Criado em 21 de setembro de 1934, em suas primeiras 4,5 décadas de existência, o sindicato tinha atuação bastante restrita. A virada se deu somente nos anos 1980, com o Movimento Renovação. Voltando-se a sua ação precípua de defesa dos direitos da categoria, o SEESP aproximou a entidade de sua base, fortalecendo sua representatividade. Como instrumento fundamental para tanto, lançou seu veículo de comunicação. Chegava, assim, em dezembro de 1980, às mãos dos engenheiros a primeira edição do Jornal do Sindicato dos Engenheiros (Jose) – na realidade, uma versão ainda experimental, de número zero.
Sob a presidência de Horácio Ortiz (gestão 1980-1983), o SEESP lançava ali as bases de sua imprensa sindical e começava a registrar uma rica história em prol dos seus representados, do Estado e do País. Quem conta é seu sucessor, Antonio Octaviano (1983-1986), hoje diretor de extensão do Instituto Superior de Inovação e Tecnologia (Isitec): “Até então, praticamente inexistia qualquer comunicação externa, o que de certa forma correspondia à realidade e situação do sindicato à época, que tinha reduzido corpo de associados e até 1979 funcionava em apenas duas salas.” Com a implantação do Departamento de Imprensa, conforme destaca ele, foi feita consulta aos filiados sobre o nome a ser dado à publicação, batizada assim de Jose. Logo à edição nº 1, em janeiro/fevereiro de 1981, o anúncio de que viria para ficar, e com uma tiragem ousada: 10 mil exemplares. Com isso, ampliou-se a comunicação com as empresas em que atuavam os representados pelo SEESP e com que se buscava negociação, assim como a participação da entidade na vida do engenheiro. “O jornal foi importante para dar voz e visibilidade ao sindicato e as suas ações.” Octaviano observa ainda que o Jose permitiu estabelecer um relacionamento maior para além da capital paulista. “À comissão de interiorização, a comunicação foi fundamental.” É da mesma época o surgimento dos boletins de campanhas salariais – cujos primeiros acordos do SEESP se deram na gestão Ortiz (em 1981, com o setor imobiliário, e no ano seguinte, com a estatal Companhia Energética de São Paulo – Cesp).
Com seis edições regulares e duas especiais, em agosto daquele ano, o Jose era, como assinalava texto na edição do mês (nº 5), um projeto “ainda em construção”. Chamava, assim, à participação da categoria, enviando suas críticas e sugestões, bem como respondendo a enquetes – uma delas, encaminhada a 3.500 associados no ensejo, apontaria que 80% consideravam a publicação “uma boa iniciativa do sindicato” e 89% classificaram a edição como ótima ou boa (resultado publicado no Jose nº 11, de abril de 1982). Uma das edições especiais revelava as propostas do SEESP à I Conferência Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat), que se realizaria entre 21 e 23 de agosto de 1981. Temas como a necessidade de políticas nacionais de saneamento e energética, transporte eficiente e tecnologia a serviço da população eram apresentados à categoria para debate, sinalizando o que seria marca do sindicato: atuar como entidade-cidadã.
Evolução
Ainda sem periodicidade garantida, a publicação tem sua primeira reformulação gráfica e editorial anunciada em agosto de 1985, na edição nº 32. Sofrendo nova transformação quando a entidade passa a ser comandada por Allen Habert (1986-1989), inicialmente em sua logomarca, o Jose mudaria de nome em outubro de 1987. A partir de então, assumiria a insígnia atual: Jornal do Engenheiro.
De lá para cá, foram vários projetos gráficos e editoriais – e um interregno em que se somou a Revista do Engenheiro, bimestral, no ano de 1998. O visual atual, com introdução de seções fixas e layout mais arejado, é apresentado em agosto de 2000 e a periodicidade – já regular – passa de mensal para quinzenal no ano seguinte. Também foi formado o Conselho Editorial, que discute e define as pautas. Como destacou sua coordenadora, a diretora do sindicato Maria Célia Ribeiro Sapucahy, em artigo intitulado “Uma coleção de dar orgulho” (edição nº 400 do Jornal do Engenheiro, de 1º a 15 de dezembro de 2011), configura-se “uma admirável coleção que, desde 1980, conta a história do SEESP e da luta da categoria em São Paulo e no Brasil. Também ao longo dessas décadas, foram registrados nas páginas da publicação os debates de relevância social que têm interface com a profissão e as causas democráticas”.
A comunicação do sindicato segue a evolução da área no Brasil. Assim, além da publicação impressa (com tiragem atual de 31 mil exemplares) e de boletins informativos, hoje conta com veiculação de notícias via site do SEESP, boletim semanal informativo eletrônico (SEESP Notícias) e desde 30 de abril de 2012 com o JE na TV (na TV Aberta de São Paulo). Experiências de podcasts (rádios webs) vêm sendo feitas, ampliando o caráter multimídia da imprensa da entidade. Sempre, como acrescenta Sapucahy em seu artigo, seguindo as regras do “bom jornalismo”.
Por Soraya Misleh