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Opinião - Sustentabilidade: a importância da manufatura reversa de veículos

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Jucélio Rocha da Silva, José Marcos da Costa Beserra e Rubens Augusto Vieira Mesquita

Desde a criação da primeira fábrica de veículos no Brasil em 1919, a indústria nacional não parou de crescer. No ano de 2014, a produção alcançou o número de 3.172.750 unidades, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

O País ocupa a sétima posição no ranking mundial entre os fabricantes de veículos e ocupa o quarto maior mercado interno do globo. São Paulo possui a maior frota do Brasil, com cerca de 26.733.748 unidades, sendo 29,5% apenas na metrópole, de acordo com o Departamento Estadual de Trânsito (Detran).

No Estado, o número de sinistros registrados no primeiro semestre de 2014 alcançou 1.246.403 unidades, ante 5.178.834 em nível nacional no mesmo período, de acordo com a Superintendência de Seguros Privados (Susep). Ou seja, do total, 24,06% em São Paulo. No primeiro semestre de 2015, a Secretaria de Segurança Pública do Estado contabilizou 95.216 veículos roubados ou furtados, dos quais 52,1% não são recuperados de imediato ou em curto prazo, aumentando o número de automóveis fora de uso. Com base nesses dados oficiais, é possível comprovar o aumento de resíduos decorrentes desse pujante mercado.

Em maio último, após um procedimento licitatório, o governo paulista assinou um contrato de R$ 16,5 milhões com duas empresas para construção de dois pátios de veículos, em razão de os 45 atualmente existentes na Capital não comportarem a grande quantidade de apreensões de forma adequada (ambientalmente correta). O formato atual dos pátios apresenta sinais de abandono, possibilitando a proliferação de vetores urbanos, estoque de sucatas que geram impactos ambientais, tais como contaminação do solo, dos mananciais, do lençol freático e da atmosfera.

A partir dos dados encontrados, analisou-se o cenário automobilístico no Estado de São Paulo, revelando a urgência e a necessidade de se iniciar uma manufatura reversa de veículos. A reciclagem desse importante produto, com base no peso, pode alcançar até 70% de materiais ferrosos. E se os componentes do veículo estiverem em boas condições durante a desmontagem para a sua reutilização, esse número poderá alcançar 85% do total.

O procedimento deve ser efetuado basea­do nas legislações vigentes. Pode ser realizado da seguinte forma: despoluição do veículo, com a drenagem dos fluídos, desmontagem e identificação dos seus componentes, separando os rejeitos dos materiais recicláveis e reutilizáveis. Por último, a fragmentação desses materiais, que poderão voltar a servir de insumo para indústria.

Cabe destacar que o sucesso da reciclagem depende de uma gestão semi-integrada com a participação de empresas capazes de realizar o reaproveitamento ou destinação adequada dos resíduos, como fluidos, gases, pneus, entre outros.

A metodologia apresentada é absolutamente sustentável, pois reduz o número de etapas operacionais e a utilização de recursos naturais, além de gerar novos empregos e diminuir os impactos ambientais, se comparados com a extração da matéria-prima virgem na natureza.



Jucélio Rocha da Silva, José Marcos da Costa Beserra e Rubens Augusto Vieira Mesquita, formandos em Engenharia de Produção pela Universidade Cidade de São Paulo

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