Soraya Misleh*
Diante de plenário lotado e representativo, ocorreu em 28 de março na Assembleia Legislativa de São Paulo a posse solene da diretoria da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), à qual Murilo Celso de Campos Pinheiro foi reconduzido à Presidência. No ensejo, foi lançado o movimento “Engenharia Unida”, convocando a ação coesa da categoria no enfrentamento dos desafios atuais.
A gestão 2016-2019 iniciou-se oficialmente em 16 do mesmo mês. Ministro de Estado, secretários nacionais, estaduais e municipais, parlamentares, prefeitos, desembargadores da Justiça e procuradores do Ministério Público do Trabalho abrilhantaram a cerimônia, que reuniu cerca de 1.800 pessoas. Prestigiaram o evento, ainda, entre outras personalidades, presidentes dos Conselhos Federal e Regionais de Engenharia e Agronomia (Confea/Creas), diretores da Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados (CNTU) e de federações por ela representadas, do Instituto Superior de Inovação e Tecnologia (Isitec), de sindicatos de engenheiros de todo o País, de associações, centrais sindicais, entre outras organizações.
Pinheiro, que também está à frente do SEESP, saudou os sindicalistas e autoridades presentes. E enfatizou: “Diante do cenário social, político e econômico que o Brasil atravessa e considerando os reflexos da crise internacional, é obrigatório que tenhamos em mente a necessidade de resgatar o País de uma paralisia que o sufoca, ameaça seriamente as possibilidades de avanço e agrava as condições de vida da população brasileira, que hoje já vem sofrendo, principalmente com o desemprego. Temos como grande desafio manter a categoria dos engenheiros unida, forte, qualificada e empenhada em trabalhar para superar tais crises. E a FNE vem cumprindo seu papel de debater e elaborar propostas para colaborar com a retomada do desenvolvimento.”
Explicitando a atuação da federação nesse sentido, Pinheiro ressaltou: “Temos defendido a implantação de uma política industrial efetiva, que nos traga ganhos de produtividade, um essencial desafio a ser vencido no Brasil, apontando a necessidade de alterações na macroeconomia que favoreçam a produção e o avanço tecnológico em vez do rentismo. É preciso também que haja investimentos na infraestrutura impulsionados pelo Estado.”
Defendendo o Brasil
Ele afirmou ainda a premência de se formar cada vez mais massa crítica para fomentar as discussões e participar na construção de um projeto para o País – a FNE apresenta à sociedade o “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, que completa agora dez anos e se debruça em 2016 sobre o tema “Cidades”. Pinheiro foi enfático: “É preciso questionar o que está errado e aplaudir o que tem sido feito de bom. É assim que estamos conduzindo essa entidade que levanta as bandeiras da valorização profissional, da defesa dos direitos adquiridos pelos trabalhadores, do reconhecimento dos engenheiros, do empenho pela remuneração justa, plano de carreira nas empresas, qualificação de excelência.” E sublinhou: “Queremos continuar defendendo o Brasil e seus cidadãos, apoiando a investigação, o devido processo legal e a punição daqueles que agem contrariamente aos propósitos nacionais. Porém, é preciso muito cuidado para que as grandes instituições e empresas que há décadas impulsionam o crescimento e desenvolvimento não sejam desmanteladas, causando prejuízos aos trabalhadores e à sociedade.”
Coordenador técnico do projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, Carlos Monte atestou: “A engenharia, mais do que nunca, tem que estar unida. Temos que juntar todo mundo para encontrar soluções aos problemas enfrentados. Uma das coisas mais importantes é conseguir que os diferentes órgãos do governo aceitem a ideia da leniência, com as empresas, por sua vez, se comprometendo com uma mudança de hábitos em relação aos serviços públicos.” Na sua ótica, cabe aos profissionais da categoria cooperarem, assumindo seu papel de salvaguarda do conhecimento técnico e científico que “faz com que a engenharia seja o motor do desenvolvimento nacional”.
Responsabilidade
Presidindo a sessão, o deputado estadual Campos Machado (PTB) salientou: “Nas mãos dos engenheiros está o futuro deste País.” Na sua concepção, a coesão da categoria propiciará encontrar o caminho para a retomada do crescimento e desenvolvimento nacional. Também expressando seu reconhecimento à profissão, a senadora Marta Suplicy (PMDB-SP) destacou: “O que o Brasil mais precisa é de infraestrutura. Sem isso, não tem como chegar a primeiro mundo, e temos muito a caminhar. A FNE é exemplo de união nacional para construir o País que sonhamos e queremos.”
Ministro das Cidades, Gilberto Kassab afirmou: “Contamos sempre com nossa engenharia, uma das melhores do mundo. Tenho certeza que muito vão contribuir ao desenvolvimento das cidades, Estado e País.” Indicando a crise que atinge fortemente o setor da construção civil, com dados alarmantes, o deputado estadual por São Paulo Ramalho da Construção (PSDB) seguiu também nessa direção: “Vamos dar as mãos para reinventar o Brasil que merecemos. Para girar a roda do desenvolvimento, contamos com vocês, engenheiros!” Também parlamentar paulista, Itamar Borges (PMDB) concluiu: “A engenharia unida é o que precisamos. Tem papel fundamental para somar forças e recolocar o País nos trilhos.”
Outro que prestou homenagens e reconhecimento aos profissionais da área foi o secretário estadual da Agricultura e Abastecimento de São Paulo, Arnaldo Jardim, ele próprio engenheiro. A categoria, como disse, assiste “com inquietude a crise ética, econômica e política por que passa o Brasil. Mas o engenheiro, profissional da construção, quer olhar não pelo retrovisor, mas o farol ligado à frente. Com o ‘Cresce Brasil’ e agora a ‘Engenharia Unida’, a FNE aposta na busca pela mobilização e unidade para se construir um projeto nacional.” E continuou: “Num momento em que o País fala tanto em disputa e está fragmentado, a federação fala em construir pontes.” Na mesma direção, Dario Rais Lopes, secretário nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana, vaticinou: “Só com consenso de classe vamos conseguir fazer com que a engenharia seja protagonista dos processos. Quando os governos deixam de praticar a boa engenharia, abre-se espaço para duas coisas: perda de qualidade e práticas não republicanas. É fundamental que nós, engenheiros, entendamos desse processo, e a partir daí possamos elencar propostas que construam, efetivamente, mais que um país decente e civilizado, um Brasil mais justo.”
Também homenageou a diretoria empossada o presidente do Confea, José Tadeu da Silva: “O conselho representa 1,250 milhão de profissionais e 350 mil empresas. Em nome deles, saúdo vocês. E vamos virar essa página, com engenharia, mais crescimento e mais desenvolvimento, como prega o ‘nosso’ projeto (referindo-se ao ‘Cresce Brasil’).” Trazendo mensagem do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, seu vice, Márcio França, relatou as obras e investimentos que vêm sendo feitos no Estado e reconheceu: “O engenheiro é o profissional do desenvolvimento. Temos a esperança e expectativa que vocês vão ajudar o País a voltar a crescer com inovação e dignidade.”
Para Jurandir Fernandes, ex-secretário estadual dos Transportes Metropolitanos de São Paulo e vice-presidente honorário para a América Latina da União Internacional de Transporte Público (UITP Latin America), “não é o momento de ficarmos parados esperando que a crise, um dia, acabe. Temos de partir para duas ações: uma reflexão interna e ações propositivas, daí a engenharia unida”.
Planos de trabalho
A diretoria encabeçada por Pinheiro compôs chapa única eleita por ampla maioria no dia 7 de outubro de 2015, ao final do XI Congresso Nacional dos Engenheiros (Conse), em Campo Grande (MS). No total, foram 217 votos, ante seis nulos e sete brancos. Participaram do pleito representantes dos 18 sindicatos de engenheiros do País que compõem a federação, entre os quais o SEESP.
Manter a mobilização nacional em prol do desenvolvimento sustentável integra o plano de ação da diretoria empossada. Na certeza de que a federação tem trilhado caminho acertado ao aliar a demanda nacional à luta sindical, a gestão 2016-2019, além do chamado à engenharia unida, já inicia seus trabalhos inaugurando os debates relativos à etapa atual do projeto “Cresce Brasil”. O resultado será apresentado em julho próximo para discussão com a sociedade e os candidatos nas eleições municipais em todo o território nacional.
Na defesa dos representados pela FNE, em iniciativas integradas com os sindicatos a ela filiados, a nova diretoria seguirá a batalha pelo cumprimento da Lei 4.950-A/66, que estabelece o piso profissional da categoria. Além disso, fortalecerá a luta pela implementação da carreira de Estado para engenheiros e arquitetos nos três níveis de governo, com aprovação de projeto de lei no Congresso Nacional. Pauta essencial não só pelo reconhecimento e valorização profissional, essa visa também dotar as administrações públicas de corpo técnico capacitado para garantir desenvolvimento e qualidade de vida à população. A educação continuada é outra bandeira que a nova gestão levará adiante, o que inclui o apoio ao Isitec como importante iniciativa.
Confira:
Entrevista com Murilo Pinheiro, presidente reeleito
Carta de Campo Grande – “É hora da Engenharia Unida”
*Colaboraram Deborah Moreira, Rosângela Ribeiro Gil e Lourdes Silva
Diretoria eleita – Gestão 2016-2019
Presidente
Murilo Celso de Campos Pinheiro
Vice-presidente
Carlos Bastos Abraham
Diretor Administrativo
Manuel José Menezes Vieira
Diretor Administrativo adjunto
Disneys Pinto da Silva
Diretor Financeiro
Antonio Florentino de Souza Filho
Diretor Financeiro adjunto
Luiz Benedito de Lima Neto
Diretor de Relações Internas
José Luiz Bortoli de Azambuja
Diretor Operacional
Flávio José Albergaria de Oliveira Brízida
Diretora de Relações Institucionais
Thereza Neumann Santos de Freitas
Diretores Regionais
Norte – Maria Odinéa M. Santos Ribeiro
Nordeste – Modesto F. dos Santos Filho
Sudeste – Clarice M. de Aquino Soraggi
Centro-Oeste – Gerson Tertuliano
Sul – Edson Kiyoshi Shimabukuro
Diretores Representantes na Confederação
Titular – Sebastião A. da Fonseca Dias
Suplente – Wissler Botelho Barroso
Diretores de Departamentos
Relações Internacionais
Francisco Wolney Costa da Silva
Relações Acadêmicas
José Ailton Ferreira Pacheco
Negociações Coletivas
Tadeu Ubirajara Moreira Rodriguez
Assuntos do Exercício Profissional
Maria de Fátima Ribeiro Có
Conselheiros Fiscais
Efetivos
Antônio Ciro Bovo
José Carlos Ferreira Rauen
Lincolin Silva Américo
Suplentes
Celso Atienza
Cláudio Henrique Bezerra Azevedo