Com esta edição, o Jornal do Engenheiro chegou ao seu trigésimo ano de circulação. Lançada no final de 1980, ainda como Jose (Jornal do Sindicato dos Engenheiros) – passaria a JE em 1992 –, a publicação é iniciativa do movimento de renovação pelo qual passou o SEESP nesse período e vem sendo o registro mais preciso das suas ações desde então. Tendo passado por inúmeras reformulações ao longo dessas décadas, o JE tem mantido a vocação de divulgar as atividades mais importantes da entidade, como as campanhas salariais, os eventos e os projetos promovidos ou abraçados por ela.
Assim, desde os anos 80, as páginas do jornal trouxeram, por exemplo, a luta pela redemocratização do Brasil, que à época esforçava-se por deixar para trás a ditadura e clamava por eleições diretas para presidente. Também naquela década, o veículo de comunicação dos engenheiros colocou em pauta a preocupação com a necessidade de avanços na ciência e na tecnologia, testemunhando o empenho do SEESP pela inclusão desse capítulo na Constituição de 1988. Na mesma trincheira, veio a criação do Conselho Tecnológico e do prêmio Personalidade da Tecnologia, em 1987, hoje em sua 24ª edição, conforme relata este JE. Mais tarde, no mesmo espírito, a Lei 8.029/92, que garante o direito à atualização profissional à categoria.
Com os anos 90, o jornal precisou dedicar sua atenção à ameaça do momento: a bíblia neoliberal que vinha de Washington e ameaçava fazer terra arrasada por aqui. Foi o período de denunciar os efeitos nefastos da desnacionalização e das privatizações, geradoras de alto desemprego e do desmonte do patrimônio público construído nos períodos anteriores. Com a forte atuação dos engenheiros nas empresas estatais consideradas estratégicas ao desenvolvimento, o JE esforçou-se por apontar os problemas e as alternativas a essa política francamente contrária aos interesses brasileiros.
A sanha privatista, lamentavelmente, manteve-se na ordem do dia com a virada do milênio e, nos anos 2000, com o SEESP acirrando a luta contra a venda das companhias energéticas paulistas, o tema foi constante no JE. Em reportagens, artigos e editoriais, foi demonstrado o equívoco da política na qual se insistia. Um esforço de aprimoramento do seu projeto editorial e gráfico foi feito nessa época com a consolidação do Conselho Editorial, que se reúne semanalmente não só para definir pautas, mas também para debater, com autonomia, mudanças necessárias.
Em meados da década, o sindicato engajou-se fortemente na luta pela retomada do crescimento econômico e uniu-se ao movimento “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, lançado em 2006 pela FNE (Federação Nacional dos Engenheiros). Desde então, pelo jornal, pode-se acompanhar os inúmeros eventos realizados com o objetivo de discutir o projeto, as vitórias alcançadas pela iniciativa, como a inclusão de várias de suas propostas no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), especificamente no que diz respeito a ciência, tecnologia e inovação.
Considerada essencial ao real desenvolvimento nacional, a formação de mão de obra qualificada ganhou importância na agenda do SEESP, que se propôs a criar uma IES (Instituição de Ensino Superior) que garanta a graduação de engenheiros capazes de lidar com os desafios do século XXI. O andamento e a importância da empreitada são, como não poderia deixar de ser, pauta constante do JE neste momento.