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26/10/2022

“Não existe motivo para privatizar a Sabesp”, enfatiza diretora do SEESP

Soraya Misleh – Comunicação SEESP

 

A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) é referência internacional, lucrativa e eficiente. Não há qualquer justificativa para privatizá-la, pelo contrário. É o que demonstrou a engenheira Fátima Blockwitz, presidente da Delegacia Sindical do SEESP em Sorocaba, no programa “Telescópio” da TVitapê, de Itapetininga (SP), nesta terça-feira (25/10).

 

Fátima Blockwitz no programa "Telescópio": defesa da Sabesp, referência internacional e patrimônio público. Foto: Reprodução Youtube 

Desestatizar ou não a companhia está em pauta na campanha eleitoral para o Governo do Estado de São Paulo. Blockwitz, que trabalha como engenheira da empresa há 28 anos, é categórica: “Não é assunto a ser discutido em situação nenhuma, considerando que isso vai na contramão de tudo o que tem acontecido no mundo com as privatizações. A Sabesp é uma empresa muito importante, patrimônio de São Paulo que a gente defende com unhas e dentes, não por ser funcionária, mas pelo que representa para a saúde pública no Estado.”

 

Leia aqui a Palavra do Murilo sobre essa luta da engenharia

 

Ela lembrou que a Resolução A64/292 da Organização das Nações Unidas (ONU) declara “o acesso à água limpa e segura e o saneamento básico como direitos humanos fundamentais”.

 

A engenheira trouxe informações que revelam o alinhamento da empresa pública paulista com esse princípio: “A Sabesp tem uma tarifa social [aplicável para desempregados e famílias com renda até três salários mínimos], em que as pessoas pagam um valor simbólico, totalmente subsidiada pela companhia. Na pandemia de Covid-19, numa parceria com o Estado de São Paulo, não cortou a água. Se você tem uma empresa privatizada, ela não tem necessariamente de atender uma exigência do governador. Uma empresa privada quer lucro, a Sabesp quer atender a população.”

 

Subsídio cruzado

 

Outra mostra de que esse é o objetivo da companhia é o mecanismo do subsídio cruzado, como explicou a engenheira: “A receita operacional da empresa é de R$ 12 bilhões por ano. A capacidade de investimento em 2021 foi de R$ 6 bilhões, esse dinheiro cria condições para que invista em cidades que não dão lucro. A capital de São Paulo e a Baixada Santista são os dois pontos onde a Sabesp mais fatura, inclusive porque tem uma infraestrutura já montada ali. Esse dinheiro subsidia o investimento no interior do Estado.”

 

Para ilustrar, ela contou sua experiência: “Assim que entrei na Sabesp, em 1994, fui mandada a Guapiara para fazer o sistema de tratamento de esgoto. O Rio São José passa no meio da cidade, as crianças brincavam no meio daquela água suja. O esgoto era lançado diretamente no rio, daí fomos fazer essa obra, que incluiu seis estações elevatórias e tanques em concreto armado. Se a Sabesp puser no papel, duvido que tenha retornado o investimento. Uma empresa privada não vai fazer isso.” Guapiara tem, segundo o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 17.998 habitantes.

 

Maior empresa de saneamento da América Latina e terceira maior do mundo, destacou a engenheira, a Sabesp atende 80% do Estado de São Paulo – 28,4 milhões de pessoas com abastecimento de água e 25,2 milhões com coleta de esgoto. “A universalização é sua meta.”

 

Tendência global

 

Blockwitz apontou que 270 cidades no mundo reestatizaram o saneamento, entre elas Nova York, Paris, Barcelona e Berlim. “Falar em privatizar a Sabesp é seguir na contramão dessa tendência global”, ratificou. No Brasil também há exemplos nessa direção. Um deles foi lembrado pela engenheira: a cidade paulista de Itu.

 

Confira aqui reportagem sobre casos de reestatização da água no Brasil e no mundo

 

Ainda como mostra do fracasso da privatização no setor, ela apresentou a situação de Manaus, privatizada no ano 2000, que se encontra entre as 100 maiores cidades do Brasil e na 89ª. colocação em relação às condições do saneamento. “Está muito aquém da universalização e tem a tarifa mais cara da região amazônica. A tendência de que o Estado tenha que assumir é muito grande.” Outro exemplo malsucedido citado por ela é a cidade paulista de Itu, em que o saneamento acabou por voltar às mãos do poder público.

 

E concluiu: “Por que privatizar a Sabesp? O que tem de errado? Não tem motivo. É a galinha dos ovos de ouro do Estado e nosso patrimônio.”

 

Confira a participação de Fátima Blockwitz no programa “Telescópio” na íntegra:

 

 

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