Rita Casaro
Reeleito presidente do SEESP, Murilo Pinheiro prepara-se para cumprir mais um mandato à frente da entidade no período 2022-2025, destacando o desafio de liderar a representação dos 200 mil engenheiros no Estado de São Paulo. “Estamos num momento em que a pandemia nos assola, que o País vive uma crise nunca vista. Nós todos temos um grande desafio pela frente. O que me faz enfrentar é a responsabilidade que temos com cada um dos nossos associados, com a engenharia paulista e brasileira”, afirmou.
“Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento” para a recuperação da economia nacional com geração de empregos.
No pleito realizado entre os dias 12 e 14 de abril pela internet, a chapa Trabalho-Integração-Compromisso, encabeçada por ele e única inscrita para a disputa, obteve a vitória com 7.348 dos votos. Houve ainda 315 brancos e 234 nulos. Murilo comemorou a confiança depositada mais uma vez pela categoria e aposta na união para superar as dificuldades. “Nós acreditamos que as coisas podem dar certo, que nós todos juntos faremos a diferença.” Nesta entrevista ao Jornal do Engenheiro, ele fala ainda sobre o esforço da entidade para garantir atendimento, negociações coletivas e atividades técnicas remotamente e sobre as propostas do projeto
Em mensagem sobre o 1º de Maio, o dirigente destaca a reivindicação pela manutenção do auxílio emergencial de R$ 600,00 para que as pessoas sem emprego ou renda tenham condições de ficar em casa enquanto durar a pandemia. “Estamos lutando para que o País dê essa quantia necessária”, ressaltou.
Qual o significado de mais uma vez receber esse voto de confiança dos engenheiros e o que o entusiasma a seguir nessa missão num momento extremamente difícil, com uma pandemia ainda fora de controle e uma crise econômica severa?
O vigor, a vontade e a determinação é porque nós acreditamos no sindicato, na engenharia. Acreditamos que nós, juntamente com todos os nossos diretores, colaboradores e empregados, vamos conseguir vencer mais uma etapa. Estamos num momento em que a pandemia nos assola, que o País vive uma crise nunca vista. Nós todos temos um grande desafio pela frente. O que me faz enfrentar isso é a responsabilidade que temos com cada um dos nossos associados, com os nossos dirigentes, com a engenharia paulista e brasileira. É a responsabilidade de buscarmos o protagonismo da engenharia e de entendermos que neste momento temos que nos unir e mais uma vez buscar uma saída para engenharia, para o sindicato e para a sociedade como um todo. É um grande desafio, mas, acima de tudo, trabalhar com a equipe que nós temos é uma emoção muito grande.
Nesse cenário, quais são as principais tarefas e desafios do SEESP? Nesse novo mandado, que obviamente é de continuidade do trabalho, o que terá destaque?
Cada vez mais a necessidade de um sindicato, uma representação para o profissional é muito grande. Nós entendemos e acho que os profissionais todos estão entendendo a necessidade de um sindicato que luta por eles, que defende a engenharia e o trabalhador. Tivemos os dois últimos anos extremamente difíceis e este já aponta com dificuldades, porém as empresas e os profissionais já estão com entendimento muito claro da necessidade de uma representação que os defenda, que discuta a oportunidade de trabalho, o reconhecimento do profissional, a defesa da engenharia. Tudo isso faz parte de um conjunto que devemos buscar para contribuir para um Brasil melhor. Quando falamos de um engenheiro trabalhando, há mais 15 outros trabalhadores juntos. Nós precisamos representar bem a categoria e ter condição de discutir com os órgãos do governo e empresas o crescimento do Brasil, propostas para o desenvolvimento tecnológico e para a sociedade brasileira. Nós temos um grande projeto, que é o “Cresce Brasil”, no qual discutimos ciência e tecnologia, meio ambiente, transportes, habitação, educação, entre outros temas. Apresentamos aos governos propostas factíveis, que não têm veia partidária, tem uma veia técnica. É importante que os profissionais e empresas entendam a responsabilidade do Sindicato dos Engenheiros nesse contexto. Estamos de braços abertos para que possamos contribuir com a cidade, o Estado e o País.
Na etapa atual, quais as propostas do “Cresce Brasil” para a recuperação do Brasil?
Nós defendemos, para o Brasil crescer, a retomada das obras paradas, que são dezenas de milhares. Devemos colocar um cronograma de realização. A obra mais cara é a obra parada, todo cidadão sabe disso. Nós entendemos que se quisermos já dar um boom de crescimento devemos ir atrás das obras paradas. Com isso, pode girar tanto a economia quanto o emprego, [criando] oportunidade de trabalho. Apresentamos também, falamos aos prefeitos, aos governadores, ao governo federal, a questão de montar uma área de engenharia de manutenção. Por exemplo, na cidade é criada uma Secretaria de Engenharia de Manutenção, essa cuidaria dos patrimônios públicos, das obras de arte, como pontes e viadutos, das barragens. Não teríamos mais a surpresa de ter que fazer uma manutenção corretiva por ter caído uma ponte. Teríamos condições de fazer manutenção preventiva, gastando muito menos e com muito mais segurança à população.
Como tem sido garantir a representação e atendimento aos engenheiros de forma remota?
Era um desafio, uma novidade. Quando surgiu a pandemia tivemos que deixar o atendimento presencial e discutimos muito como seria o atendimento virtual. Em pouco tempo a equipe do sindicato – comunicação, assessoria, TI, cadastro, todo o nosso pessoal – se prontificou e conseguimos vencer essa barreira. Hoje e já há bastante tempo, nosso atendimento é virtual. Fazemos lives e webinares, discutindo questões importantes, grandes reuniões. Também nossas negociações coletivas são pela internet. Inclusive fizemos agora nossa eleição virtualmente, o que já fazíamos há tempo por dar mais oportunidade de participação aos profissionais.
Obviamente, um sindicato de tecnologia teria esse papel, mas estamos vendo outras entidades voltadas à tecnologia que tiveram mais dificuldade porque não se debruçaram totalmente sobre a questão. Nós acompanhamos a saúde, fizemos a nossa lição de casa, fizemos o nosso papel, cada um de nós tinha que fazer a nossa parte, com distanciamento, uso de máscara e higiene. Acredito que conseguimos dar o exemplo de saúde, participação e respeito a cada cidadão, mostramos que vamos adotar o critério mais seguro. Com isso, conseguimos trazer associados ao sindicato que entendiam a importância da representação, conseguimos ampliar nossos benefícios. Temos previdência privada, planos de saúde, convênios com escolas, cursos oferecidos pelo nosso sindicato. Obviamente, estou aqui falando de força e crescimento, estamos sentindo este ano extremamente difícil, então quero chamar a todos para que, juntos, consigamos arrumar um espaço de crescimento e oportunidades num momento de dificuldades. Podemos contribuir e temos essa responsabilidade para que possamos melhorar a nossa qualidade de vida. Esse é um papel do sindicato, da engenharia e de todos nós, diretores das entidades.
Qual a sua mensagem para este 1º de Maio, Dia Internacional do Trabalhador, de tantas dificuldades?
A minha mensagem é de otimismo. Nós acreditamos que as coisas podem dar certo, que, todos juntos, faremos a diferença. Precisamos pensar, claro, neste momento de dificuldades. Estamos lutando para que o País dê essa quantia necessária (auxílio emergencial de R$ 600,00) aos desempregados para que possam sobreviver e ter um mínimo de dignidade. Vamos correr para que consigamos trazer emprego, qualidade de vida, tecnologia e solidariedade. Que nós tenhamos aprendido com essa pandemia que devemos ser mais solidários, devemos estar mais ao lado daqueles que precisam. Vamos acreditar que, apesar de tudo, é possível que façamos um Brasil verdadeiramente humano.
Conheça Murilo Pinheiro
Engenheiro eletricista, eleito presidente do SEESP pela primeira vez em 2001 e reconduzido ao cargo desde então, Murilo Pinheiro vem trabalhando pelo crescimento da entidade em número de associados, que já passam dos 60 mil, na capacidade de negociação com as empresas e na inserção política e institucional do sindicato. Sob sua gestão, foram aprimorados o sistema de prestação de serviços aos filiados e a estrutura da organização, com a modernização da sede em São Paulo e aquisições no interior do Estado.
No comando da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE) desde 2004, idealizou o projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, que se tornou o grande instrumento de mobilização da categoria pelo crescimento econômico com inclusão social e de forma sustentável. Potencializando essa atuação, defende a bandeira da Engenharia Unida, que pressupõe a atuação coesa dos profissionais e suas entidades representativas em prol da retomada do desenvolvimento.
Liderança reconhecida da engenharia nacional, Murilo tem se destacado pela atuação em defesa das grandes batalhas da categoria, entre elas a luta pela implantação da carreira pública de Estado nos municípios, estados, Distrito Federal e União. Outra pauta permanente na qual o dirigente tem sido fundamental é a defesa do salário mínimo profissional, conforme a Lei 4.950-A/66.
Na luta pela valorização profissional, liderou a criação da Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados (CNTU), da qual é presidente.
Foi ainda conselheiro e diretor do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo (Crea-SP), presidente da Associação dos Engenheiros da Companhia Energética de São Paulo (Cesp), bem como presidente do Fórum Estadual das Associações de Engenheiros das Empresas no Estado de São Paulo.
Confira os integrantes da diretoria eleita e programa de trabalho
>> Diretoria eleita gestão 2022-2025
Imagem do destaque na matéria – Arte: Eliel Almeida/Foto: Beatriz Arruda/Ilustração: Maringoni
Assista à íntegra da entrevista
Contamos com a colaboração da sua Gestão para luta de recomposição do quadro técnico de engenheiros da Prefeitura Municipal de São Paulo.