Gley Rosa
O Brasil, um país de clima tropical, estabeleceu, corretamente, para preservação dos ocupantes dos veículos contra a forte incidência da luz solar, em seu Código de Trânsito Brasileiro, a liberação para o uso de películas protetoras nos vidros dos veículos. A regra fixa limites de segurança e critérios de transmissão luminosa mínima que garantam dirigibilidade sem riscos ao motorista e demais ocupantes.
Conforme a atual legislação, em particular a Resolução Contran 254/2007, a transmissão luminosa não poderá ser inferior a 75% para os vidros incolores do para-brisa, 70% para os laterais dianteiros e 28% para os traseiros.
A extrema violência a que estamos expostos nos dias de hoje, com sequestros relâmpagos e assaltos à mão armada em semáforos, fez com que os assustados motoristas adotassem a prática de instalar películas cada vez menos transparentes, em desacordo com a citada legislação.
Com essa atitude incorreta, o cidadão comum tenta se proteger da falta de segurança que assola nosso país. Aqueles que fazem a fiscalização do trânsito, por sua vez, passam a aceitar tacitamente os carros com vidros frontais tão escuros que tornam impossível identificar quem está dirigindo e se o faz de maneira adequada.
Porém, essa permissividade tem causado diversos problemas e riscos de acidentes graves, muitas vezes fatais. Vejamos:
• o pedestre, ao atravessar na faixa de segurança, não sabe se foi visto pelo motorista e se ele vai lhe permitir a passagem;
• na maioria dos casos, o motorista dirige falando ao celular por se sentir livre da fiscalização;
• policiais reclamam constantemente do risco de serem surpreendidos por meliantes camuflados pelas películas escuras.
Diante desse quadro, é preciso ter em mente dois fatores. Em primeiro lugar, não podemos nos conformar com a violência que se torna cada dia mais rotineira, especialmente nas grandes capitais. Dito isso, é imperativo que os critérios técnicos estabelecidos para o trânsito, previstos em legislação específica, sejam cumpridos e fiscalizados. Caso contrário, dado o risco de acidentes e casos fatais, tornaremos as ruas ainda mais perigosas para motoristas e pedestres.
Gley Rosa é diretor do SEESP