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Em debate, ligação a seco entre Santos e Guarujá

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       Proposta bastante antiga, a ligação a seco entre as margens do estuário tem sido alvo de debates na Baixada Santista. Anunciada pelo Governo Estadual no primeiro semestre deste ano, a pretensão é construir uma ponte estaiada que ligue Santos e Guarujá, em substituição à balsa que permite a travessia, tema que divide as opiniões na região.
       Conforme explicita José Antônio Marques Almeida, o Jama, diretor do SEESP, a discussão dominante na atualidade é se a conexão entre os municípios deve ser feita dessa forma ou por túnel. A reivindicação é de que a decisão leve em conta a expansão do Porto de Santos.
       Uma das preocupações nesse sentido é que a altura da ponte – sobre o cais – venha a interferir na passagem dos modernos navios. A tendência, segundo Tarcísio Barreto Celestino, presidente do CBT (Comitê Brasileiro de Túneis), é que sejam construídas embarcações cada vez maiores e uma ponte com altura de 70m, como seria a indicação no edital de licitação para o projeto executivo, já impediria a passagem dos atuais – alguns com 76m –, quiçá dos futuros. Ademais, argumenta, com o pré-sal brasileiro, Santos pode ser base de manutenção de plataformas de exploração, muitas das quais superiores a 100m de altura. Na sua ótica, a solução seria promover a travessia via túnel submerso. De acordo com ele, seu comprimento seria de 600 a 700m, e o tempo de percurso, considerando-se três faixas, seria de 30 segundos. Sendo construído respeitando-se o calado máximo necessário à navegação – hoje entre 12 e 14m e que não pode ser ampliado de modo ilimitado –, não interferiria nas atividades e expansão do porto.
       A despeito disso, a proposta do Governo desconsidera essa alternativa, sob a justificativa de que a construção da ponte estaiada requer menor investimento e é mais viável, como informa a assessoria de imprensa da Secretaria dos Transportes. O projeto executivo a confirmar ou não esses dados já foi contratado. Em discurso feito por ocasião do lançamento de uma obra viária na Baixada Santista, em junho último, reproduzido no site oficial da administração estadual, o governador José Serra antecipou que esse empreendimento, a ser feito em parceria com a iniciativa privada, deve envolver algo próximo de R$ 500 milhões. “Falam que o túnel custaria cinco vezes mais, mas nunca chamaram o CBT para discutir isso. Nossa estimativa é que ficaria em torno de US$ 250 milhões. E essa é uma obra que se paga em algo como 15 anos, em uma concessão de 30 anos”, assegura Barreto.
       Entusiasta do projeto do Estado, o prefeito de Santos, João Paulo Tavares Papa, salienta que os efeitos sobre o viário estão sendo estudados por uma equipe técnica da Prefeitura. Pois como tal proposta ainda deve sofrer os ajustes necessários, é importante apontar as soluções que visem atender a logística, compatibilizar os espaços e minimizar os eventuais transtornos.

Visão de futuro
     
O presidente da Codesp (Companhia Docas do Estado de São Paulo), José Roberto Serra, ratifica que o projeto deve ser contemplado na sua plenitude, o que inclui levar em consideração o desenvolvimento do porto. Conforme ele, a autoridade portuária está contratando dois projetos básicos relativos a essa opção e à por túnel para fechar sua proposta técnica no curto prazo. Ainda de acordo com sua preleção, em reunião no CAP (Conselho de Autoridade Portuária), o representante do Estado, Frederico Bussinger, pronunciou-se que nenhuma etapa será desenvolvida sem que sejam ouvidos todos os agentes.
       José Roberto Bernasconi, presidente do Sinaenco (Sindicato Nacional da Arquitetura e Engenharia Consultiva), defende que também o Governo do Estado deveria tomar a iniciativa de realizar os dois projetos básicos, até para permitir comparação entre as soluções apresentadas. Juntamente com a Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Santos, essa entidade realizou um seminário em 3 de agosto último para debater as alternativas colocadas. Ambas divulgaram declaração pública em que concluem que a ligação a seco entre Santos e Guarujá é vital para o desenvolvimento econômico da região. E tem também grande relevância para a logística do comércio externo do País. “Para se ter uma ideia de sua importância, bastam dois números impressionantes: o de veículos leves transportados entre as duas cidades pelo serviço de balsas – o mais movimentado do mundo, ultrapassando a marca de 7 milhões de embarques por ano – e o de caminhões que se deslocam com cargas diretamente até a margem esquerda ou entre as duas margens do porto pela Rodovia Cônego Domenico Rangoni, que já bate a marca anual de 1,5 milhão (...). Números esses que tendem a ser multiplicados expressivamente pela conclusão do trecho sul do rodoanel, pela exploração do petróleo e do gás na Bacia de Santos e por projetos de expansão portuária em andamento”, estimam as organizações em sua declaração pública.
       Diante de sua importância, Jama manifesta o temor de que, criado impasse, mais uma vez o projeto de ligação a seco não saia do papel. Na tentativa de evitar que isso ocorra, ele acredita que o SEESP pode contribuir na mediação técnico-política em busca da melhor solução.



Soraya Misleh
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