Lucélia Barbosa
Promovida pela VDI (Associação de Engenheiros Brasil-Alemanha), em parceria com a FNE (Federação Nacional dos Engenheiros) e a Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha de São Paulo, aconteceu em 21 de outubro, em São Paulo, a segunda edição do Dia da Engenharia Alemã – a primeira foi realizada em 2009, no auditório do SEESP.
Durante a cerimônia de abertura, o presidente da VDI, Edgar Horny, ressaltou o sucesso da cooperação tecnológica entre os dois países, além de abrir espaço para troca de informações e conhecimento. Para o presidente do SEESP e da FNE (Federação Nacional dos Engenheiros), Murilo Pinheiro, o evento contribui para o avanço da tecnologia brasileira. Ele enfatizou a satisfação de ter a VDI como parceira na discussão dos assuntos pertinentes ao crescimento do País e principalmente na criação da IES (Instituição de Ensino Superior), que será voltada à inovação. “Temos que saudar os nossos parceiros alemães pela satisfação de aprender, de debater o desenvolvimento e de fazer do nosso país uma nação tecnologicamente assistida e com projeção para o futuro”, concluiu.
Para Matthias von Kummer, cônsul-geral da Alemanha em São Paulo, o SEESP está no caminho certo ao se dispor a implementar uma IES, pois os dois países precisam de engenheiros qualificados. Na mesma linha, Willi Fuchs, vice-presidente da VDI-Alemanha, disse que a entidade germânica está disposta a enriquecer a educação e que a parceria com a FNE serve para consolidar esse processo.
Sobre cooperação tecnológica, o vice-mi--nistro de Transportes, Construção e Desenvolvimento Urbano da Alemanha, Rainer Bomba, salientou que a área de maior interesse dos alemães é a de energia renovável. Segundo ele, motores a combustão serão ainda utilizados nos próximos 30 ou 40 anos, mas é necessário pensar em formas alternativas de geração de energia para a proteção climática. “Temos grande interesse no know-how do bioetanol brasileiro”, mencionou. No Brasil, essas parcerias beneficiarão a área de infraestrutura. Conforme Bomba, os alemães vão elaborar um projeto de alta engenharia para melhorar as instalações e a logística do Porto de Santos, que se tornará um dos maiores do mundo. “A solução levará em consideração a questão da sustentabilidade e o terminal portuário será o primeiro sem emissão de CO2”, revelou.
O vice-ministro enfatizou ainda a importância da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016 como estímulo à geração de empregos e à melhoria da mobilidade urbana. Na sua opinião, a Alemanha, que sediou o mundial de futebol em 2006, tem muito a contribuir nesse processo. “Com a nossa experiência vamos ajudar o Brasil a aproveitar essa oportunidade”, afirmou.
Mercado em expansão
As possibilidades do relacionamento científico e econômico entre os dois países foi tema da palestra de Weber Porto, presidente da Câmara Brasil-Alemanha e da Evonik Degussa Brasil. Conforme ele, além da tecnologia do carro elétrico, o futuro indica que a demanda de energia no Brasil deverá ser alimentada por fontes renováveis como o vento e o sol. “Somos privilegiados nesses dois aspectos e a Alemanha é um dos líderes no setor, desenvolvendo chapas fotovoltaicas e turbinas eólicas. Portanto essa cooperação pode ser extremamente frutífera em pouco tempo”, acredita.
Hans-Peter Sollinger, da Voith Paper, Simone Nagai, diretora de relações corporativas da Bracelpa (Associação Brasileira de Celulose e Papel) e Sergio Amoroso, presidente do Grupo Orsa falaram sobre produção limpa nessa área, dando ênfase à economia de energia e à ampliação da reciclagem. Em expansão no Brasil, o setor ocupa hoje o quarto lugar no ranking mundial de produção de celulose e o nono na fabricação de papel. Composto por 222 empresas, gera 115 mil empregos diretos e 575 mil indiretos e a previsão de investimentos é de US$ 20 bilhões até 2020.
O evento contou ainda com a participação de Rainer Hirschberg, da Aachen University of Applied Sciences, que falou sobre eficiência energética em edificações. Segundo ele, os prédios respondem por aproximadamente 41% do consumo de energia primária global. Nesse contexto, Ulrich Ostertag, presidente da Bayer Material Science para América Latina, apresentou o Ecocommercial Building, um conceito de edifício que tem emissão zero de gases causadores do efeito estufa e de resíduos e 100% de energia renovável. O plano inovador que oferece consultoria completa deve chegar ao Brasil em 2011.
O último tema do encontro ficou por conta do tecnologista sênior no Instituto de Aeronáutica e Espaço do CTA (Centro Técnico Aeroespacial), Paulo Moraes Júnior, que falou sobre as conquistas e os desafios de estudar na Alemanha.