A FEDERAÇÃO Nacional dos Engenheiros (FNE) manifesta sua posição contrária à proposta aventada pelo Governo Federal de importar engenheiros estrangeiros para trabalhar no Brasil. “A medida, como solução à falta de quadros técnicos nas prefeituras brasileiras, constitui um equívoco e não se justifica”, afirma o presidente da entidade, Murilo Celso de Campos Pinheiro. Segundo ele, é preciso aproveitar a mão de obra qualificada disponível no País, sendo necessário que os municípios realizem concursos públicos oferecendo remuneração justa para contratar os profissionais necessários. Essa, lembra o sindicalista, deve ter como referência o piso da categoria definido pela Lei 4.950-A/66, que equivale a nove salários mínimos, ou seja, atualmente, R$ 6.102,00 para jornada de oito horas diárias. “A importação de mão de obra se limitaria a resolver o problema de forma paliativa e não nos deixaria nenhum legado. A nossa proposta é bem diferente e diz respeito à mudança de paradigmas, colocando a questão tecnológica como prioridade”, completa Pinheiro.
Foto: Beatriz Arruda/SEESP
Murilo Pinheiro: "A medida, como solução à falta de quadros técnicos nas prefeituras,
constitui um equívoco."
O presidente da FNE ressalta ainda que desde 2006 a FNE vem alertando para a necessidade de se garantir a oferta adequada de mão de obra qualificada, apta a operar um novo sistema de desenvolvimento. Com a retomada do crescimento registrada em 2007, as empresas passaram a acusar a escassez desses profissionais em setores como construção civil, que teve forte reaquecimento nos últimos anos, naval, revivido mais recentemente, e petróleo e gás, no qual as perspectivas são muito otimistas. Longe de ser um problema a se lamentar, pondera ele, a atual demanda por engenheiros é um desafio que a sociedade brasileira deve enfrentar com otimismo e determinação. “É preciso recuperar esse prejuízo, lançando mão de todas as possibilidades: tanto requalificar os profissionais disponíveis, mas à margem do mercado, quanto garantir que mais jovens ingressem nos cursos voltados às áreas tecnológicas, assegurando a formação de qualidade”, acredita Pinheiro.
O Brasil forma cerca de 42 mil engenheiros por ano, segundo o censo de 2011 do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). O dado é positivo em relação a 2006 quando graduavam-se apenas 30 mil por ano, mas ainda insuficiente. “Consideramos necessário chegarem ao mercado ao menos 60 mil engenheiros por ano, diante da perspectiva de recuperação da economia, apesar do atual quadro de baixo crescimento”.
Pensando nisso, a FNE apoia a criação do Instituto Superior de Inovação Tecnológica (Isitec), uma iniciativa do Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo (Seesp), que deve receber a primeira turma de graduação, no curso de Engenharia de Inovação, em 2014. A proposta é graduar profissionais com sólida formação básica, educados numa cultura de inovação, aptos a buscar soluções aos desafios do setor produtivo para atuar nos mais diversos segmentos da economia.
Imprensa – SEESP