamento está adequada e principalmente se haveria outras opções de tratamento a serem prescritas inicialmente. No início, ocorreu uma resistência grande por parte dos reumatologistas, pois achavam que aquilo era uma interferência na prescrição médica. Quando começamos, cerca de 30% das prescrições poderiam ser substituídas por outras medicações com custo menor ou eram inadequadas. Hoje esse índice caiu para 15%. Todos entenderam que é preciso seguir um protocolo e estabelecer prioridades, pois o dinheiro do SUS não é infinito”, contou Bonfá.
Outra ação adotada pela equipe foi o compartilhamento de frascos das medicações endovenosas e a aplicação assistida de medicações subcutâneas. Como explicou Bonfá, a dose de alguns desses fármacos é calculada de acordo com o peso da pessoa. Se o paciente leva o medicamento para a casa, as sobras são descartadas. O Cedmac então criou uma agenda inteligente, de maneira que os pacientes submetidos a uma mesma terapia possam ser agendados em conjunto, possibilitando compartilhar doses e minimizar perdas. Todas essas ações permitiram uma economia de aproximadamente R$ 2,3 milhões apenas em 2015.
“É dinheiro público sendo revertido em benefício dos próprios pacientes, pois essa economia permite atender um número maior de pessoas”, avaliou Bonfá.
Fonte: Agência Fapesp/Karina Toledo
Ele saiu do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da Universidade de São Paulo (ICMC-USP), em São Carlos, para empreender em terras inglesas. Rafael Libardi está, desde dezembro, empenhado em desenvolver sua startup, a UkkoBox, cuja sede está instalada em uma incubadora de empresas e aceleradora europeia especializada em cybersegurança, situada em Londres, na Inglaterra. Ao espalhar informações pelo mundo, o sistema desenvolvido pelo pesquisador oferece segurança e privacidade aos usuários que desejam armazenar seus arquivos na internet. A ideia de desenvolver a ferramenta surgiu durante o mestrado do ex-aluno no ICMC, quando foi orientado pelo professor Julio Cesar Estrella, do Laboratório de Sistemas Distribuídos e Programação Concorrente (LaSDPC).
Ao longo de sua pesquisa, apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Libardi estudou questões de segurança na internet, enxergou que a área tinha potencial e poderia gerar um novo negócio. Foi isso que levou à UkkoBox, uma startup que Libardi criou junto com dois sócios: Paul Ngum, que cuida da parte de negócios da empresa, e Edgard Regolão, publicitário e designer. A startup também conta com dois programadores.
Segundo Libardi, o principal objetivo da UkkoBox é assegurar segurança e privacidade aos usuários que desejam armazenar seus arquivos na internet. O ex-aluno, que se formou em Sistemas de Informação no ICMC, conta que a empresa se diferencia da maioria dos serviços de proteção de dados na internet disponíveis no mercado, os quais só criptografam os documentos, transformando-os em códigos: “Nós dividimos os arquivos em partes e as enviamos para diferentes provedores. Eles podem até mesmo ficar em países distintos”. Libardi diz que a vantagem de utilizar esse processo de dispersão é que, se um hacker conseguir acessar um desses pedaços dos arquivos, não haverá qualquer risco de obter as informações ali contidas.
Fonte: Agência USP de Notícias
O Grupo de Planejamento de Transportes do Departamento de Engenharia de Transportes da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP/São Carlos) oferece uma oportunidade de bolsa de pós-doutorado na área de Engenharia de Transportes. O prazo de inscrição encerra em 29 de fevereiro. O bolsista integrará a equipe de pesquisa do Projeto Temático da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp): Desenho e Implantação de Políticas para incentivo a viagens não motorizadas.
O projeto de pesquisa envolve colaboração entre pesquisadores das universidades de São Paulo, Utrecht e Oxford e a análise das estratégias de planejamento adotadas nas cidades de São Carlos e São Paulo (SP), Groningen, Amsterdam e Houten (Holanda) e Londres (Inglaterra), no que se refere ao lado "hardware" dos modos de transporte (ciclovias, paraciclos) e "software" (políticas, práticas e apoio governamental), identificando formas bem-sucedidas para estimular o uso da bicicleta.
Mais especificamente, o projeto tentará: a) Medir em São Paulo a exposição ao ruído e níveis de estresse de ciclistas e b) Investigar o papel da perspectiva do usuário nas estratégias de planejamento adotadas pelos municípios estudados.
O candidato selecionado conduzirá revisão bibliográfica, coleta de dados e análise de dados para as atividades principais da pesquisa. A investigação acerca das estratégias de planejamento será realizada com base em observação e consulta às prefeituras e outros grupos envolvidos no planejamento da mobilidade nos municípios.
Entrevistas estruturadas e/ou grupos focais serão agendados com as partes interessadas. Um sensor móvel, espacialmente referenciado, será usado para medir a exposição ao ruído. Os níveis de estresse de ciclistas serão medidos por sensores que identificam funções corporais como indicadores de estresse.
Adicionalmente, o candidato selecionado será responsável pela preparação de workshops para garantir o envolvimento das partes interessadas e aumentar a disseminação da pesquisa.
Os candidatos devem ter concluído o doutorado em Engenharia de Transportes, ou área relacionada, e ter experiência em planejamento de transporte cicloviário. Exige-se dedicação integral às atividades do projeto. Outras exigências também se aplicam, conforme normas da Fapesp em http://fapesp.br/bolsas/pd.
Os interessados deverão encaminhar duas cartas de recomendação, uma carta de interesse e currículo, incluindo detalhes de pesquisas já realizadas, em um único arquivo para o e-mail do pesquisador responsável pelo temático, Antônio Nélson Rodrigues da Silva (Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.). Mais informações podem ser obtidas por meio de consulta ao pesquisador responsável (Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.) ou a Gustavo Garcia Manzato (Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.).
O selecionado receberá bolsa da Fapesp no valor de R$ 6.143,40 mensais e Reserva Técnica, que equivale a 15% do valor anual da bolsa e tem o objetivo de atender a despesas imprevistas e diretamente relacionadas à atividade de pesquisa.
Caso o bolsista resida em domicílio diferente e precise se mudar para a cidade onde se localiza a instituição sede da pesquisa, poderá ter direito a um Auxílio-Instalação.
Fonte: Agência Fapesp
Atendendo à solicitação da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), a senadora Marta Suplicy (PMDB-SP), após amplo estudo de sua assessoria legislativa, apresentou, em 17 de dezembro de 2015, o Projeto de Lei nº 795 que trata de importantes questões relacionadas à iluminação pública, visando os interesses da população, dos municípios e da indústria nacional. A matéria, desde o dia 17 de fevereiro último, está na Comissão de Serviços de Infraestrutura, aguardando relatório da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) para depois ser apreciada e votada.
O PL determina o compartilhamento de postes pelas prestadoras de serviço público com os municípios, define os circuitos de iluminação pública como parte integrante de sistemas de distribuição e institui diretrizes para o serviço de iluminação pública; e altera a Lei nº 10.295, de 17 de outubro de 2001, para instituir diretrizes para o uso racional de energia elétrica pelo serviço de iluminação pública.
Segundo o presidente da federação, Murilo Celso de Campos Pinheiros, para que o projeto seja aprovado é fundamental que as entidades representativas dos municípios reconheçam o alcance da proposta e se mobilizem bem como as entidades representativas da indústria atuem junto ao Congresso Nacional.
Na justificativa, a parlamentar observa que tal mudança se faz necessário já que o “serviço de iluminação pública no Brasil passa por um momento de turbulência, decorrente da transferência, pelas distribuidoras de energia elétrica, dos ativos de iluminação pública para os municípios”. E acrescenta que esse cenário “permite o surgimento de oportunidades para que esse importante serviço seja aperfeiçoado, de forma a reduzir o ônus à população com o seu custeio e a gerar emprego e renda em nosso País”.
* Confira o PL 795/15, na íntegra, aqui.
Rosângela Ribeiro Gil
Imprensa SEESP
Foi inaugurado o novo prédio do Instituto de Ciência e Tecnologia, no campus da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Sorocaba. No evento presidido pelo diretor da entidade, André Henrique Rosa, também ocorreu o lançamento de livros de docentes. As ações fazem parte das comemorações dos 40 anos da Unesp.
Com recursos de R$ 6,8 milhões, oriundos da cota parte do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) destinado às universidades, a nova instalação possui mais de 3 mil m². Ela abriga refeitório, salas de aula, biblioteca e laboratório de pesquisa. Durante seu discurso, Ana Abreu parabenizou a Unesp pelos 40 anos de realizações.
Sobre o Instituto de Ciência e Tecnologia
Criada em 2002, a unidade conta com dois cursos de Graduação: Engenharia de Controle e Automação e Engenharia Ambiental, além de quatro programas de Pós-Graduação com mestrado e doutorado. Ocampus oferece cursinho gratuito para alunos carentes, universidade aberta à terceira idade, cursos de extensão e de capacitação, além de prestar serviços para empresas do município e região.
Fonte: Governo do Estado de São Paulo
Empresa que, sem justa causa, demite trabalhador com estabilidade deve indenizá-lo. Com esse entendimento, a 5ª Vara do Trabalho de Brasília condenou uma companhia aérea a pagar indenização equivalente ao período de estabilidade não usufruído por um trabalhador que adquiriu hérnia inguinal devido às atividades como almoxarife. O empregado recebeu auxílio-doença do INSS até novembro de 2013, mas foi demitido sem justa causa em fevereiro de 2014, quando ainda fazia jus à estabilidade acidentária — que só cessa depois de um ano após o término do pagamento do benefício previdenciário.
O caso foi analisado e julgado pela juíza Raquel Gonçalves Maynarde Oliveira. Segundo ela, o laudo pericial juntado aos autos apontou para a existência de nexo de causalidade entre as atividades desenvolvidas pelo trabalhador e a doença diagnosticada como hérnia inguinal à direita. A perícia identificou que o almoxarife da Avianca carregava peso superior a 60 quilos, situação que caracteriza esforço físico capaz de gerar aumento da pressão abdominal e, consequentemente, maior risco de desenvolvimento da doença.
Por isso, Raquel concluiu ser nula a dispensa do funcionário. No entanto, como no curso da ação terminou o período de estabilidade, ela entendeu que não seria possível reintegrá-lo ao quadro de empregados da empresa.
Dessa maneira, a juíza condenou a companhia aérea a pagar indenização equivalente a um ano após a alta dada pelo INSS ao trabalhador, valores que correspondem a salários, 13º, férias acrescidas de um terço e depósitos de FGTS, mais multa de 40%. Determinou ainda que a empresa forneça novas guias do termo de rescisão contratual para viabilizar a movimentação da conta vinculada do FGTS. Com informações da Assessoria de Imprensa do TRT-10.
Fonte: Consultor Jurídico