Trinta e dois funcionários da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) iniciaram o primeiro curso de Master Business Innovation (MBI) para o setor ferroviário do Brasil e do mundo. A aula inaugural se deu no dia 25 de novembro último, na unidade do Serviço de Aprendizagem Industrial (Senai), Vila Leopoldina, na Capital. Em parceria com essa instituição, a iniciativa da CPTM foca sua transformação digital e o desenvolvimento dos profissionais para a inovação.
O MBI Ferroviário é um programa de especialização lato sensu, com duração de 18 meses, gratuito aos funcionários. Ao todo foram 320 inscritos, e a seleção foi feita por meio de um vídeo enviado pelos candidatos à comissão organizadora contando suas motivações para a qualificação. O processo teve ainda dez vagas exclusivas para funcionários de cargos técnicos, com ensino superior, como maquinistas, líderes de estação, entre outros. “A nossa perspectiva é lançar uma turma a cada seis meses. Estamos estudando para ampliar a quantidade de pessoas e disponibilizar o curso para fora da empresa também”, explica Pedro Tegon Moro, diretor-presidente da CPTM.
A grade é composta por cinco módulos, chamados de “estações”. A primeira aborda conceitos e práticas de gestão 3.0, também conhecida como gestão ágil. A segunda, o serviço 4.0 – uma releitura da indústria 4.0 voltada à prestação de serviços. Inovação e tecnologias aplicadas como inteligência artificial, big data e imersão em laboratórios com startups estarão na terceira estação. E na quarta, inovações e serviços, incluindo aprofundamento em omnichannel, “que são conceitos de como a gente pode agregar valor à experiência do passageiro dentro da CPTM”, conforme esclarece José Erlan Dias Alves, chefe de Departamento de Desenvolvimento Humano da companhia.
O MBI utiliza a técnica learning experience, uma metodologia de aprendizado baseado no fazer, na experiência e na imersão, proporcionando que a cada estação os alunos já apresentem soluções de inovações aos desafios estipulados pela companhia. A quinta estação, inicialmente opcional, é um módulo no exterior. Segundo Pedro Moro, a CPTM e o Senai estão estruturando parcerias com universidades estrangeiras para viabilizar o intercâmbio.
“O nosso foco é formar pessoas, profissionais que tenham uma visão de futuro bastante ampla, que consigam catalisar para dentro da empresa o que é inovação”, explana o diretor-presidente. Essa é também a expectativa de Cristina Cândido, agente de relacionamento da CPTM, uma das selecionadas para o MBI. Ela externa: “Espero aprimorar o meu espírito inovador, auxiliar na melhoria de processos internos e na construção de uma nova forma de o passageiro experimentar e enxergar a companhia, além da operação diária.”
Programa I.ON
Vinculada à Secretaria dos Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo, a CPTM transporta em média 2,8 milhões de passageiros por dia, num total de 273 quilômetros de linhas operacionais, atendendo a 23 municípios, com um quadro de 8.220 funcionários. O curso, segundo Moro, vem ao encontro da ideia de modernizar os processos internos, assim como a forma de prestar o serviço à população. “Mudamos a nossa visão porque hoje a relação das pessoas com a mobilidade mudou”, afirma.
Nesse sentido, a CPTM lançou em outubro último o Programa I.ON, um conjunto de ações – incluindo o MBI Ferroviário – para incentivar a cultura de inovação dentro da empresa. Entre os projetos em andamento está o Inova CPTM, um prêmio para desenvolver competências de intraempreendedorismo corporativo.
Workshops sobre tendências tecnológicas, sociais e emergentes aos executivos da empresa estão na agenda do Programa I.ON. Também são projetos em andamento encontros de tecnologia e inovação, com a proposta de disseminar boas práticas existentes, e a exploração de metodologias ágeis, como o lean office, um conceito de desenvolvimento de processos mais enxutos e produtivos.
Para o ano de 2020, a segunda fase do Programa I.ON propõe a realização da maratona de inovação aberta, a HackInnovation; o projeto Transformação Digital, com vistas a uma prestação de serviços mais competitiva e correspondente com os anseios dos clientes, e a formação do “Comitê de Inovação”, uma iniciativa da presidência da CPTM.
Todas as ações, na visão de Moro, são para aproximar a companhia da realidade digital já existente na área da mobilidade. “Além do transporte público, as pessoas têm diversas formas de chegar em casa, com patinetes, bicicletas, a chamada última milha é compartilhada com aplicativos etc.. A gente tem que entender como a mobilidade urbana faz parte do processo de transformação [da sociedade], como o mundo hoje a enxerga e como isso se incorpora à realidade da mobilidade”, afirma o diretor-presidente. Ele destaca: “Esse é o ponto principal da cultura de inovação para nós.” Para Alves, não é pela inclusão de máquinas que ocorre a inovação, mas por meio de capital humano qualificado. Por isso, a idealização e prática do Programa I.ON.
Por Jéssica Silva