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Editorial – Por um mundo de paz e justiça

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O atentado à redação da revista Charlie Hebdo em 7 de janeiro último, que tirou a vida de 12 pessoas, chocou o mundo e trouxe à pauta a luta contra o terrorismo. Na sequência, outras quatro pessoas morreram após serem tomadas como reféns em um mercado judaico e foi morta também uma policial francesa. Não há argumentos de tipo algum que possam justificar os atos cometidos e, no domingo, dia 11, cerca de 1,5 milhão de manifestantes, incluindo chefes de Estado, foram às ruas de Paris para afirmar esse repúdio à violência.  

Contudo, essa não foi a única reação ao acontecido. Após o atentado à publicação satírica, seguiram-se inúmeros ataques a locais de culto muçulmano, inclusive com lançamento de granadas de exercício, conforme divulgado pela imprensa. É uma resposta inadmissível à violência praticada contra os cartunistas da Charlie e ao direito que tinham de manifestar suas opiniões, pois não se pode atribuir a responsabilidade pelas mortes a toda a comunidade islâmica e muito menos ao conjunto da população árabe. Mais que lamentar o ocorrido, é preciso que se tomem medidas concretas para se construir um mundo de paz. Isso certamente não será alcançado pela xenofobia, pelo racismo e pela intolerância, tristemente crescentes na Europa e estimulados por forças políticas de extrema direita. 

É necessário mudar uma realidade global que faz vítimas em toda parte sob as mais diversas motivações e circunstâncias. Na mesma semana em que aconteceu a tragédia em Paris, o grupo extremista Boko Haram atacou a cidade de Baga, na Nigéria, deixando, conforme relatos, mais de 2 mil mortos, ou, segundo fontes oficiais, 150 vítimas fatais. O caso não teve a mesma repercussão midiática, pois, conforme afirmou Wonder Guchu, do jornal The Namibian, em editorial sobre o tema, “é solitário morrer na África”. Mas nem por isso deixa de merecer a mesma solidariedade.  Ainda no continente, em 2014, o ebola fez milhares de vítimas. Se não se pode acusar o vírus de escolher seus alvos, certamente se pode apontar um cenário de pobreza e precariedade como o ideal para tal epidemia.

Embora felizmente não haja terrorismo no Brasil, o País também não vive uma cultura de paz. Por exemplo, os números apurados pelo Mapa da Violência no Brasil mostram que em 2012 registraram-se 56.337 assassinatos no País, sendo quase metade das vítimas jovens e negros. Há ainda os altos índices de violência contra a mulher e os assustadores 50 mil feminicídios cometidos entre 2001 e 2011, como aponta levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Se a meta é perseguir a paz para todos, o caminho passa pela luta por justiça social, igualdade e solidariedade, num mundo em que cada vez mais impera a lógica fria do capital e do cada um por si. Na contramão dessa visão hegemônica, é urgente que haja distribuição da riqueza e dos recursos naturais.  Os líderes europeus que marcharam em Paris contra o terrorismo têm, se quiserem, papel central nessa empreitada.


Eng. Murilo Celso de Campos Pinheiro
Presidente

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