Por Valter Pieracciani
Flexibilidade. Essa é a única disciplina que certamente será preciso ensinar às nossas crianças. De resto, tudo o que se refere a conteúdos técnicos e novas profissões será completamente diferente em breve. Foi assim que Yuval N. Harari, autor do livro “Sapiens”, respondeu à pergunta sobre profissões do futuro, em uma entrevista durante sua passagem pelo Brasil. E o engenheiro do futuro, como será? Interagindo com centenas de profissionais de nossa área, registramos oito novas maneiras de atuar.
Elas não substituem as clássicas qualidades técnicas dos engenheiros, essas que aprendemos na faculdade; apenas acrescentam-se, amplificando nossa necessidade de seguirmos aprendendo.
• Engenheiro “Olhos de Lince”
Vivemos em uma era de busca incessante da inovação. Tudo o que nós, engenheiros, fazemos é justamente... inovação. Só que, por complexo ou distorções em nossa educação, damos outros nomes a isso: assistência técnica, marketing ou engenharia. Assim, esvaziamos nosso conteúdo inovador. Hora de recondicionarmos nosso olhar para enxergar e exaltar o conteúdo inovador do que realizamos.
• Engenheiro Estrategista
Muitas vezes, ao criarmos um novo produto ou processo, promovemos melhorias tão impactantes que desses lançamentos pode vir uma inteira nova estratégia. Um recente exemplo disso foi o lançamento de uma máquina de cartões sem bobina e sem manutenção, a Moderninha, da empresa PagSeguro. O produto e a ação dos engenheiros viraram estratégia de transformação da empresa.
• Engenheiro Tributarista
Temos que estar abertos e, mais do que isso, dominar conteúdos que não são propriamente “coisa de engenheiro”. Refiro-me em especial aos tributos e incentivos fiscais à inovação. Com eles podemos financiar e turbinar a inovação, assegurando a força das áreas técnicas.
• Engenheiro Governador
Gerenciar todo o movimento de inovação nas empresas, coordenar os esforços de capacitação, executados por RHs, os incentivos, a conexão com o ecossistema e outras tantas facetas já são preocupação dos engenheiros vencedores.
• Engenheiro Líder de Inovação
São os Elon Musks da vida, pessoas focadas em melhorar o mundo, que incentivam suas equipes a experimentar e aprender, que não param diante da primeira derrota.
• Engenheiro RI e RG
Relações Institucionais e Governamentais. Impensável no passado, o papel de interface entre os setores da empresa que afetam a inovação e o governo passou, de uns tempos para cá, às mãos dos engenheiros. Só eles são capazes de defender e convencer os órgãos técnicos sobre a excelência de suas criações.
• Engenheiro Gestor de Redes
As empresas hoje são muito mais redes do que organogramas em cachos. Assim, e considerando que as inovações só acontecem com a colaboração de diferentes áreas, o engenheiro assume também o papel de líder de rede, capaz de articular pessoas e áreas para que a inovação ocorra com sucesso.
• Engenheiro Multitecnológico
Nossa era se caracteriza por uma avalanche de novas tecnologias. Cabe ao engenheiro manter-se vigilante e ser aquele que as prospecta continuamente.
Sucesso a todos nós!
Valter Pieracciani é engenheiro, empresário, consultor, pesquisador, mentor, investidor anjo, conselheiro, designer de negócios e escritor. Foi pioneiro em gestão da inovação no Brasil e é reconhecido como um dos maiores especialistas da atualidade. Em 1992 fundou a Pieracciani Desenvolvimento de Empresas. Autor dos livros “Império da inovação”, “Usina de inovações”, “A verdadeira mágica” e “Qualidade não é mito e dá certo”. Em 2015 recebeu do SEESP o prêmio Personalidade da Tecnologia na categoria Inovação.