João Guilherme Vargas Netto*
Depois dizem que eu é que sou belicoso, mas quando Trump anunciou as novas tarifas para importação de aço e alumínio ele é que disse que guerras comerciais são boas e fáceis de ganhar.
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As polarizações internas em grandes países, como os Estados Unidos, são o espelho das polarizações entre países e o mundo caminha, sob a hegemonia neoliberal, para a guerra de todos contra todos.
O Brasil, segundo maior exportador de aço para os Estados Unidos e maior exportador para lá de produtos semifabricados e acabados de alumínio, sofrerá pesadamente com a nova regra tarifária. O risco é de tal ordem que o mero anúncio agressivo de Trump produziu na Bolsa de Valores de São Paulo uma queda de 2 bilhões de reais nos valores dos papéis siderúrgicos (que vinham acumulando ganhos reais) e previsão de maior instabilidade.
A sociedade brasileira, a grande mídia e o próprio “mercado” receberam a notícia passiva e bovinamente, exceto, é óbvio, a especulação bursátil.
O único setor social que, afligido pela perspectiva catastrófica, manifestou-se rápida e consequentemente contra foi o movimento sindical dos trabalhadores.
Na sexta-feira, dia 2 de março, as centrais reconhecidas e as duas grandes confederações de metalúrgicos da Força Sindical e da CUT, reunidas no Dieese, emitiram nota oficial em que afirmam que “se a taxação for confirmada as exportações serão afetadas, com diminuição da produção e, consequentemente, dos empregos no Brasil”.
E em seguida convocaram um ato de protesto nesta segunda-feira, dia 5 de março, no consulado paulista dos Estados Unidos, com a participação de todas as centrais e de todas as organizações metalúrgicas.
Observo que estas iniciativas do movimento sindical, que são defensivas e servem de alerta para as autoridades econômicas brasileiras e para a opinião pública, não mereceram até hoje nenhuma linha de repercussão na grande mídia. Se fosse nos Estados Unidos...
* Consultor sindical