O Instituto Superior de Inovação e Tecnologia (Isitec) realizou, no dia 11 de setembro último, na Capital paulista, a segunda edição do Seminário e Feira da Inovação, cujo tema, este ano, foi "A inovação como instrumento da sustentabilidade". Compuseram a mesa de abertura, no período da manhã, o presidente do SEESP, Murilo Celso de Campos Pinheiro, o secretário municipal do Desenvolvimento, Trabalho e Empreendedorismo (SDTE) de São Paulo, Artur Henrique, o coordenador do Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) Mantiqueira, João de Oliveira Jr, e o professor Adalberto Fazzio, subsecretário de Coordenação das Unidades de Pesquisa (SCUP) do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
Fotos: Beatriz Arruda
À mesa de abertura, o presidente do SEESP, Murilo Pinheiro, destacou
compromisso do sindicato com o saber
Fazzio agradeceu a oportunidade de participar do evento organizado por um projeto diferenciado e pioneiro no ensino de engenharia, referindo-se ao Isitec, "focado na área de inovação e tecnologia”. Segundo ele, apesar da situação econômica por que passa o País, o setor de inovação não pode perder vigor, “porque na hora em que sairmos da crise temos de estar preparados e no rumo certo”.
O professor afirmou que eventos como o do Isitec contribuem ao desenvolvimento da inovação no Brasil, pois estimulam os estudantes a conhecerem mais sobre a área de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I). O secretário Henrique reforçou a importância de feiras e seminários com essa proposta. Para ele, o País exportador de matéria-prima, como minério de ferro, soja e outros produtos agrícolas, deve investir cada vez mais em C&T para agregar mais valor ao que produz. Nesse sentido, ele coloca o Isitec como uma importante frente nessa perspectiva.
Ele falou, ainda, das iniciativas da prefeitura paulistana a favor da C&T. “As semanas de tecnologia eram voltadas a públicos internos e específicos, isso mudou a partir de 2014 quando resolvemos levá-las às escolas municipais”, pontuou. E acrescentou: “O nosso sonho é implementar o parque tecnológico da Zona Leste.”
Já Oliveira apresentou o projeto Educar para Inovar e a importância de investir e levar a base do conhecimento em inovação, principalmente para crianças e adolescentes. Segundo ele, a ideia é gerar produtos que simulem o desenvolvimento tecnológico, existente nos laboratórios das instituições de pesquisa.
Pinheiro agradeceu aos presentes e reafirmou o compromisso e responsabilidade do sindicato – mantenedor do Isitec – com questões relacionadas à inovação e tecnologia. “Temos a responsabilidade de avançar e democratizar o conhecimento e o saber.”
Nanotecnologia
Na sequência, o professor Fazzio [foto ao lado] fez a primeira palestra do dia sobre "Nanotecnologia como plataforma para a inovação tecnológica". O Brasil, segundo dados apresentados por Fazzio, possui mais de 100 mil pesquisadores que trabalham nessa área, é a maior comunidade de C&T qualificada da América Latina e é responsável por 2,2% das publicações científicas mundiais. Todavia, ainda são poucas as empresas, em território nacional, em torno de 200, que estão envolvidas em pesquisas de nanotecnologia e temos apenas 0,2% do total de patentes mundiais. Para ele, a inovação será, cada vez mais, o grande diferencial de desenvolvimento de um país.
Segundo Fazzio, é preciso que as pesquisas sejam orientadas para as necessidades do País e que o setor privado participe intensivamente dessas atividades, sendo este o foco de orientação do MCTI para as Unidades de Pesquisa. Ele comparou que enquanto nos Estados Unidos mais de 90% das missões em C&T são orientadas, no Brasil esse índice alcança apenas 30%, envolvendo os ministérios da Ciência e Tecnologia, da Educação, da Agricultura e da Saúde e órgãos como os institutos de Geografia e Estatística (IBGE) e de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). Ele declarou que “precisamos entender que o que é bom para o Brasil é bom para o Brasil”, mudando a famosa frase do embaixador Juracy Magalhães, em Washington (EUA), depois do golpe civil-militar de 1964, de que “o que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”.
O professor informou, ainda, que as áreas que mais desenvolvem pesquisas em nano, no País, são energia (captação), baterias, toxicologia, purificação de água, partículas, células, combustível, entre outras. Ele apresentou um quadro referente ao período 2006 e 2011 sobre a evolução da nanotecnologia no mundo: Índia, China e México aumentaram suas pesquisas na área, respectivamente, em 38%, 29% e 28%, e o Brasil, em 23%.
Escola do Futuro
A professora e coordenadora científica da Escola do Futuro da Universidade de São Paulo (USP), Brasilina Passarelli [foto ao lado], apresentou toda a estrutura e ações da escola que nasceu como um núcleo de pesquisa da instituição, em 1989. “Fomos criados com a preocupação de que as novas tecnologias afetariam profundamente o ensinar e o aprender”, assinalou. No início, lembrou, o núcleo se sustentou com bolsas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), agência do MCTI, mas logo a escola buscou parcerias com governos e iniciativa privada. “O que nos propiciou garantir esses 25 anos de vida”, observou Passarelli.
A escola desenvolve ações e pesquisas com foco nas novas linguagens midiáticas e transmidiáticas. “Trabalhamos com os conteúdos e as potencialidades”, explicou, lembrando que a escola nasceu transdisciplinar, aglutinando as áreas de engenharia, física, comunicação, matemática, arquitetura.
Um dos trabalhos desenvolvidos pela Escola do Futuro alcançou uma dimensão importante socialmente, o AcessaSP, programa de inclusão digital que já fez 70 milhões de atendimentos nos seus 804 postos espalhados em todo o Estado de São Paulo. O programa, inclusive, em 2013, foi premiado pela Fundação Bill & Melinda Gates, concorrendo com 300 candidaturas de 56 países.
Desafios da internet
Finalizando as atividades da parte da manhã do seminário do Isitec, o engenheiro Demi Getschko, considerado um dos pioneiros da Internet no Brasil e que atualmente ocupa o cargo de diretor-presidente do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), falou sobre os desafios da rede mundial de computadores. O profissional observou que já são 27 anos de conexões brasileiras à redes acadêmicas e 26 anos do registro .br.
Getschko observou que os desafios que se colocam para a Internet no Brasil e no mundo são quanto à diversidade cultural, inovação livre, garantia de neutralidade, inimputabilidade da rede, funcionalidade, segurança e estabilidade.
Rosângela Ribeiro Gil
Imprensa SEESP