Edilson Reis
Para criar um marco nas relações institucionais e incentivar investimentos em inovação, foi sancionada em dezembro de 2004 e regulamentada em 2005 a Lei nº 10.973, conhecida como Lei de Inovação, que estabelece medidas de incentivo à inovação e à pesquisa científica e tecnológica. Estimula também a formação de ambientes especializados e cooperativos de inovação, inclusive, ações de empreendedorismo tecnológico, incubadoras e parques tecnológicos.
Com o mesmo objetivo, a Lei nº 11.196 e o Decreto nº 5.798/2006 regulamentam incentivos às atividades de pesquisa e desenvolvimento de inovação tecnológica e incorporam o conceito de inovação com base no Manual de Oslo. Esses incentivos e a implantação dos parques tecnológicos criam uma sinergia na área do conhecimento, que pode fazer do Brasil um candidato ao berço mundial da inovação.
Nesse campo, poderíamos estar bem à frente da China e da Coreia, países que cada vez mais investem nesse segmento. Como descreve o engenheiro consultor em processos de inovação Valter Pieracciani, em seu livro “Usina de inovações”, o Brasil já foi forte em inovação. Décadas atrás, investia muito mais em relação ao seu PIB em pesquisa e desenvolvimento do que a China. A produtividade da nossa economia ficou praticamente estagnada no período de 1980 a 2010, os nossos investimentos em P & D foram suprimidos, pela perda de foco, atribuída à vocação de que o Brasil, celeiro do mundo, teria que produzir alimentos e exportar grãos. Ledo engano. O País sofreu e ainda sofrerá graves consequências se não for feita uma rápida recuperação de sua posição de nação inovadora.
Precisamos melhorar nossa relação do investimento x PIB, aumentar o número de requerimentos de patentes, indicador que tem relação direta com isso. A inovação é um processo que exige essa contrapartida.
No campo educacional, carecemos ainda de mudanças estruturais no ensino para preparar o engenheiro aos desafios do século XXI. Afinal, numa economia cada vez mais globalizada e competitiva, nenhuma empresa atingirá uma boa produtividade e qualidade se não tiver em seu quadro pessoal técnico qualificado, motivado, capaz e criativo para inovar.
Pensando nesses desafios, a exemplo do exitoso projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, iniciativa da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE) que conta com a adesão do SEESP, novamente esse sindicato assume uma agenda propositiva para discussão de projetos em prol do desenvolvimento nacional.
Assim, identificou uma oportunidade e ofereceu à sociedade outro projeto inovador: o Instituto Superior de Inovação e tecnologia (Isitec), que pretende revolucionar o sistema educacional na formação do engenheiro.
Destaque à visão de futuro da diretoria do SEESP, sob a liderança do presidente da entidade, Murilo Pinheiro, que transformou um sonho em realidade, estruturando um curso de Engenharia de Inovação, com currículo diferenciado, para abrigar alunos potencialmente criativos e formar engenheiros com visão multidisciplinar capazes de estruturar soluções para os desafios da inovação. O Isitec iniciou no dia 23 de fevereiro último o ano letivo, com aula inaugural proferida pelo ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aldo Rebelo.
Colocado o “ovo de pé”, é preciso mantê-lo. Cabe aos diretores, delegados sindicais e associados ao SEESP – entidade mantenedora do instituto – buscarem parcerias e convênios de cooperação técnica para promoção de cursos de pós-graduação, de educação continuada etc.
Edilson Reis é engenheiro especialista em transporte, diretor executivo do SEESP, coordenador do Grupo de Transporte, Trânsito e Mobilidade Urbana da entidade e membro dos conselhos Tecnológico e Editorial do sindicato