Dando continuidade ao ciclo de encontros “A engenharia e a cidade”, promovido pelo SEESP, a entidade recebeu no dia 10 de setembro o candidato pelo PMN (Partido da Mobilização Nacional) à Prefeitura da Capital, Ruy Renato Reichmann. Na oportunidade, ele apresentou o que considera as “soluções simples” que a cidade precisa, em contraponto às grandes obras, “em geral eleitoreiras”.
Defendeu, por exemplo, que se façam convênios entre a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) e as rádios que dispõem de helicópteros com repórteres dando informações sobre o trânsito para auxiliar na fluidez dos veículos. Ainda em relação à empresa municipal, Reichmann propõe que haja uma revisão de sua atuação: “Mais engenharia, menos multa”, resumiu.
O candidato do PMN apresentou como seu principal projeto para a administração municipal a utilização de um instrumento que favoreça o desenvolvimento socioeconômico das comunidades carentes paulistanas. “A idéia é, na avaliação das concorrências, oferecer deságio às empresas que contratarem produtos e serviços no comércio local. Isso faz o dinheiro circular na comunidade e gera empregos”, explicou.
Outro tema tratado por ele foi a necessidade de descentralizar a gestão para buscar soluções junto à população e de “profissionalizar” a máquina pública. “A partir do segundo escalão, os funcionários são de Estado e não de governo”, disse. Um dos problemas a se resolver nesse campo seria quanto aos salários pagos ao funcionalismo, que Reichmann classificou como “patéticos”. “É preciso tornar a carreira atraente para os jovens, a exemplo do que ocorre nos Estados Unidos”, salientou.
A grande prioridade para o candidato seria a educação. “Uma criança fora da sala de aula é um problema que se projeta exponencialmente”, afirmou. Assim, ele propõe aumentar os recursos públicos municipais destinados ao setor e buscar mais verbas junto à iniciativa privada.
Governança comunista
No dia 16 de setembro, foi a vez de o candidato do PCB (Partido Comunista Brasileiro), Edmilson Costa, apresentar suas propostas para a Capital. Segundo ele, sua plataforma de governo está baseada no programa nacional que seu partido desenhou, a ser adaptado à realidade de cada cidade. “Nós procuramos partir dos princípios da governança comunista e do poder popular para tratar das questões específicas da Capital”, explicou.
Para o candidato, o maior problema paulistano é o trânsito, decorrente da privatização do transporte público e da ênfase no individual. Nesse campo, a proposta é acabar com os subsídios da Prefeitura às empresas particulares de ônibus, reestatizar o serviço e reduzir a tarifa gradativamente até chegar a zero. Além disso, ele defende jornada de seis horas para os motoristas e mudança na matriz, introduzindo os VLTs (Veículos Leves sobre Trilhos), menos poluentes.
Uma tarefa importante, conforme Costa, é “resgatar o fato de que a cidade é o espaço público”. Para isso, uma medida será desapropriar os imóveis abandonados existentes na região central para transformá-los em habitações de interesse social, assim como os terrenos vazios, que serão parques, jardins e praças. “São Paulo cresceu de maneira desagregadora, expulsando a população mais pobre para os bairros distantes do centro. A cidade foi privatizada e os equipamentos sociais, terceirizados”, descreveu.
Para a saúde, a idéia é tornar o SUS (Sistema Único de Saúde) eficaz e criar a figura dos médicos de família, que teriam função sobretudo na medicina preventiva, reduzindo a demanda para os postos, hospitais gerais e serviços especializados.
Na área da educação, Costa quer concentrar esforços na infantil e fundamental, que diz respeito ao município, implantando o período integral e garantindo qualidade no ensino. Para tanto, segundo ele, será necessário recuperar os ganhos dos professores, hoje “indignos”. “Precisamos de uma política de valorização, em que o prefeito negocie com o sindicato a melhoria gradativa dos salários.” Na sua concepção, também será necessário destinar mais recursos a esse setor. “Um CEU (Centro Educacional Unificado) custa R$ 17 milhões. São Paulo gasta com o serviço da dívida R$ 2 bilhões por ano. Só com a renegociação, reduzindo isso pela metade, daria para fazer dezenas de CEUs”, calcula.
Outra proposta é o orçamento popular, diferente do já conhecido participativo, que daria mais autonomia à sociedade para eleger as prioridades.
Rita Casaro