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Carlos Monte

     Com a passagem do ano, torna-se oportuno avaliar os resultados alcançados até agora pelo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) do Governo Federal. Segundo diversas fontes – a última é a OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) –, a taxa de crescimento da economia brasileira deve ser superior à projetada no início de 2007, que era de 4,5%, e aproximar-se dos 6% previstos no projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”.
     Os fundamentos da economia continuam sólidos: inflação baixa; balança de pagamentos superavitária, apesar do aumento no volume de importações; reservas cambiais crescendo e podendo superar a dívida externa dentro de três meses; dívida interna em torno de 45% do PIB (Produto Interno Bruto); desemprego caindo e massa salarial recuperando seu poder de compra, aviltado nos anos passados.
     Algumas omissões do programa de investimentos do PAC foram corrigidas posteriormente ao seu anúncio: a inclusão de Angra III, a ênfase na implantação da TV Digital e o lançamento do PAC de Ciência, Tecnologia e Inovação. Onde estão então os problemas que precisam ser contornados? A maior parte deles decorre da lentidão na implementação dos projetos, seja pelos entraves burocráticos causados pela atual Lei das Licitações e outras intervenções legais e administrativas, seja pela falta de projetos básicos e executivos, mormente nos setores habitacional e de saneamento.

O X da questão
     Há as preocupantes questões relativas ao setor elétrico, no qual já se admite o risco de novo apagão se São Pedro não vier em nosso socorro. Era previsível uma crise de gás natural, devido ao elevado crescimento do consumo e à redução do fornecimento pela Bolívia. Fatores agravados pelo tempo que será necessário para colocar em produção as reservas da Bacia de Santos e para a construção dos terminais portuários que permitirão ao País receber o gás natural liquefeito importado.
     A pequena oferta de novos projetos nos recentes leilões da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) para entrada em operação em 2009 e 2010 e a expectativa de altas taxas de crescimento de demanda de eletricidade fazem prever uma utilização próxima do limite da capacidade instalada das usinas hidroelétricas. Alertado pela redução dos níveis dos reservatórios hídricos, o Governo anunciou recentemente a introdução de restrições ao uso do gás para consumo industrial e veicular, visando assegurar o funcionamento das termoelétricas caso a situação se agrave. Adicionalmente a Aneel deverá promover em breve um leilão de biomassa de cana-de-açúcar que acrescentará oferta adicional de 4.000MW já a partir do final de 2008. Por seu turno, a realização do leilão de Santo Antônio, a primeira das grandes usinas amazônicas, marcou o início de um ciclo de megaobras que deve garantir que o País continue crescendo de 2014 em diante.
     Segue faltando um amplo programa de conscientização que assegure o uso eficiente de energia. Embora a EPE (Empresa de Pesquisa Energética) tenha previsto a questão no seu Plano Nacional de Energia 2030, propondo a conservação equivalente a duas usinas de Itaipu, não está claro como isso ocorrerá.
     Enquanto isso, apesar da dificuldade momentânea com o suprimento de gás natural, no segmento de petróleo, as notícias são alvissareiras, com especial destaque para as descobertas do campo gigante de Tupi, na Bacia de Santos, e mais recentemente do Camarupim, no Espírito Santo, ambos registrando a ocorrência de óleo leve e de gás.
     De um modo geral, o Brasil permanece privilegiado no setor de energia, constituindo-se em um dos poucos países do mundo auto-suficientes, desde que adote as medidas certas na construção de seu futuro.


Carlos Monte é coordenador técnico do projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”

     Com esta edição do Jornal do Engenheiro, trazemos a cobertura da comemoração do Dia do Engenheiro, com a tradicional entrega do prêmio Personalidade da Tecnologia. Neste ano, a cerimônia contou ainda com a posse do Conselho Tecnológico do SEESP, que, revitalizado, passa a ser instrumento importante nas ações da entidade. Em sua 21ª edição, a homenagem é prestada aos profissionais que se destacaram em seus respectivos campos de atividade, notadamente por sua atuação pelo bem-estar da população e defesa e promoção da engenharia e tecnologia nacionais.
     Desde o ano passado, essa bandeira histórica do SEESP recebeu o reforço do projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, ao qual o sindicato se engajou fortemente, juntamente com a Federação Nacional dos Engenheiros.
     Tem militado, assim, qualificadamente pela retomada do crescimento econômico, de forma ambientalmente sustentável e com inclusão social. Por isso mesmo, os nomes escolhidos pela brilhante comissão julgadora de 2007 refletem de forma decisiva esse objetivo, que a cada dia torna-se mais próximo.
     Se no início de 2006, quando o “Cresce Brasil” foi lançado, falar em 6% de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), como os engenheiros brasileiros tiveram a coragem de fazer, parecia um despropósito, hoje já é bastante razoável, diante dos números divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e da sensível retomada da atividade econômica. O nosso projeto, que entendemos da sociedade e não só da nossa categoria, foi inclusive mais ousado que o próprio Programa de Aceleração do Crescimento, lançado pelo Governo meses depois.
     Como conseqüência do aquecimento, a discussão do momento é justamente a escassez de mão-de-obra especializada e a necessidade de formar mais e melhores profissionais de diversas áreas, principalmente engenheiros, que ganham enorme relevância num ambiente de expansão, com projetos, obras e progresso.
     Após atravessar dois anos trabalhando fortemente para restaurar esse clima no Brasil, olhamos para os resultados alcançados com otimismo, mas também com a convicção de que não é possível esmorecer. O PAC precisa se concretizar plenamente e ser superado por mais e maiores investimentos.
     Assim, o projeto “Cresce Brasil” continua com o firme propósito de propor saídas, debater problemas e soluções e fazer com que o poder público, o setor produtivo, a academia movam-se no sentido de concretizar o sonho de um País próspero, justo e soberano.

 

 

     A comemoração do Dia do Engenheiro, realizada na sede do SEESP, em 14 de dezembro (a data oficial é dia 11), aconteceu com a tradicional entrega do prêmio Personalidade da Tecnologia, que chegou à sua 21ª edição.
     Neste ano, os nomes escolhidos pela comissão julgadora têm em comum, além de uma brilhante carreira profissional voltada ao bem-estar da população brasileira e à defesa da tecnologia e engenharia nacionais, uma forte atuação pelo desenvolvimento sustentável e pela inclusão social.
     Escolhido para a categoria “Desenvolvimento”, o ex-presidente da Companhia Vale do Rio Doce, Eliezer Batista, foi representado no evento por Renato Pavan, que leu a mensagem do homenageado. “O desenvolvimento sustentável trouxe importantes atribuições à engenharia nacional, uma vez que criou novos desafios para a melhoria do padrão de vida, em virtude de exigências maiores e mais complexas.” Atualmente, destacou, o grande problema é o aquecimento global, cuja reversão exigirá empenho ainda maior.
     O presidente da Abenge (Associação Brasileira de Educação em Engenharia), João Sérgio Cordeiro, que levou o prêmio em “Educação”, lembrou a importância do ensino nessa área para o crescimento do País. “De 1970 – quando cantávamos ‘noventa milhões em ação’, embalados pela Copa do Mundo – até hoje, a população brasileira mais que dobrou. Oitenta por cento dela está na cidade, o que gera fortes demandas para a infra-estrutura urbana. Enquanto isso, formamos menos de 30 mil engenheiros por ano”, alertou.
     Sérgio Amoroso, presidente do Grupo Orsa, premiado em “Indústria”, foi representado por Ricardo Augusto Galan, diretor industrial da empresa. Ele apresentou um perfil da companhia, destacando a ênfase ao princípio de sustentabilidade ambiental e social.
     Fernando Reinach, diretor executivo da Votorantim Novos Negócios, foi o vencedor na categoria “Inovação”. Ele chamou a atenção para as perspectivas para pesquisa e desenvolvimento em biotecnologia: “A partir de 1950, os biólogos começaram a entender a matéria animada, a biologia aprendeu a manipular seres vivos, o que numa homenagem chamamos de engenharia genética. Isso traz grande potencial de inovação.”
     Presidente emérito do WWF (Fundo Mundial para a Natureza), Paulo Nogueira-Neto foi homenageado em “Meio Ambiente” e abordou a importância da engenharia para superar os desafios ecológicos, freqüentemente ligados à expansão econômica. A meta do desenvolvimento sustentável, afirmou ele, deve ser eliminar a situação de miséria em que vivem 30 milhões de brasileiros, o que “ofende a dignidade humana”.
     Para a categoria “Valorização profissional” foi escolhido o presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), Marcio Pochmann. Para o economista, o País vive um momento singular, tendo em vista que hoje tem oportunidade de participar das grandes transformações em curso, diferentemente do que ocorreu nos séculos XVIII e XIX. “Tudo está ao nosso alcance, mas depende de decisão política”, concluiu.
     Participaram da cerimônia o presidente do SEESP, Murilo Celso de Campos Pinheiro, o deputado federal Paulo Teixeira (PT/SP), o vereador paulistano José Rolim (PSDB), os secretários adjuntos de Emprego e Relações do Trabalho, Nelson Hervey Costa, e de Esporte, Lazer e Turismo, Flávio Brízida, o presidente da Transmissão Paulista, Sidney Martini, o presidente do Instituto de Engenharia, Edemar de Souza Amorim, e o superintendente de Programas e Projetos do Confea (Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia), Antonio Roberto Martins, representando o presidente do órgão, Marcos Túlio de Melo. Prestigiaram o evento também inúmeras autoridades, entre eles o superintendente do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), Vahan Agopyan, o vice-diretor da Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo), José Roberto Cardoso, e o secretário geral do Senge-MG (Sindicato dos Engenheiros no Estado de Minas Gerais), Raul Otávio Silva Pereira. Conselho Tecnológico
     Completou a programação do Dia do Engenheiro a posse dos 166 integrantes do Conselho Tecnológico do SEESP (LINK PARA INSTITUCIONAL, RELAÇÃO DE CONSELHEIROS). Composto por profissionais das mais diversas áreas, como Antonio Hélio Guerra Vieira, Cristiano Kok, Crodowaldo Pavan, Gilson Schwartz, Guto Lacaz, Raquel Rolnik e Ros Mari Zenha, será importante instrumento no esforço da entidade de contribuir para a volta do crescimento do País. “Uma das suas missões é trabalhar o ‘Cresce São Paulo – Região Metropolitana’. Vamos pensar São Paulo do ponto de vista das suas soluções, que debateremos num conjunto de seminários em 2008”, informou o coordenador do Conselho Tecnológico, Allen Habert.

Prêmio à competência

Desenvolvimento
Eliezer Batista da Silva
      Engenheiro civil formado pela Universidade do Paraná, pós-graduado na área e com treinamento nos Estados Unidos e Europa, Eliezer Batista da Silva ocupou diversos cargos, incluindo a Presidência da Companhia Vale do Rio Doce em 1961 e em 1979 e da Mineração Brasileira Reunidas em 1964. Foi ministro de Minas e Energia de 1962 a 1964 e esteve à frente da Secretaria de Assuntos Estratégicos em 1992. Atualmente, entre as diversas atividades e funções, é membro dos conselhos empresarial de Desenvolvimento Sustentado, de administração da Agência de Desenvolvimento da Cidade do Rio de Janeiro e curador do Cebri/Rio (Centro Brasileiro de Relações Internacionais).

Educação
João Sérgio Cordeiro

     Engenheiro civil formado pela Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo em 1975, João Sérgio Cordeiro é doutor em Hidráulica e Saneamento. É professor titular do programa de Pós-graduação em Engenharia Urbana da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos). Além disso, é consultor ad-hoc de diversas instituições de pesquisa. Nas áreas de hidráulica e saneamento, ocupou vários cargos. Ex-vice-presidente da Delegacia Sindical do SEESP em São Carlos, foi diretor financeiro da Abenge (Associação Brasileira de Educação em Engenharia), entidade à qual foi agora reeleito presidente para o triênio 2008-2010. É ainda assessor do MEC/Inep (Ministério da Educação e Cultura/Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas).

Indústria
Sérgio Antonio Garcia Amoroso
     Fundador, principal acionista e presidente do Grupo Orsa, Sérgio Amoroso está ainda à frente do Graacc (Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer), um dos maiores hospitais do gênero da América do Sul. É membro fundador do WWF – Brasil (Fundo Mundial para a Natureza) e conselheiro de diversas empresas e instituições, entre as quais o Ceats/USP (Centro de Empreendimento Social e Administração em Terceiro Setor da Universidade de São Paulo). É reconhecido por vários prêmios na área de desenvolvimento sustentável, como Guia Exame de Boa Cidadania Corporativa, Eco – Câmara Americana de Comércio, Empreendedor Social do Ano – Ernst & Young, Razão Social – Jornal O Globo, entre outros.

Inovação
Fernando de Castro Reinach

     Bacharel em Ciências Biológicas graduado pela USP (Universidade de São Paulo) em 1978, Fernando de Castro Reinach é mestre em Histologia e Embriologia por essa instituição, com pós-graduação, pós-doutorado e PhD por renomadas escolas estrangeiras. Livre-docente, é professor titular na USP desde 1992, responsável por inúmeras pesquisas. Ao longo de sua carreira profissional, foi secretário de Desenvolvimento Científico junto ao Ministério da Ciência e Tecnologia em 1999, ano em que também ocupou a Presidência da CTNBio (Comissão Técnica de Biossegurança). Hoje é diretor executivo da Votorantim Novos Negócios.

Meio ambiente
Paulo Nogueira-Neto

     Formado em Ciências Jurídicas e Sociais e em História Natural, Paulo Nogueira-Neto é professor de Ecologia aposentado e emérito do Instituto de Biologia da USP (Universidade de São Paulo). Ocupou diversos cargos públicos em órgãos ambientais e vem promovendo inúmeras pesquisas. Membro do Consema e Conama (conselhos Estadual e Nacional do Meio Ambiente), bem como do Conselho de Administração da Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental), é presidente emérito do WWF – Fundo Mundial para a Natureza. Está ainda à frente de outras organizações. É assessor da Universidade São Marcos. Seu extenso currículo inclui também a autoria de sete livros e vários artigos.

Valorização profissional
Marcio Pochmann
     Economista formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com especialização em Ciências Políticas e em Relações do Trabalho, Marcio Pochmann é doutor em Economia pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). Além de livre-docente na área de Economia Social e do Trabalho. Foi secretário Municipal do Desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade de São Paulo de 2001 a 2004. Pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho desde 1989, foi seu diretor executivo entre 1997 e 1998. Professor da Unicamp desde 1995, atualmente preside o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Autor e organizador de diversas publicações, recebeu vários prêmios, entre eles o Jabuti, na área de Economia, em 2002, para o livro “A década dos mitos”.


Rita Casaro

     A ser concluída em abril de 2008, uma nova alternativa ao tráfego de veículos em região nobre paulistana apresenta solução inédita no mundo: a ponte estaiada “Octavio Frias de Oliveira”, que interligará a Marginal Pinheiros com a Av. Jornalista Roberto Marinho, nos sentidos Interlagos e Pinheiros. E futuramente permitirá o acesso à Rodovia dos Imigrantes, via alças complementares.
     “É um projeto diferente. São duas pontes em curva que se cruzam em um único mastro, de 138 metros de altura. São seguras por 144 estais, 72 de cada lado”, explica o gerente de obras da Emurb (Empresa Municipal de Urbanização), Norberto Duran. O engenheiro responsável pela concepção da obra, Catão Francisco Ribeiro, da empresa Enescil, destaca que, além do mastro em forma de “x”, o que a distingue são curvas acentuadas e extensas. Cada um dos dois tabuleiros, em concreto armado e protendido, tem 290m de comprimento. “O que levou a isso foi a necessidade de equilibrar a estrutura e de buscar a melhor solução ao usuário para a travessia do rio”, esclarece. Para se ter uma idéia, visou-se, informa Ribeiro, alcançar a chamada “curva ótima”, o que permitirá que se trafegue sobre a ponte a velocidade de 90km/h. Esses resultados demandaram, diz, as mais sofisticadas tecnologias, com ganhos em modernidade, estética e economia. “O ‘estado da arte’ é colocado no projeto e construção, das fundações ao topo do mastro.”
     Por sua complexidade, incluiu, por exemplo, análise em túnel de vento na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, afirma o gerente de obras da Emurb. “Fez-se maquete da ponte em escala reduzida para verificar seu comportamento na incidência de ventos fortes. Em São Paulo, o previsto é que não ultrapassem os 140km/h. O ensaio foi feito com até 200km/h e não houve nenhum problema de balanço”, garante Ribeiro. Conforme ele, os materiais usados são de primeira qualidade e de longa duração – o tempo de vida útil estimado para a ponte é de 100 anos, “com manutenção mínima”. “Os cabos de aço (usados como estais) são de tripla proteção contra corrosão e ação de raios ultravioletas”, complementa. E, ressalta, todos os insumos têm fabricação nacional.

Valorização
     Responsável pelo projeto arquitetônico, João Valente, da empresa Valente, Valente: Arquitetos, lembra que essa foi ainda a melhor solução urbanística para a região. “Resultou numa concordância vertical de melhor ajuste paisagístico e redução considerável da área de intervenção da cidade.”
     Em andamento desde 2003, o empreendimento vem sendo executado pela Construtora OAS e envolve cerca de 450 trabalhadores, sendo aproximadamente 15 engenheiros. Custará R$ 230 milhões – já tendo sido gastos até o momento, de acordo com Duran, cerca de R$ 150 milhões. Segundo Ribeiro, por volta de 25% provém do orçamento da Prefeitura e o restante da venda dos chamados Cepacs (Certificados de Potencial Adicional de Construção) a investidores que desejam realizar empreendimentos imobiliários acima do gabarito permitido nas áreas de influência da ponte. A obra seria uma espécie de contrapartida a eles, acredita.
     De fato, como aponta Duran, entre os benefícios, está valorização muito grande da região, com o desafogo no trânsito. Assim que for liberada ao tráfego, a ponte deve ser utilizada, conforme a assessoria de imprensa da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), no horário de pico, por 2.200 veículos/hora, no sentido Av. Jornalista Roberto Marinho, e 2.800, em direção à Marginal.


Soraya Misleh

06/12/2009

CANTEIRO

SEESP recebe delegação chinesa em sua sede
     Em 19 de novembro último, representantes do sindicato, FNE (Federação Nacional dos Engenheiros) e Anest (Associação Nacional de Engenharia de Segurança do Trabalho) receberam delegação do Governo da China. O objetivo da visita foi promover intercâmbio sobre segurança do trabalho e mineração e conhecer a legislação brasileira acerca do assunto.

Especialização em gerenciamento ambiental
     Com o objetivo de atender à demanda existente por capacitação profissional na área de gestão ambiental pensada para o desenvolvimento sustentável, a Esalq/USP (Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo), em Piracicaba, promoverá o curso de especialização em gerenciamento ambiental. Com carga horária de 368h mais 60h para a monografia, está com as inscrições abertas. As aulas terão início em 22 de fevereiro de 2008 e acontecerão em finais de semana alternados. O custo é de R$ 300,00 a inscrição mais 18 parcelas de R$ 590,00. Maiores informações pelo telefone (19) 3417-6604 ou e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. , com Maria Eugênia.

Compromisso na DRT
     Após duas reuniões de conciliação na DRT (Delegacia Regional do Trabalho) em que estiveram presentes o SEESP e outras entidades, a Ferroban (Ferrovias Bandeirantes S/A) e a ALL (América Latina Logística S/A) assumiram o compromisso de negociar individualmente com cada um dos engenheiros demitidos interessados, sempre com a assistência desse sindicato, o pagamento das verbas rescisórias em atraso, relativas ao não-cumprimento pelas empresas do estabelecido na cláusula 4.49 do acordo coletivo – a qual prevê indenizações por dispensas além das determinadas por lei. As reuniões de negociação deveriam iniciar-se a partir de 20 de dezembro.
     Além disso, o Tribunal Regional do Trabalho, em primeira instância, julgou procedente ação movida pelo SEESP que visava o reconhecimento da CPTM como empresa paradigma para aplicação dos reajustes de aposentadorias e pensões.

Campanha salarial
     Foi ainda aprovada pelos engenheiros de ambas empresas – em assembléia no SEESP no dia 30 de novembro último – a pauta de reivindicações para a campanha salarial de 2008 (data-base em 1º de janeiro), entregue às companhias em 10 de dezembro.

Aprovadas propostas dos engenheiros na Conferência das Cidades
     Durante o evento nacional, realizado de 25 a 29 de novembro último em Brasília, foram aprovadas as propostas apresentadas pela FNE (Federação Nacional dos Engenheiros). São elas: a criação do programa nacional de assistência técnica em desenvolvimento urbano nos moldes do Saúde da Família, com inclusão de equipes multidisciplinares contratadas por concurso público, e de fundo para implementação dessa iniciativa e de outras ações específicas relativas ao tema. Além disso, a entidade manteve assento como titular no Conselho Nacional das Cidades. A Conferência reuniu 2.513 participantes, no total.

Noite árabe em Bauru
     Em comemoração ao Dia do Engenheiro – 11 de dezembro –, realizou-se no dia 1º deste mês, em Bauru, na sede da Assenag (Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Bauru), noite árabe. O evento incluiu jantar em que foram servidos pratos típicos dessa culinária e feita homenagem ao arquiteto Riad Elia Said, como o profissional do ano na localidade.

Quarenta mil se reúnem por mais e melhores empregos
      Realizada em 5 de dezembro último, a IV Marcha da Classe Trabalhadora, promovida pelas centrais sindicais, reuniu em Brasília 40 mil pessoas. Ao som do samba-enredo 2008 da carioca Unidos de Vila Isabel, cujo tema é “Trabalhadores do Brasil”, os participantes reivindicaram redução da jornada semanal de 44h para 40h, sem prejuízo do salário. Além disso, caminharam rumo à Esplanada dos Ministérios por mais e melhores empregos e o fortalecimento da seguridade social e das políticas públicas. O cumprimento da Lei Maria da Penha, que penaliza a violência contra a mulher, também foi lembrado. Assim como a defesa da ratificação pelo Governo e posterior regulamentação no Congresso Nacional das convenções 151 e 158 da OIT (Organização Internacional do Trabalho) que estabelecem respectivamente o direito de organização e negociação do trabalho no setor público e a necessidade de justificativa das demissões.

Sem mudanças nas regras para contribuição sindical
     O Plenário do Senado aprovou por unanimidade o Projeto de Lei 88/07, que reconhece oficialmente as centrais sindicais, em votação no dia 29 de novembro. E derrubou emenda que visava alterar a forma de recolhimento do imposto sindical e criaria confusão ao trabalhador. Assim, permanecem as regras relativas à contribuição. Essa deve ser paga até o final de fevereiro – no caso dos engenheiros, guia para tanto poderá ser enviada em domicílio, ao que bastará se cadastrar no site do SEESP até o término de janeiro próximo. O projeto de lei espera agora nova apreciação na Câmara dos Deputados, mas, segundo analistas, não deve sofrer mudança.

II EcoSP em novembro de 2008
     O SEESP já começou a pensar no II EcoSP (Encontro de Meio Ambiente de São Paulo). O evento está programado para 5, 6 e 7 de novembro de 2008, dando continuidade à discussão de temas de suma importância ao desenvolvimento sustentável do País.

 

 

     O ano de 2008 começou com perspectivas de bons resultados para a economia. O reaquecimento que se observou em 2007, com o crescimento provavelmente superando as previsões de meses atrás, o aumento do emprego e da renda, as vendas de Natal, os positivos acordos salariais que se firmaram, tudo aponta para a possibilidade de se iniciar um ciclo virtuoso. Neste período também devem trazer impactos favoráveis os projetos e obras previstos no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), cuja implementação ainda tem atrasos.
     Há, portanto, muito o que sair do papel, em especial porque, exatamente pela maior expansão, urge sanar as deficiências da infra-estrutura nacional para que não se trave o crescimento. Após 25 anos de estagnação, seria dramático se o País se visse emperrado por falta de estradas, ferrovias, portos ou energia.
     Num contexto como esse, os engenheiros, que já fazem falta no mercado, serão ainda mais necessários e terão de volta o papel que lhes cabe como artífices do desenvolvimento. Aqui está uma ótima notícia e uma grande oportunidade, mas também uma tarefa fundamental: assegurar que o Brasil disponha desses profissionais em quantidade e qualidade suficientes. Estima-se que anualmente formem-se 30 mil (20 mil segundo dados consolidados de 2005) e já se sabe que é necessário ao menos dobrar esse número. É preciso gente para construir a Nação, desenvolver pesquisa, ciência e tecnologia, criar inovação nas empresas e encontrar soluções criativas e pouco custosas ao Estado, aos investidores privados e, sobretudo, à natureza, tendo em vista que a sustentabilidade ambiental terá de ser a marca de toda e qualquer iniciativa. Essas são as tarefas que cabem aos engenheiros e eles precisam estar prontos a cumpri-las.
     Como se vê, a agenda para 2008 será cheia para todos aqueles cujo anseio é o desenvolvimento do País e o bem-estar da nossa população, que merece uma vida digna e já esperou tempo demais por isso. E, como tantas vezes se disse neste espaço, obviamente nada acontecerá por mágica. Se a tônica deste início de ano deve ser o otimismo, o compromisso mais do que nunca precisa ser o trabalho para garantir que essas expectativas se realizem. Cabe ao Governo cumprir suas obrigações, ao Congresso atuar seriamente na fiscalização do Executivo e pelos interesses dos cidadãos e à sociedade civil empurrar o poder público na direção de seus anseios. Enfim, não será possível vacilar. Finalmente, vemos a oportunidade de construir o futuro que esperamos desde muito tempo e é hora de agarrá-la.

 

 

    Nos anos 70, grande parte das indústrias multinacionais que hoje ainda atuam no Brasil iniciavam seus investimentos no nosso mercado, à época, de 90 milhões de consumidores. Chegavam trazendo tecnologia, num tempo em que nós vivíamos o chamado “milagre brasileiro”, com uma demanda crescente e uma inflação acentuada.
     Logo se acomodaram, face à inflação, com o estilo de reajustes de preços através de tabelas e outros artifícios de recomposição inflacionária. Poucas eram as indústrias nacionais que detinham a tecnologia das empresas estrangeiras na fabricação de máquinas e equipamentos, capazes de maior produtividade.
     A economia brasileira sempre foi direcionada às classes média e alta, que absorviam toda a produção dos bens de consumo. Assim, o nosso parque industrial era servil a esse segmento da população, posto que a imensa maioria desprovida de poder aquisitivo ficava fora do mercado e, por conseqüência, o operariado era golpeado pela modernização tecnológica, que reduzia de forma drástica a mão-de-obra pouco especializada.
     Hoje, ainda temos que, de qualquer forma, incluir as 45 milhões de pessoas, ou 11 milhões de famílias, que ainda não têm acesso aos bens de consumo mais elementares que norteiam os princípios de dignidade humana. Temos ainda 8 milhões de cidadãos que não possuem luz elétrica nas suas moradias. Isso nos leva à reflexão sobre o papel da tecnologia e até que ponto o seu emprego foi conivente com a exclusão, tendo em vista que foi utilizada como instrumento do capital.
     Não podemos entender avanço tecnológico se esse não estiver a serviço do progresso social. Esse deve ser o objetivo da implementação de inovações nos meios de produção, e não apenas a opção de menor custo e maior rentabilidade ao empresariado. Nesse esteio de pensamento, o corpo técnico brasileiro, na figura dos engenheiros, exerce papel de suma importância na elaboração de um pensamento que eu chamaria de técnico-social, na absorção das novas tecnologias e na implantação dessas numa política voltada ao desenvolvimento da indústria nacional em todas as áreas. Fernando Rizzolo é advogado criminalista, membro efetivo da Comissão de Direitos Humanos da OAB/SP (Ordem dos Advogados do Brasil, seção de São Paulo) e do Conselho Tecnológico do SEESP


Fernando Rizzolo

 

 

     Com um crescimento no setor da construção civil de 1,5 vez a média geral do País, a cidade desponta como opção aos grandes empreendimentos no Vale do Paraíba. A informação é de José Luiz Botelho, diretor regional do Sinduscon (Sindicato da Indústria da Construção Civil), seção São José dos Campos. Na sua concepção, o volume significativo de investimentos na região por parte da Petrobras, na duplicação de sua refinaria, e de indústrias como a Embraer (Empresa Brasileira de Aeronáutica), Volkswagen e General Motors têm mantido a economia aquecida e garantido o resultado positivo.
     Além disso, a localidade vive o efeito cascata da boa fase nacional. O crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) do segmento registrado em 2007 foi de 8% e em 2008 a expectativa é que alcance 10%, avalia Botelho. “O Governo está enxergando a construção civil como uma das grandes alavancas para desenvolver o País. Para a expansão neste ano, conta com o impacto dos investimentos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimeno), o que gerará riqueza, melhorará o nível de renda e ampliará a busca por mais qualidade de vida.” Com o cenário auspicioso e os bons resultados locais, “as grandes incorporadoras estão estendendo seus tentáculos ao interior, o que é sinal de que há demanda reprimida”. Em decorrência, Boelho nota que “é sensível o número de edificações verticalizadas em São José dos Campos. A cidade é um verdadeiro canteiro de obras”.
     De fato, cresceu significativamente o número de empreendimentos ali instalados, como aponta João Pereira Dantas, presidente da Aconvap (Associação das Construtoras do Vale do Paraíba). “O município fechou o ano com 7.600 imóveis em construção ou em lançamento.” Em número de projetos, foram aprovados junto à Prefeitura, segundo a Secretaria de Desenvolvimento Econômico de São José dos Campos, 315 na área. O incremento, constata ele, deveu-se à vinda de empresas que captaram recursos na bolsa de valores e compraram áreas para investir. E em 2008, a projeção é de alta acentuada, girando em torno de 30%, diz Dantas.
     Todavia, na sua ótica, não significa que vai repercutir em desenvolvimento para o município. “A disputa pelo cliente é acirrada e o número de lançamentos não está sendo absorvido. A velocidade de venda vem caindo. Se começar a sobrar imóvel e o mercado travar, o preço vai baixar e haverá desemprego.”
     Não é esse o quadro vislumbrado por Botelho, para quem “as grandes empresas têm estrutura forte de pesquisa e sentiram o terreno fértil para investir na região”. A afirmação é comprovada pela Cyrela Brazil Realty, uma das incorporadoras que se instalaram em São José dos Campos, a partir de agosto de 2007, mediante parceria com a companhia local Santa Izabel. Segundo sua assessoria de comunicação, os fatores-chave que a levaram a tomar essa decisão foram o potencial econômico e demanda no município, em especial no segmento residencial. Impactos favoráveis
     Ao menos no momento, o boom na consrução civil tem repercutido em maior número de empregos e companhias que vêm se estabelecendo no local. É o que assegura o assessor da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de São José dos Campos, Toshihiro Yosida. “O crescimento vem sendo progressivo nos últimos quatro anos.” Quanto aos postos de trabalho no setor, passaram de 5.172 para 6.634 e a tendência é de elevação. “O resultado é bastante positivo para a cidade.”

 


Soraya Misleh

     A Nação vive um momento positivo, na ótica do economista, professor da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e conselheiro do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), Luiz Gonzaga Belluzzo. Mas, como indica nesta entrevista ao Jornal do Engenheiro, precisa responder adequadamente às intempéries e avançar na luta política e social e na sua industrialização.

Quais as perspectivas para a economia nacional em 2008?
     O ano de 2007 terminou muito bem, com a economia crescendo em torno de 5%. E entramos 2008 com uma série de questões a serem enfrentadas, uma delas é essa mudança de ritmo da inflação, fenômeno cuja duração não se sabe exatamente qual vai ser. Tem duas questões a serem tratadas de maneira separada, a primeira é que o Brasil, no longo prazo, está sendo beneficiado pela mudança na divisão internacional do trabalho, sobretudo pela presença da China, que tem uma dotação de recursos naturais diferente da brasileira, cuja oferta é muito diversificada. Mas o País precisa saber equilibrar isso com a manutenção de um projeto de avanço da sua industrialização. Do ponto de vista mais imediato, nunca tivemos condições tão boas para enfrentar a crise que está se delineando na economia internacional. Não significa que vamos escapar dos seus efeitos, até porque é sem precedentes a integração dos mercados financeiros, o Brasil procedeu a uma abertura importante da sua economia, portanto está mais suscetível a choques de oferta. O mais provável é que se tenha uma desaceleração mundial, a qual vai afetar os vários países em graus distintos. O Brasil está mais protegido, mas certamente não vai atra¬vessar essa crise incólume. A probabi¬lidade maior é que tenhamos uma redução na taxa de crescimento, mas pode não ser tão drástica como o que ocorreu outras vezes.

Aquelas projeções de crescimento indicadas no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) então talvez não se confirmem?
     É preciso ver qual será o efeito da crise externa sobre o comportamento do crédito doméstico, elemento que puxou mais intensamente o crescimento. É claro que se a recessão for muito pesada, não vai fazer sentido manter as taxas de juros como estão, mas aí o Banco Central vai enfrentar nova dificuldade. O Brasil tem reservas altas, chegando em torno de R$ 190 bilhões, mas tem também aplicações de não-residentes que vão sofrer algum efeito se houver uma contração global do crédito. Isso pode ter impacto pelo lado financeiro sobre a taxa de câmbio e os juros, o que não é a situação mais agradável. Aí vai depender muito da capacidade de resposta da política econômica e da sensibilidade do Banco Central em perceber e avançar na tomada de certas medidas que protejam a economia contra eventual fuga de capitais.

O crescimento do País deve de fato ser transformado em desenvolvimento?
     Esse é um problema crônico no Brasil, freqüentemente tivemos surtos de cres¬cimento, mas a melhoria das condições de vida do povo foi pouca. Nesses últimos seis, sete anos começou a se desenvolver uma série de políticas que permitiram pelo menos impedir que boa parte da população ficasse submetida a condições de extrema pobreza. Esses elementos têm que ser considerados avanços, mas certamente temos que aprofundar e universalizar essas políticas sociais. Além disso, tem-se hostilidade muito grande a essas medidas porque decorrem da própria situação de desigualdade, com a resistência das classes superiores que não gostam de pagar imposto. Para que o crescimento acabe produzindo para a maioria uma situação melhor, é preciso avançar na luta política e social. Não vamos imaginar que isso vai nascer espontaneamente no Brasil, os europeus levaram duas guerras mundiais para conseguir superar essa resistência.

Como a não-prorrogação da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) e as medidas compensatórias anunciadas pelo Governo devem repercutir na economia brasileira?
     Eu não sobrestimaria tanto o aspecto tributário da não-prorrogação. A decisão de elevar imposto sobre o lucro líquido dos bancos está correta e o que vai causar ao crédito o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) é quase nada.

Não deve afetar os projetos do PAC?
Não, não acho que seja uma catástrofe.

Por conta do crescimento da economia, já começa a se registrar uma falta de engenheiros...
     Pagamos um preço enorme pelos 25 anos de estagnação da economia e os erros cometidos na década de 70 que deram na crise da dívida externa. Como o investimento foi muito baixo no passado e a capacidade produtiva estava adequada àquela situação, quando começa a haver expansão econômica, começa a se apre¬sentar gargalos e pressões inflacionárias em alguns setores. Vai ter um período de ajustamento que será um pouco doloroso.

Com relação ao câmbio, quais as perspectivas?
     A política cambial, que está ligada à monetária, foi muito infeliz e provavelmente vai ser corrigida pela própria crise. Mas vamos ter que pagar um preço por essa desvalorização (do real em relação ao dólar) que vai colocar a indústria brasileira numa situação melhor.


MERCADO

     “Foi um vendaval atípico, de mais de 120km/h, que arrancou mais de 30 árvores, desligou vários circuitos e fez grandes estragos. Um temporal de grandes proporções, mas em 24h estava tudo restabelecido.” A descrição é relativa a minitornado que atingiu o distrito de Barão Geraldo, em Campinas, no mês de novembro último. Feita pelo engenheiro-líder da região Sudeste da CPFL Paulista (Companhia Paulista de Força e Luz), Luiz Carlos Moreira Junior, exemplifica o trabalho feito por profissionais da área que atuam na empresa para conter os estragos na rede elétrica causados nessas situações.
     Enquanto a maioria da população tenta se proteger frente a tais ocorrências, engenheiros e técnicos trabalham duro, literalmente debaixo de chuvas fortes, raios e trovões, para garantir a energia ou sua volta o mais rápido possível. Em média, segundo Moreira, o sistema precisa estar funcionando normalmente na área urbana em 70 minutos, conforme regulado pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).
     De modo a assegurar o cumprimento dessa determinação, o engenheiro-líder tem que coordenar todo o trabalho de campo e fazer a gestão adequada. Para que as equipes não sejam pegas de surpresa, a CPFL atua em parceria com o Cepagri (Centro de Estudo e Pesquisa em Agri¬cultura) da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), o que permite receber as informações sobre as mu¬danças climáticas. O próximo passo é atuar nos temporais. Daí, afirma Moreira, “temos que primeiro avaliar sua extensão, para saber quais recursos vamos precisar envidar para poder resolver. Para isso, a gente contata o Centro de Operação, que controla todas as emergências, e também percorre a cidade para ver se houve árvores arrancadas, quais os trechos mais atingidos. Com base nisso, aciona as equi¬pes através dos técnicos-líderes, que repassam as informações aos eletricistas e qual a estratégia a ser utilizada, de¬pendendo da ocorrência”. Assim, podem ser mobilizadas somente equipes próprias como também as de apoio, as quais ficam em outras áreas da empresa. “Nas grandes contingências trabalhamos em conjunto, então também se envolve o engenheiro-líder da transmissão, da distribuição, e cada um comanda uma parte da ope¬ração”, destaca Moreira. Ao todo, são seis profissionais da categoria, os quais coordenam o trabalho de cerca de 150 técnicos e eletricistas, de acordo com ele. A sua seção é a maior, porque pega, além de Itapira, a região de Campinas, com seus perto de 1 milhão de habitantes. Jun¬tas, abrangem em torno de 1.500km de rede dos aproximadamente 2.800km no total. “No meu caso, são 210 pessoas (na equipe)”, atesta. Apenas na cidade prin¬cipal, revela Moreira, “são mais ou menos 4 mil atendimentos por mês”. Mas esse número pode dobrar ou mesmo triplicar e quadruplicar em épocas de maior inci¬dência de chuvas. “Já tivemos casos de haver um tornado e, num só dia, ter 700 eventos.” Para esses períodos, a CPFL co¬loca em ação o Plano Verão, com reforço nas equipes, estoque de materiais e logística.

Ação e tecnologia
     Uma das alternativas utilizadas para que os cidadãos não fiquem no escuro por muito tempo é o seccionamento do circuito. “Para isso, é necessário recalcular e refazer a configuração da rede, transferindo a carga. Vamos imaginar que no meio de um temporal caíram três postes num determinado circuito. Eu o corto e só fica sem energia a parte que foi danificada”, explica o engenheiro-líder da CPFL. Daí, como ilustra ele, dos cerca de 5.500 consumidores atendidos pela empresa, deixa-se apenas 200, 300 sem luz, à espera de reparos por parte das empreiteiras.
     A companhia faz ainda trabalho preventivo, como a poda de árvores que podem representar risco ou causar a interrupção de energia em caso de queda. “Além disso, investimos em tecnologia nova. Por exemplo, construímos rede agora em que o cabo é protegido.”
     O sistema pode também ser desligado por segurança, como no caso de ser atingido por descargas atmosféricas. O objetivo, informa Moreira, é impedir que haja sobretensão. “Aí tem pára-raios na rede que recebem a descarga, atenuam-na e então o sistema religa automaticamente. Tem casos mais graves, em que cai um raio numa cruzeta, estoura o poste e chega a romper o cabo, que cai. O sistema de proteção indica que tem um vazamento de corrente e desliga o condutor.” Mas ele alerta: “Não significa que o cabo no chão está desenergizado. A população deve considerar sempre que está ligado e acionar a CPFL para que tome as providências. Daí, enviamos equipe ao local para que faça o reparo.”


Soraya Misleh

 

 

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