Carlos Hannickel
Com vasta experiência na direção de cargos públicos e privados, Amaury Hernandes é o candidato ao Crea-SP (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia) apoiado pelo SEESP. Engenheiro civil formado pela Faculdade de Engenharia de Barretos em 1982, é especialista em segurança do trabalho, modalidade em que atua há 17 anos como professor em várias faculdades de engenharia do Interior paulista, sendo responsável pela formação de centenas de profissionais. Nesta entrevista ao JE, ele mencionou os problemas da atual gestão e suas principais propostas para mudar o conselho.
Jornal do Engenheiro: Por que você é candidato ao Crea-SP?
Amaury Hernandes: A insatisfação dos profissionais com o Crea-SP é imensa. Não tem ninguém satisfeito, menos, é claro, aqueles que se beneficiam do atual modelo nocivo de gestão. Ao profissional só cabe a responsabilidade de pagar obrigatoriamente um sistema que nada lhe traz de retorno. Foi transformado num cartório cuja direção não dá satisfação alguma do que faz, é prejudicial àqueles que o mantém e precisa ser mudado. E qualquer mudança no Conselho tem que começar pela valorização e qualificação dos profissionais que ele abrange e o mantém.
JE: É possível mudar o Crea-SP?
AH: Vai ser uma tarefa árdua, porém necessária. É preciso voltá-lo para as suas atividades básicas de fiscalização, protegendo a sociedade e valorizando os bons profissionais. Além disso, é preciso inseri-lo como protagonista nos debates em que sejam discutidas questões e projetos de interesse da sociedade, tirando-o da sua omissão. Para tanto, é preciso manter canais de diálogo franco e aberto com amplos setores da sociedade, dos governos, do empresariado, entidades de classe e associativas. É nosso papel defender o espaço da tecnologia e dos profissionais brasileiros. Mais ainda, é preciso tornar transparente a sua gestão administrativa e financeira, afinal, trata-se de uma autarquia federal e não uma empresa privada em que o dono faz o que bem entende.
JE: As eleições em São Paulo usarão urnas de pano. Por que não serão usadas as eletrônicas ou mesmo por que não é possível aos profissionais votarem pela internet?
AH: Essa é uma pergunta que deixa qualquer profissional da área tecnológica constrangido, cabendo aqui ressaltar que o Crea-SP foi o que mais se empenhou contra a instituição do voto pela internet. O sistema deveria ser o pioneiro a implantar essa metodologia. Só me ocorre afirmar que isso não se dá porque contraria interesses daqueles que estão à frente da instituição. Com o voto pela internet, com certeza, teríamos mais que aqueles 6% de profissionais aptos a votar em nosso Estado comparecendo às urnas. Nos últimos 20 anos, esse foi o contingente de votantes nas eleições. E em São Paulo, hoje, são 315 mil profissionais que poderiam votar! Não o fazem pela dificuldade de se locomover até as urnas ou simplesmente por não terem uma mesa receptora ao seu alcance. Fica claro que, para se manter no comando do Crea, o que essa gente menos quer é profissional votando. E, por incrível que pareça, teremos urnas de lona em São Paulo.
JE: Como mudar essa situação?
AH: Qualquer mudança só acontecerá com a participação dos profissionais. Se forem votar, apesar das dificuldades, certamente vão dizer um basta a tudo o que representa o Crea-SP hoje. Como candidato da oposição, tenho recebido muitas manifestações de apoio e de desejo de mudança. Nesse sentido, temos incentivado e recomendado a todos que façam um esforço para ir às urnas no dia 8 de novembro. Mais que isso, precisamos envolver nossos amigos e colegas de trabalho nesse processo, mostrando a eles o nosso compromisso com as mudanças necessárias e a importância do voto para que isso ocorra.
Programa de trabalho
• Transparência
Trazer todas as entidades do setor para as discussões e decisões do Crea-SP. Disponibilizar acesso imediato a informações financeiras e trabalhos do conselho.
• Serviços informatizados
Implantar sistema integrado de tecnologia da informação para todos os processos e produtos do Crea-SP.
• Fiscalização efetiva
Promover um choque de gestão no sistema de fiscalização do Crea-SP, com foco na proteção à sociedade e na valorização dos profissionais. Fiscalizar com rigor necessário a ocupação irregular de postos de trabalho por profissionais não habilitados nas empresas, órgãos governamentais e instituições de ensino.
• Presença na vida nacional
Participar ativamente dos debates de questões e projetos de interesse social, inserindo o setor da tecnologia nas esferas de decisão para a formulação de melhores propostas e soluções. Manter canais de diálogo com os amplos setores da engenharia nacional, entidades associativas, de classe e empresariais.
• Regulamentação profissional
Lutar pela aprovação no Congresso Nacional do Projeto de Lei nº 6.994/02, que torna crime o exercício
ilegal da profissão.
Veja programa completo no blog do candidato: http://votoamaury.blogspot.com