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Brasil Inteligente – Um projeto para o País completar sua Independência em 2022

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Soraya Misleh e Rosângela Ribeiro Gil

A CNTU (Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados) realizou, em 24 de maio, sua 4ª Jornada da Campanha Brasil Inteligente, no auditório do SEESP, na Capital paulista. No ensejo, além de apresentar o projeto “Brasil 2022”, lançou a segunda edição da revista Brasil Inteligente. A primeira iniciativa propõe o enfrentamento de temas cruciais para que, no ano do bicentenário da Independência, alcance-se País desenvolvido, mais justo e inclusivo. À abertura, Murilo Celso de Campos Pinheiro, presidente da entidade – que também está à frente do SEESP e da FNE (Federação Nacional dos Engenheiros) –, destacou o engajamento dos profissionais liberais de nível universitário na discussão das principais questões nacionais.

O deputado federal Arnaldo Jardim (PPS-SP) parabenizou a CNTU por propor essa reflexão, ao lançar esse “desafiador convite de discutir um projeto e ter a sabedoria de usar a data de referência de 2022, como algo simbólico e marcante de uma emancipação nossa”. O parlamentar enfatizou ainda o acerto dos temas escolhidos pela entidade para a elaboração, nos próximos dez anos, desse projeto. São eles: sistema nacional de educação continuada dos profissionais universitários; qualidade na saúde; uso racional de medicamentos; reabilitação bucal para inclusão social; mobilidade urbana; alimentação saudável, contra o uso abusivo de agrotóxicos; implantação da internet pública; e mais ciência, tecnologia e inovação na Amazônia.

Allen Habert, diretor de Articulação Nacional da CNTU, lembrou várias campanhas que mobilizaram a sociedade brasileira e proporcionaram grandes saltos no desenvolvimento, como “O petróleo é nosso!”, em 1947, que culminou na criação da Petrobras, em 3 de outubro de 1953, e “Diretas-já!”, em 1984. Já no século XXI, ele inscreve como grandes marcos o projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, lançado em 2006 pela FNE, e a campanha “Brasil Inteligente”, da CNTU, apresentada em 2012.

Sobre o projeto “Brasil 2022”, Habert informou que sua pretensão é ajudar a completar a Independência nacional, iniciada em 1822. A ideia, ressaltou ele, é “horizontalizar o conhecimento para todos os brasileiros, para todos os 12 milhões de profissionais universitários. Essa virada que estamos propondo para 2022 é totalmente viável, podemos ser os criadores desse futuro. Uma sociedade do conhecimento para poder acelerar, turbinar o desenvolvimento do País”.

Entre os que prestigiaram a abertura da jornada, ainda, o vereador paulistano Gilberto Natalini (PV), os presidentes da FIO (Federação Interestadual dos Odontologistas), da Fenam (Federação Nacional dos Médicos) e do Sindicato dos Nutricionistas no Estado de Pernambuco, respectivamente Welington Moreira Mello, Geraldo Ferreira Filho e Zaida Maria de Albuquerque Mello Diniz, além do vice-presidente da Fenafar (Federação Nacional dos Farmacêuticos), Rilke Novato Públio, e do diretor do Sindicato dos Economistas de São Paulo, Claudio Costa Manso.

 

Emprego e renda

Na oportunidade, Clemente Ganz Lúcio, diretor técnico do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), proferiu palestra sobre o tema “A Independência já conquistada e a nação por construir”. Segundo ele, o Brasil está em melhores condições que as economias centrais no enfrentamento da crise financeira global, por ter reorientado, a partir de meados da década de 2000, sua economia para o mercado interno – que hoje sustenta 2/3 do seu crescimento. Aproveitando-se, entre outras questões, da demanda que vinha da China, o País elevou suas commodities minerais. “Com isso, garantimos em dez anos quase R$ 400 bilhões de reservas. O mundo está paralisado e nós, em pé. A palavra de ordem do movimento sindical hoje é avançar nas lutas, nas conquistas.”

A despeito disso, na sua concepção, “não fazer nada seria um equívoco histórico. Os países centrais sairão da crise, que nos atingirá de forma dramática.” Para ele, como acelerar as soluções é a ideia do “Brasil Inteligente”.

Nesse projeto, acredita, “a ação é dada essencialmente pela política, cujas prioridades devem ser equacionar as desigualdades e atuar pela educação”. Para tanto, segundo indicou, a concepção de desenvolvimento econômico deve visar gerar emprego e renda. A esse crescimento, na sua ótica, deve ser conferido o atributo da sustentabilidade, ao que é preciso estruturar a capacidade de investimento social e em infraestrutura produtiva nacional, fundamentalmente por parte do Estado. “Isso exige conhecimento, ciência, tecnologia e inovação.” Nessa trajetória, Ganz Lúcio asseverou sobre a necessidade de políticas industriais consistentes. E alertou: “Não faremos mudanças sem pactos sociais que tenham a igualdade e a regulação distributiva como ponto de partida. É essa dinâmica que gera transformações.”

Abordando o tema “As profissões e as perspectivas do trabalho”, Marcio Pochmann, professor da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e presidente da Fundação Perseu Abramo, traçou um cenário do futuro do emprego no Brasil. Levando em conta o número menor de desocupados, hoje entre 4 e 5 milhões, diferente da situação de 15 anos atrás quando se chegou a ter em torno de 11 milhões (15% da mão de obra brasileira à época); além da expansão econômica e da queda da taxa de fecundidade – que está em 1,2 filho por mulher -, ele considerou: “Estamos entrando numa fase excepcional para o mundo do trabalho.”

Essa combinação, segundo Pochmann, pode ser comparada à fase vivida pela Europa e os Estados Unidos no segundo pós-guerra, nos anos 1950 e 1960, quando a economia crescia rapidamente. “Daqui até 2030, teremos um momento de completar a nossa transição demográfica, a população está crescendo menos”, explicou. Segundo ele, a consequente diminuição de pessoas que ingressarão no mercado de trabalho gerará condição favorável para os sindicatos negociarem “não apenas os índices inflacionários, mas a produtividade, em que os salários elevarão sua participação no PIB (Produto Interno Bruto)”.

Além dessas mudanças, o professor citou outras demandadas, como no modelo de educação. “O que temos é ainda projeto baseado na sociedade urbano-industrial, concentrado no tempo de vida das pessoas e entre oito e 16 anos de estudo, com a concepção de capacitar o indivíduo para exercer determinado tipo de trabalho na sociedade”, ressaltou. Enquanto antes o profissional se formava em certa atividade e passava a exercê-la por 30 ou 35 anos, hoje, indicou, “estamos diante de carreiras fluidas, que exigirão conhecimento ao longo da vida”. Ainda conforme Pochmann, esse novo trabalho, imaterial, está associado cada vez mais à tecnologia da informação e a tantas outras que estão sendo incorporadas ao dia a dia. Diante desse cenário, ele foi categórico: “O futuro das profissões combinará a capacidade de crescimento econômico do País e um novo modelo de educação, que não deve ter apenas a ‘funcionalidade’ para o trabalho.”

Ao final do evento, foram empossados cerca de cem novos membros ao Conselho Consultivo da CNTU e realizada a segunda plenária desse fórum. Agora, são 600 integrantes, e a meta é
chegar a mil.

 

Universidade cooperativa

No ensejo, foi ainda apresentado o convênio de cooperação firmado pelo Isitec (Instituto Superior de Inovação e Tecnologia) e a confederação com a SES (Sociedade de Engenharia de Software) e a SDPS (Sociedade para Ciência de Design e Processos). Segundo expresso no acordo, o objetivo é desenvolver atividades de pesquisa, capacitação, inovação e difusão de conhecimentos, entre outros pontos, à formação de Rede de Cooperação entre as entidades conveniadas, além do SEESP, mantenedor do Isitec.

Representando a SES e a SDPS, Fuad Gattaz Sobrinho destacou a importância do convênio para a constituição do que chamou “universidade cooperativa”. Conforme sua fala, é o primeiro termo de cooperação estabelecido em nível nacional com a SDPS. “Essas entidades são reconhecidas nacional e internacionalmente. Sua assinatura é muito importante para a CNTU e o Isitec. A dimensão desse convênio está no centro e na essência do projeto do instituto, cuja primeira turma de graduação em engenharia de inovação terá início em março de 2014”, concluiu o diretor-geral do Isitec, Antonio Octaviano.

A 4ª Jornada da Campanha Brasil Inteligente encerrou-se com a apresentação do monólogo “Ghandi, um líder servidor”, por João Signorelli – um dos empossados ao Conselho
Consultivo da CNTU.

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